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Lançamento do documentário #euvocêtodasnós: conheça melhor as entrevistadas!

Revisão: Denise Rangel

#euvocêtodasnós teve sua pré-estreia dia 6, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro (FOTOS DO EVENTO). Após o lançamento, além da transmissão no canal televisivo em horários diversos, o documentário está disponível no http://www.futuraplay.org/video/euvocetodasnos-euvocetodasnos/345304/

O filme mostra que a representatividade e o discurso podem se mover, renovar, transformar coletivos e indivíduos, grupos e ideologias diversas, sob um mesmo conceito antes tido como alienado do mundo e isolado dentro da academia.

O mesmo grupo de discussão se une nas ruas – passeatas contra estupros coletivos, a favor de direitos reprodutivos – somando 20 mil mulheres ou mais nas manifestações. A convergência digital se dá, não apenas mais nos bits. O que estava apenas dentro das mentes e expresso de forma a ter feedback limitado agora se faz público e inclui mulheres e homens solidários nas grandes cidades – e também índias, ciberativistas, mulheres que vivem no campo e em quilombos, pessoas que pensam na/em rede e além da rede sobre não apenas em igualdade, mas n/os processos de como tornar este devir ético e inclusivo. Por mim cada entrevistada mereceria um documentário!

O público presente na pré-estreia já demonstrava, de alguma forma, o que o documentário aponta: diversidade, e como ela é importante. Uma plateia equilibrada: homens e mulheres, negros e brancos de várias classes sociais. Professores, engenheiros, cineastas, escritores, makers, programadores, técnicos, profissionais do sexo, hackers – gente que trabalha com ciência, tecnologia, política e arte de todos os gêneros.

Quando vi este auditório senti entusiasmo ímpar – quantas vezes os negros vão a um evento e estão apenas eles lá, ou são a minoria? Quantas vezes organizadores dos eventos de ciências nos painéis batem o pé, e, apesar dos fatos, insistem que “não há palestrante mulher nesta área”? Lembrando que a maior parte da população é negra e mulher… Parabéns à produção por tomar este cuidado. São poucos os lugares que faço o teste do pescoço e tiram uma nota 10 com louvor tão retumbante.

Apenas ao vislumbrar este público percebe-se como os profissionais de todas as áreas devem valorizar e dar importância de forma concreta à diversidade e dar voz às competências reais que ali se encontram. Ninguém aguenta, e já não cabem mais festas de música black com uma minoria ínfima de negros presentes, ou eventos que discutam qualquer tópico referente às mulheres na política, pesquisa, saúde ou tecnologia sem a presença maciça delas participando também da liderança, nas palestras e mostrando os resultados das suas pesquisas.

De forma ágil, e como se fizéssemos um trajeto hipertextual entre páginas, vídeos, entrevistas, frames com edição rápida e de forma fragmentária, somos apresentados aos FEMINISMOS que se utilizam de ferramentas tecnológicas diversificadas de acordo com as mulheres – escrevendo; individualmente, em pequenos ou grandes grupos (alguns apenas virtuais, outros também presenciais); ou ainda com trabalho de base mais presencial, local e com menor aparição na internet.

O que converge em todas estas linhas de feminismo, alguns até com alguns posicionamentos e ideias opostos é como o direito de ir e vir para casa, escolhas profissionais, sexuais e até o direito de falar sobre isso são ameaçados, de início virtualmente, e a vontade de grandes grupos de alguns homens (e infelizmente com cumplicidade de algumas mulheres também – muitas por ignorância) que as protaginistas se calem, ao derrubar páginas e sites para que continuem impunes no seu cotidiano.

Se a ameaça pela internet não cala a mulher, iniciam as ofensas, calúnias, difamação, ameaças e violências físicas, assédio moral e sexual. E ,finalmente o discurso de ódio ao concretizar estas ameaças, batendo, violentando sexualmente e assassinando mulheres que tiveram a ousadia de querer apenas IGUALDADE – escolher uma profissão ou trabalho onde, apenas por ser mulher já, é excluída, desde o início da formação, pelos professores; uma vida sexual livre, como qualquer homem, sem ter que ser apontada e exposta de forma abjeta por isso; ter equanimidade no salário e oportunidades de ascensão profissional; direito de ir e vir para casa sem temer ser violentada ou assediada sexualmente, e até o direito mínimo de falar e ser ouvida (mansplaining).

AS MULHERES

Lo Res – canal Sapa À Tona no facebook e no youtube

5 sapatonas conversando com você sobre feminismo, política e lesbianidade!! Lo Res narra sua experiência e caminhos que tomou ao sair de um relacionamento tradicional, a separação e o mercado de trabalho excludente para quem é mãe.

Lúcia Freitas – mostra projetos no Ladybug 

Jornalista e blogueira. Trabalha com produção de conteúdo e educação. Faz digital coaching, seu jeito de ajudar as pessoas a usarem as ferramentas que estão à sua disposição no mundo digital. Organizou o LuluzinhaCamp e já fez outros eventos de/para internet. “Já disseram por aí que sou uma das 10 mulheres mais influentes aqui neste planeta no Brasil. Sou morena (apesar de 2/3 das minhas fotos online mostrarem uma loura), amo gatos e adoro gente. Meu canal preferido é o Twitter, mas estou lá no Instagram, no Snapchat, no YouTube, no Vimeo, no LinkedIn, no SlideShare…”

Larel Costa e Mari Lopes

Lésbicas separatistas e apresentam o espaço no Rio de Janeiro chamado Resiliência: local para eventos, bar, biblioteca, grupos de estudos, acolhimento para mulheres em situação de risco social

Rosa Luz – canal Barraco da Rosa  

Performer que discute na sua arte a visibilidade trans. Resolveu fazer o canal para poder diminuir, com informação, os índices do Brasil – um dos maiores de assassinatos de travestis e transexuais do mundo. Seu canal hoje tem mais de 10 mil assinantes.

Nathalia GriloMovimento Elegbá Ojà

“Moldada pela vivência no interior litorâneo do extremo sul da Bahia. Migrante, grapiúna como os meus, chego ao sudeste trazendo lembranças, paisagens e memórias na bagagem – Cultura de raiz. Pesquisadora Popular de assuntos Afro-brasileiros e Contadora de Causos, Educadora. Exerço, em minha caminhada, projetos de arte-educação atuantes em lugares como o Centro Cultural da Juventude, localizado na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, na Biblioteca Parque de Manguinhos, localizada na periferia suburbana da zona norte carioca, Biblioteca Parque da Rocinha, também no RJ. “Aquele que muito anda, voa!” Diz o dito Iorubá. Se trata de um passeio por entre os caminhos de Esú, na companhia daquele que é o primeiro Orixá, Dono dos movimentos e Guardião das cidades! Nos labirintos coloridos dos mercados e das feiras, é ele quem cuida de tudo que é assunto, de tudo que é cheiro, de tudo que é gosto, de tudo que é som, de tudo o que tem cor, e é justamente por essa grandiosidade do Bará que este projeto é guiado por sua sabedoria e por sua capacidade de se relacionar com o outro através da palavra. Fruto da Cultura popular afro-brasileira, Movimento Elegbá-Ojà busca incessantemente as fontes que revelam a simplicidade e a complexidade do Movimento do Guardião e das andanças das mulheres negras dentro e fora da Diáspora. Laroiê! Eparrêi!”

Thaysa Malaquias – coletivo Não Me Kahlo publicou estudo sobre ciberfeminismo

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalha como autônoma na área. Ama dormir, perdendo apenas para a atividade de comer. Não sabe lidar com as opções do Netflix e demais coisas. Apaixonada por Arquitetura e Urbanismo, acredita no papel social que tem como profissional da área em criar cidades mais justas e igualitárias. Gosta de cinza, mas também de cores vibrantes. Tem muita insônia e pensa demais na vida. Valoriza muito o aprendizado tanto a partir de livros, como de vivências. Sofreu para fazer essa descrição.

Rhayssa Dantas

A profissional é de Natal e mora no Rio de Janeiro – trabalha na área de contabilidade e turismo

Jéssica Ipólito – mostra artes belíssimas em Gorda e Sapatão, e escreve também nas Blogueiras Negras

Gorda, sapatão, negra, filha de mãe preta solteira e pai branco omisso. Fruto da miscigenação que veio para exaltar a negritude em seus diversos tons, porque eu sou dessas! No final de dezembro completo mais uma primavera. Saí do interior bem humilde em 2010, deixando minha mãe e familiares, para viver na capital de São Paulo sozinha. Eu só vim parar aqui por causa de uma mulher! Sapatão que sou, nem voltei para pegar minhas coisas que ficaram para trás. Loucura, alguns dizem, mas acredito que foi um passo no escuro que eu precisava dar. E assim cheguei aqui nessa cidade cinza e barulhenta, que me proporcionou dias terríveis que mal posso descrever. Hoje, já acostumei com o ritmo e entrei na dança, mas sinto que meus quadris já não rebolam como antes… Preciso de um outro ritmo para aprumar minha vida! Por enquanto, eu só desejo a passagem de ida enquanto procuro emprego, bico, freela, qualquer coisa que me gere renda. Então, se você aí quiser me indicar alguma vaga de emprego, algum bico de madrugada…  Fique à vontade! Estou precisada, mesmo! As pessoas acham que eu sou brava, mas a verdade é que eu não sou obrigada a corresponder a nada, e acho que ninguém deveria. Tem que saber chegar na humildade e respeito porque isso sempre vai ter recíproca de minha parte. Eu sou tranquila quando preciso, mas não poupo as palavras, cansei disso porque elas lotam o peito e adoecem a alma. Eu sou de riso frouxo, gargalhada estridente. Gosto de moda e por isso vivo inventando uma coisinha aqui e ali pra me enfeitar, também nessa onda, eu reinvento minhas roupas e misturo as cores. Aliás, algo muito importante sobre mim: eu AMO cores vibrantes, da roupa ao cabelo, do batom ao tênis. Eu sou dessas que ama ser colorida, rs… Gosto de usar muitas imagens porque a falta de representatividade ainda reina na mídia, e esse é um canal que vai transbordar representatividade no audio-visual. Faço questão, mesmo sabendo das dificuldades de encontrar fotos, desenhos, artes no geral que dialoguem no sentido de empoderamento do corpo gordo, que é diverso, não esmoreço diante disso, e sigo desde então priorizando a visilibilidade lésbica negra, o combate ao racismo, a luta contra a gordofobia, o feminismo também em foco.

Lola AronovichEscreva Lola

Sou professora da UFC, doutora em Literatura em Língua Inglesa pela UFSC e, na definição de um troll, ingrata com o patriarcado. Neste bloguinho não acadêmico falo de feminismo, cinema, literatura, política, mídia, bichinhos de estimação, maridão, combate a preconceitos, chocolate, e o que mais me der na telha. Apareça sempre e sinta-se em casa. Meu twitter também é bem movimentado.

Zilda Rodrigues Pavão

Deixou sua primeira filha assistir o parto humanizado que fez da irmãzinha mais nova e, hoje, aluna secundarista de escola pública ,Beatriz Pfau conseguiu junto com as adolescentes da escola expulsar um colega que insistia em assediar fisicamente e sexualmente a todas, além de se interessar nos rumos políticos do nosso país e pela qualidade da educação mostrando o quanto é importante o incentivo familiar.

Luíse Belloconsultoria para empresas sobre conteúdo para mulheres

Publicitária e fundadora do coletivo Think OLGA . Ela é diretora de comunicação do coletivo e gerente de conteúdo e comunidade da ONG. Este texto no foi publicado originalmente no blog pessoal Cronicamente Carioca fora do ar, mas replicado no Geledés: toda feminista é mal amada

O DOCUMENTÁRIO

Tecnologia, cinema, arte, texto literatura, jornalismo, crônicas, mídia social, economia criativa, inovação: como redes pessoais, interlocuções e argumento com trocas de ideias podem se tornar movimentos fora da rede virtual?

O filme foi apresentado por representante do Canal Futura e pela diretora da escola Irene Ferraz que logo convidou a equipe do documentário a um encontro com os alunos da escola pelo seu caráter disruptivo. “O Futura busca abordar temas sensíveis à sociedade, de forma a provocar uma reflexão mais profunda sobre questões urgentes. #EuVocêTodasNós aborda desde o aborto e o direito ao próprio corpo até os constantes casos de violência doméstica e abuso sexual num contexto de mobilização digital em torno dessas causas. A internet deu mais força à voz das mulheres, que querem e precisam ser ouvidas” disse João Alegria – gerente geral do Futura.

O título deste documentário foi escolhido justamente por expressar as várias camadas de subjetividade e multiplicidade que pode conter o conceito do feminismo. Ele procura apresentar algumas facetas de vertentes – consegue de forma muito didática mostrar e esclarecer que existem FEMINISMOS e formas de atuar: #euvocêtodasnós. Um dos diretores, Ellen Paes explica

Eu: sujeita individual, subjetiva, única e intransferível; Você: a outra, a quem eu respeito enquanto pessoa que difere/diverge de mim.  Todas: mulheres, diversas, heterogêneas, múltiplas.  Nós: coletivas, juntas.

Siga e ouça!

Álbum no Spotify com a maior parte das músicas inéditas e compostas especialmente para o filme. Rappers mulheres de vários estados do Brasil compõe a trilha sonora do documentário com a direção de Guto Guerra: BrisaFlow, Sinta A Liga CREW, Aika Cortez, Helena D’Tróia, Yas Werneck, Taisa Machado e Flaviane Silva, Inuvik.

twitter > twitter.com/euvocetodasnos

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QUEM FEZ? Conheça parte da equipe

PAULA LAGOEIRO – cineasta com pós-graduação em mídias sociais é gerente de projetos da Coopas. Acumula sete anos de experiência na produção de programas e documentários para televisão com enfoque em saúde, meio ambiente, direitos humanos e políticas públicas; dirigiu a produção de curtas-metragens premiados em festivais de cinema. Ela também assinou a produção executiva de “De Volta”,  que em 2012 foi o vencedor do 3º pitching Futura, e depois finalista do Emmy em 2014.

ELLEN PAES – a jornalista e repórter televisiva atua na área de Saúde Pública desde 2009 e escreve desde 2007 com textos em vários blogs feministas e que falam de maternidade. Primeiro chamada como personagem, se interessou em integrar o projeto e foi convidada para dividir a direção do documentário com Rafael Figueiredo. Mãe da Valentina, que foi a pequena-grande divisora de águas entre o antes e depois do ativismo. Feminista negra, ativista pelos direitos da mulher, da mãe, da infância e dos direitos humanos. Escreve sobre questões de gênero, raciais, de sexualidade, comportamento e tudo o mais que faz parte do universo materno. Pedimos e ela indicou coletivos para mães que querem integrar estas redes no Rio de Janeiro: Coletivo Negra Mãe (100 mães negras e crescendo); Mães e crias na luta

RAFAEL FIGUEIREDO – diretor de televisão e cinema com mestrado em Comunicação é coordenador do Núcleo de Cinema e Vídeo da Coopas. Foi professor de direção no Curso de Realização Audiovisual da UNISINOS/RS de 2005 a 2008. Foi diretor do finalista do Emmy em 2014 “De Volta”,  feito também em parceria com o Futura. Dirigiu A peste da Janice, curta em 35mm premiado nos festivais de Gramado, Bahia, Cartagena e Huelva. Em 2009, Groelândia, melhor filme no Festival Iberoamericano de Huelva e no Festival de Artes Audiovisuais de La Plata. Dirigiu comerciais e institucionais as séries RS – Um século de história e SC – 100 anos de história; séries de ficção e de documentário para o Núcleo de Especiais da RBS TV (séries Mundo Grande do Sul, A Ferro e Fogo, Conquista do Oeste, Ordem e Progresso, 5 vezes Erico, Sete pecados, Viajantes, Fundo do Mar, Mulheres em Transe). Idealizou e dirigiu a série Primeira Geração – finalista de “minissérie” do New York Festivals 2009 TV Programming & Promotion.

[daqui em diante SPOILER, mas cada mulher maravilhosa que deu depoimento brilha  <3 ]

O documentário inicia com o questionamento: O que é ser mulher? Como isto se reflete no que faz na internet? E fecha com outra pergunta: e em 50 anos as mulheres estarão lutando ainda pelas mesmas coisas?

Militante que escreve no Blogueiras Negras e trabalha com arte é Jéssica Ipólito que através do site pessoal Gorda e Sapatão discute racismo, lesbianidade, feminismo; compartilha imagens fora do padrão imposto de beleza e reflete sobre o que consideramos bonito dando visibilidade e empoderamento a muitas mulheres que possuem problemas com gordofóbicos. Nathalia Grilo fala sobre periferia, luto e solidão da mulher negra, se expressa também através da sua arte resgatando o uso de palavras da cultura africana através de oficinas de oralidade e tradição utilizando Antropologia, História e Arte-Educação através de imagens dos mercados e registro dos sons, cheiros e cores das feiras livres com artesãs e micro e pequenas empreendedoras negras independentes formando uma rede com o Movimento Elegbá Ojà. Rhayssa Dantas não se considerava feminista e negra… se descobriu e assumiu após sofrer discriminação e conversar com colegas próximas sobre o assunto.

Temos depoimentos de referências na internet Lola Aronovich do blog Escreva Lola Escreva e Lúcia Freitas do Luluzinhacamp que estão com estes blogs desde 2008. Lola Aronovich é referência sobre feminismo online, escreve também sobre cinema e política; e atua professora universitária de Literatura em Língua Inglesa e Lúcia Freitas é jornalista e iniciou o grupo no Google com mais de 300 profissionais de várias áreas – o mote inicial era agrupar mulheres que trabalhavam com tecnologia, mas depois se ampliou e com participação colaborativa e voluntária: aprendizado sobre ferramentas tecnológicas e seus usos, políticas de saúde e educação, sustentabilidade e a presença feminina no mercado de trabalho novas oportunidades de formação em algumas cidades brasileiras onde as participantes estão presentes e apresentam seus projetos profissionais, trocam ideias sobre empreendedorismo cidadão, sustentável ou quais as melhores formas de se recolocar no mercado de trabalho com um novo mindset colaborativo e hacker – muitos destaques e projetos digitais inovadores surgiram e ainda surgem dentro do grupo, além de parcerias.

Ellen Paes fala que a militância no feminismo negro tornou-se mais ativa quando engravidou e teve que lutar muito para conseguir o parto humanizado (algo que deveria ser a primeira opção, mas infelizmente médicos dificultam muito o acesso); assim como Lo Res faz com outras cinco mulheres o canal de videolog Sapa À Tona que fala sobre ser mãe e lésbica; e exclusão no mercado de trabalho e as alternativas que as mães podem encontrar frente a este obstáculo. Zilda Pavão deixou sua primeira filha assistir o parto humanizado que fez da irmã mais nova e hoje, aluna secundarista de escola pública Beatriz troca ideias sobre feminismo com a mãe e fala da emoção, importância em vivenciar o momento do parto em casa.

Rosa Luz rapper e estudante universitária fala sobre o conceito do transfeminismo, como a internet é importante para resistir e denunciar violências a que são expostas as pessoas trans; para criar também um ambiente seguro para si e outras o casal militante Larel Costa e Mari Lopes adotou a ideologia de tentar conviver o máximo possível mais com mulheres, e também priorizar consumo de serviços e negócios de empreendedoras.

Com milhares de seguidores e incentivando um grande público com publicações sobre feminismo Thaysa Malaquias do coletivo Não Me Kahlo fundado em 2014 e que criou a hastag #meuamigosecreto – que já virou livro com reflexões aprofundadas e embasadas. A militante mostra sobre a necessidade do chamado feminismo interseccional – chamado assim quando ativistas negras mostraram pela primeira vez a importância dos recortes sociais, raciais e culturais nos anos 70. O coletivo quer ampliar o trabalho e fundar uma associação civil que com certeza terá apoio dos seguidores da página que hoje chegam a 1 milhão e duzentos mil no faceboook. Luíse Bello do coletivo Think Olga que também tem grande repercussão e fizeram muitas jovens se engajar mais no feminismo afirma que não é contraditório estar dentro de uma igreja com denominação cristã e ser feminista. O coletivo criado por Juliana de Farias em 2013 quer empoderar e informar as mulheres foi responsável pela campanha chega de fiufiu que este ano vira filme, e pela hastag #MeuPrimeiroAssédio – que pelos mais de 80 mil relatos e revelou um dado alarmante: a média de idade do primeiro assédio no Brasil é de 9,7 anos. Muitas das mulheres que participam das diversas campanhas de hastags já foram agredidas fisicamente e só conseguem enviar seus depoimentos de forma anônima, pois estão frágeis em demasia e poderão sofrer novamente violências caso publiquem abertamente.

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#primeiroassedio

primeiro assedio

Pode ser linda a coragem de falar sobre uma coisa terrível. Inspiradas no @ThinkOlga e na hashtag #primeiroassedio milhares de mulheres compartilharam seus casos. No Twitter, no FB, em grupos de discussão. Foram 82 mil tweets sobre o assunto, até a meia noite de domingo, 25. E tem mais escondido na página do Zuck.

Para você que estava na Terra do Nunca, um resumo: na estreia do programa MasterChef Júnior, dia 20 de outubro, houve quem tivesse a coragem de fazer comentários sexuais sobre uma menina de 12 anos, que participa do programa.

Houve homens contando seus casos de assédio. Assédio – principalmente com crianças – é algo nojento horrível injustificável. Se adjetivos não faltam para desqualificar a atitude, sobram histórias – que continuam a reverberar, mais de 10 dias depois do fato.

O espaço público – e nossos corpos – nos pertencem. Mulheres, por incrível que possa parecer a alguns (cof, Cunha, cof) são, sim, cidadãs e têm direito à segurança e decidir o que querem para si. #primeiroassedio mostra que ainda estamos muito, muito longe disso.

Tudo bem não conseguir contar, tudo bem escrever e deixar só para você. Tudo bem só olhar fotos de filhotinhos por uma semana. O assunto é uma merda. Só não dá é pra ficar calada e quietinha – e fingir que nada aconteceu.

Como muito bem disse a JoutJout no vídeo sobre o assunto: tem que fazer escândalo, sim!

Sim, houve compartilhamento de histórias entre nós. Sim, elas estão abaixo, sem identificar as protagonistas.

 

Eu tava aqui pensando em como é difícil pra gente conseguir isso, essa libertação. Eu vi os relatos e fiquei arrasada. Eu chorava sem parar. É sempre gente muito novinha, muito criança. Às vezes por gente em quem a gente confia e às vezes por completos estranhos na rua, no ônibus, em qualquer lugar.

No meu caso, foi no caminho da escola e quando eu cheguei lá apavorada, contei pras pessoas, professores e colegas, que um cara tinha me seguido e falado um monte de coisa horrível, as pessoas disseram que eu devia estar feliz de ter arrumado um namorado, já que eu era gorda.

E quando eu fui contar o que aconteceu, ontem no fb, ainda ponderei. Mas não se eu estava pronta pra falar sobre aquilo, mas se eu não ia ser chata, se não ia me indispor com a família, se a família do meu marido ia interpretar mal e todas essas coisas.

Foi esse meu medo que me fez tomar coragem e falar.

A gente não pode mais se calar.

A.

Eu li alguns, fiquei angustiada, parei de ler e voltei pra rotina. Escrevi o meu, apaguei, reescrevi e apaguei mais umas trocentas vezes e não consegui publicar. Voltei pro twitter, li novamente, fiquei puta com uns imbecis que entraram na # no twitter e desisti de ler e acompanhar porque é muito triste pra quem sofre e pra quem não entende e julga.

P.

Não consigo parar de pensar na minha filha, com 4 anos e querer sair correndo com ela do Brasil. E abraçar e apertar.

Se eu empoderar ela pode apanhar. Se eu ensinar a ter medo, eles aproveitam para agredir. Ela é bonita. Até quando vou conseguir evitar que homens sexualizem a imagem dela? Não tem pra onde correr. Eu quero vomitar.

E.

Nossa, tô impressionada como cada mulher tem ao menos uma história de assédio pra contar… A minha eu havia esquecido até fazer uma sessão de renascimento e vir tudo à tona… Meninos mais velhos do prédio que me passavam a mão em todos os lugares e pediam pra ver a minha calcinha. Não consigo entender porque eu deixava e porque não contava aos meus pais… E também porquê meus pais e irmãos não conseguiam perceber, visto que a interação com estes meninos (amigos dos irmãos) era constante…

E como educar/ensinar as crianças a se protegerem quando não estivermos por perto? O que vocês fazem? A única coisa que eu e meu marido orientamos os filhos dele é que só eles mesmos, a mãe e o pai podem tocar/lavar/olhar o corpo, principalmente o pinto e o bumbum. Mas será que é suficiente?

C.

Pior é que eu lembrei de uma situação que nunca tinha pensado como abuso… Eu meio que recalcava que isso era “normal da idade”.

16 anos, numa viagem pro interior da Bahia com a escola. Todo mundo naquele furor hormonal, pegação total dentro do busão… Mas enfim, eu era bem fechada/tímida/meio carola até… Enfim. Num determinado momento eu resolvi ficar andando pelo ônibus e tava todo mundo em pé no corredor ou trepado nas cadeiras. E passei perto de um colega da sala que e achava bem bonito e tal, mas nunca tinha me dado muita moral. Ele me deu uma dedada por cima da calça jeans. Assim, do nada. Eu fiquei atordoada. Eu me sentia atraída por ele, mas isso era confuso pra mim. Será que só por isso ele tinha esse direito? Era assim que funcionava as pegações? Sei que ele me olhou bem nos olhos e deu uma piscada ou um sorriso, não consigo me lembrar direito. E eu fiquei bamba. De nervoso, de angústia. Ninguém nunca tinha me tocado nem nos seios. E pra tocarem mesmo, com meu consentimento e vontade, demorou uns 2 anos após isso e eu ainda tinha muito medo. E culpa. Maldita culpa. Malditas violências.

P.

Eu travei várias vezes. Chorei todos os dias ao longo da última semana. Tive raiva, nojo, medo, angústia, vontade de sumir do mapa, literalmente. Briguei com o marido só pra não ter contato íntimo. Mas eu concordo que só dá pra mudar se o assunto se assume um assunto. Se fica nas sombras, não tem diálogo. Mexer na merda faz feder, mas tem que varrer, tem que tirar da frente, não tem outro jeito.

Eu sempre tive a sensação de olhar ao meu redor e ver que todas tinham uma história dessas guardada. Mas ninguém dava o pontapé inicial, todo mundo se achava exceção, todo mundo tinha medo e vergonha, então todas se escondiam naquela “carinha de menina pura que nunca fez nada pra merecer algo do tipo” ou de “menina pura que não tem marcas desse tipo”. Você não podia nem transparecer a possibilidade de já ter vivido um abuso, a gente vivia num jogo de aparências. Mas eu percebia os olhares, meio que o tal do “entendedores entenderão”.

Por causa do #primeiroassédio, hoje eu posso falar disso sem me expor individualmente, sem esperar aqueles olhares curiosos de “se você está falando isso é porque viveu”, como se eu fosse um ET. Como se eu tivesse obrigação de contar o meu caso, já que estou falando com tanta certeza que isso é relevante. Ou até de que eu seria uma exceção, que não poderia generalizar, já que foi uma experiência individual. Resumindo, eu fiquei feliz porque saímos do âmbito individual. O tema virou coletivo, e isso nos protege e nos liberta. Isso é lindo.

Mas, mesmo assim, eu ainda não me sinto à vontade de falar publicamente sobre o meu caso. Não por ser pior do que qualquer outro, mas é um misto de sentimentos e conflitos internos muito difíceis de lidar. Como em muitos casos, envolve minha família, gente que eu gosto muito e que vai ver o mundo cair. Não estou preparada pra sentir (de novo) o machismo contra mim, dentro da família, manja? Vejo minha mãe toda engajada no tema e com medo de fazê-la sofrer com meus relatos. Ela até sabe (muito por alto), mas foi o pai dela, com a filha dela. É muito foda pra todo mundo. Eu só queria que ele morresse logo pra eu poder mandar ele à puta que o pariu, que o fantasma de que ele está vivo por aí fosse embora deste mundo. Pensa em como eu olho pros avós da minha filha hoje? Pro meu próprio pai que nunca me fez uma gota de maldade? Não confio em ninguém. É uma neurose eterna. Quanta gente vive assim? Tem que gritar, mesmo, como a Jout Jout falou. E dar soco na cara e chute no saco, desculpem a sinceridade.

Vou dormir com um nozinho na garganta agora, porque dói mexer em ferida, mas é assim que ela vai curando aos poucos também.

M.

Meu #primeiroassedio também aconteceu dentro de casa. Tinha no máximo uns 7 anos e é muito tenso pensar que alguém que hoje tem filhos e fica pregando o amor de Deus, tenha tido coragem de fazer o que fez. Sendo filho dos mesmos pais, sendo sangue do meu sangue.

Depois tiveram outros. Um primo que “gostava tanto de mim” que vivia me levando pra passear pelo bairro pra poder passar a mão no meu corpo com a desculpa de que ia ajeitar minha roupinha. Depois o filho da minha madrinha de batismo q uma vez mostrou o pinto e disse que iria colocar todinho em mim, que uma hora ele iria “me pegar” sem se importar se eu quisesse, claro que corri dele a vida toda e dei graças a Deus quando ele foi atropelado e morreu ainda adolescente.

E a ultima que me lembro de um outro primo já adulto, era vizinho, eu devia ter uns 13 anos, esperou a oportunidade de me encontrar sozinha em casa pra entrar e trancar a porta, falando “agora você não me escapa”, corri dentro de casa mas ele conseguiu me encurralar na lavanderia e se esfregar em mim com o pau pra fora. Essa foi a única vez que tive coragem de contar pra minha mãe, afinal eu já era grandinha pra falar do assunto que sempre fora tabu entre nós duas (ela nunca falou sobre sexo comigo sob hipótese alguma) e claro que dentro do machismo incutido na mente dela, achou que eu tinha provocado e por isso ele foi pra cima de mim. Bem feito! (sim, ela me disse isso!)

Hoje tenho muitos problemas relacionados a sexualidade e tenho certeza que estes acontecimentos tem uma grande parcela de culpa nisso. Sou casada e tento remediar a situação conforme dá, já pensei até em fazer terapia, mas sempre vou deixando pra depois… enfim, já me sinto mais aliviada por ter podido contar pelo menos pra vocês aqui.

P.

Pelas entrelinhas do seu segundo parágrafo, percebo que sua história é parecida com a minha. Penso a mesma coisa. Sangue do meu sangue. Nunca consegui falar sobre isso com ninguém, ninguém mesmo. Tenho vergonha até de pensar na frase dentro da minha cabeça, escrever ou falar ainda é meio que inconcebível para mim.

Essa é uma das razões que não saio na rua sozinha, tenho muito medo. Tenho medo de ficar em qualquer ambiente sozinha com algum homem. Qualquer homem. Só me sinto segura com meu namorado (que nem sem sonha com o que aconteceu).

Essa é razão pela qual só consegui pensar (e fazer) em sexo aos 24 anos e ainda assim com muita dificuldade.

Então um abraço muito apertado para você, para mim, para nós. E que nosso coração (sofrido, cheio de marcas, medos) um dia possa bater em paz.

Sonho com o dia em que as mulheres não precisarão mais ter tanto medo. Que todos os homens sejam dignos, igual o meu namorado é. Que todas as mães saibam criar seus filhos da mesma forma que minha sogra soube.

J.

Meu primeiro assédio foi aos três anos e meio, pelo motivo alegado já aqui, de corpinho de menina grande. Lembro que minha mãe e eu mudamos para uma casa num bairro diferente e uma vizinha veio conversar com a minha mãe para que não deixasse que eu ficasse de calcinha sozinha no quintal de casa porque todo homem que passava mexia comigo e a vizinha ficou preocupada.

Tive primo me mostrando o pinto, prima do meu pai tentando passar a mão em mim, isso mesmo, prima. Entre inúmeros homens de várias idades que me fizeram propostas horrorosas. Com 14 anos um rapaz que tinha sido aluno da minha mãe, invadiu minha casa, e disse que eu não escaparia, mas lembrei que minha mãe tinha mandado colocar uma porta de madeira maciça no banheiro e corri para lá e ele depois de tentar colocar a porta abaixo e não conseguir foi embora. Ficar sozinha nunca mais foi a mesma coisa.

Depois lembro que com dezesseis anos um homem casado que resolveu me perseguir no caminho para a escola. Nem ai eu pude ficar sozinha. Minha mãe passou a me levar.

Acho o mais triste de tudo isso essa imposição sexual na nossa liberdade em todos os sentidos. Espero que tudo isso aqui sirva pra dizer que estamos juntas para dizer que chega de machismo.

Espero que minha filha e as filhas de todas vocês não passem por nada parecido com o que nós passamos, mas que se acontecer algo parecido elas possam ter em nós seus portos fortes.

F.

O meu primeiro assédio foi aos 12 anos, num carnaval de rua. Na verdade, antes desses relatos virem à tona, minha memória tinha escondido essa situação, não lembrava mais.

Mas o mais impressionante é ouvir do namorado: “nossa, eu não achei que era tão comum! vc viu a mulher do fulano? vc viu a namorada do beltrano?” E eu responder: “eu já passei por isso, isso, isso e isso.”

Me apavora num nível tão imenso saber que a filhota tem 9 anos e começa a entrar nesse “grupo de risco”, que vocês devem imaginar…

O silêncio que a gente manteve sobre isso é aterrador. Ainda mantemos, vejam só: eu não quero falar.

D.

Eu sou mãe de duas meninas. E pra mim é uma batalha diária interna que eu travo dentro de mim entre a mulher e a mãe, quando uma empodera e diz “você tem todo o direito de vestir o que quiser” e a outra emenda com um ” mas esse short está curto demais pra você sair e ir andando até a casa da fulana”.

Eu meio que cheguei a um meio termo, dizendo que elas não são fortes ainda o suficiente para não se deixar humilhar, constranger ao serem assediadas. Que elas precisam ainda aprender a se calejar e entender que o respeito não é “merecido” – é inerente a todo ser humano. Que elas vão aprender a revidar, a brigar, a discutir, a não abaixar a cabeça. E todas as vezes que eu leio que uma menina tentou contar que foi assediada e ninguém acreditou eu me lembro de um depoimento do escritor Primo Levi, que sobreviveu aos campos de extermínio nazista: quando acabou a guerra, ele queria contar o que tinha acontecido a ele e a milhões de outros judeus, mas literalmente ninguém quis ouvir. Todos diziam que era preciso “recomeçar” e “deixar tudo para trás” quando ele tentava falar. Toda a população do planeta se recusava a discutir o que havia acontecido a milhões de judeus, ciganos, gays, deficientes. Ele então escreveu, e muito. Mas era como falar sozinho; ele não sabia se havia alguém ouvindo. E foi assim até ele se matar, em 1987. Na época, Elie Wiesel declarou que “Primo Levi morreu em Auschwitz, quarenta anos atrás.”.

A gente morre um pouco a cada vez que é assediada. Vamos falar, e muito, e ensinar noss@s filh@s a falar, também.

S.

Eu lembro que quando eu era criança, alguma coisa no olhar de certos vizinhos me deixava desconfortável, com nojo. Eu sabia que não era seguro ficar sozinha com eles em algum lugar, mesmo que nunca tenha acontecido nada.

A primeira vez eu nunca esqueci. Tinha 13 anos. Eu estava indo com minha mãe ao cinema ver “Uma Cilada Para Roger Rabbit” e estava ensaiando minha feminilidade, coloquei um vestido tubinho que tinha ganhado – normalmente eu só andava de calça jeans e camiseta. E de repente, no meio da calçada lotada, um homem beliscou a minha bunda. Foi a primeira vez que alguém me tocou sem o meu consentimento. Simplesmente beliscou e sumiu no meio da multidão, levando com ele a minha segurança. Eu lembro que fiquei absolutamente confusa – mas ele não tá vendo que eu sou uma criança? O que esse moço quer comigo? Porque ele fez isso? Será que foi o meu vestido?

E isso meio que parece que marcou minha entrada oficial para a adolescência, porque os assédios não pararam mais, inclusive o velho nojento de bicicleta que disse “bocetuda” quando eu estava voltando da escola, até que o volume ficou tão grande que eu não lembro mais de quantas vezes.

L.

Essa é a terceira vez na vida que compartilho sobre esse momento.

A primeira foi em um encontro onde só tinham moças, quando o assunto veio à baila, uns seis anos atrás. O chocante dessa reunião: numa mesa de 10 mulheres, pelos menos 8 relataram ter sofrido alguma forma de assédio em idades entre 9 e 15 anos.

A segunda vez foi ontem à noite, para o meu marido.

Comparado a outros depoimentos, nossa!, imagino esse meu ser light. Mas a lembrança do ocorrido está aqui, junto com a sensação no estômago.

Eu tinha 12 anos e minha mãe me pediu pra ir ao açougue da nossa rua comprar carne para o almoço. Desci sozinha e na volta, saindo da loja, um cara de aproximou de mim e com uma habilidade impressionante conseguiu se aproximar do meu ouvido e dizer pra mim: “Deixa eu cheirar o teu cu.”. Apertei o passo e corri pra casa sem saber o que pensar.

Eu tinha 12 anos e o máximo de palavrão que falava era “droga”. Eu tinha 12 anos e em 1989 nem meu primeiro beijo eu tinha dado ainda.

O assédio foi velado, somente algoz e vítima perceberam. Mas a sensação de vergonha e constrangimento, eu sinto até hj.

Se eu quero esquecer? Não, não faço mais questão disso. É marca da minha história.

Mas, do fundo do coração, não quero que minha filha, hj com 10 anos, passe por isso.

A.

O Brasil tem 52 mil mulheres estupradas por ano, segundo os números de boletins de ocorrência registrados. Mas o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que 500 mil mulheres são vítimas de estupro a cada ano no país e, dessas, 70% são crianças e adolescentes – sendo 51% menores de 13 anos. [Informações coletadas por uma repórter da BBC Brasil]

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Quanto custa a violência contra a mulher?

India's Daughter, debate após a sessão com a diretora, Karin Hueck e Viviana Santiago
Leslee, Karin e Viviana Santiago.

Acabo de sair de uma sessão de India’s Daughter, de Leslee Udwin, que mostra a história do estupro brutal de Jyoti Singh, uma indiana que acabara de se formar em medicina – e de cometer o crime de ir ao cinema com um amigo.
O documentário, proibido na Índia, marcou o lançamento da campanha “Quanto Custa a Violência Sexual contra as Meninas?”, promovida pela ONG Plan International Brasil, que combate o abuso sexual de meninas.
Sim, é a mesma Plan que lançou o “Por Ser Menina” – e a nova campanha faz parte da história.
Depois do filme houve um debate ótimo com a diretora, Leslee Udwin, e a especialista de gênero da Plan Brasil, Viviana Santiago, com mediação de Karin Hueck, editora da Revista Superinteressante.

Para quem está em São Paulo, oportunidade de ouro: amanhã haverá uma nova sessão aberta e gratuita, seguida de debate, lá no Auditório Ibirapuera.

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Ada lovelace day: ou parem a violência de gênero dentro da área tecnológica

Revisão textual e contribuições da programadora web: Lanika Rigues

O “Dia de Ada Lovelace” foi criado em 2009 por Suw Charman-Anderson, como resultado do apagamento da presença feminina que algumas empresas insistiam e insistem em fazer nos eventos de tecnologia, sempre optando por palestrantes homens – apesar do destaque de mulheres em diversas áreas. A data escolhida foi em outubro, para melhor acomodar as atividades de todos os participantes do grupo, mas o aniversário real de Ada Lovelace é em dezembro. Em 2015 ela fará 200 anos de nascimento.

Tratamos o preconceito como algo do passado, mas ele ainda está presente no cotidiano de forma violenta, chegando ao ponto de uma pessoa se sentir ameaçada fisicamente e não se sentir segura ao se locomover pelo simples fato de ser mulher. O apagamento também é uma forma de violência – o número de mulheres na área de tecnologia já foi maior e diminuiu. Hoje, algumas organizações realizam eventos pelo mundo em homenagem à primeira programadora e a outras mulheres de destaque, com palestras dadas por mulheres que causaram impacto nas áreas de ciência, matemática e tecnologia. Ada, mesmo reconhecida internacionalmente pelo caráter único do seu trabalho, ainda hoje possui alguns detradores que colocam em dúvida a sua autoria.

 Participe:

(lista Luluzinha Camp)   https://groups.google.com/forum/#!forum/luluzinhacamp

(dados abertos e aplicativos do governo – tecnologia e gênero)  http://edemocracia.camara.gov.br/web/hackathon-de-genero-e-cidadania/forum#.VDZVePldV9t

Se você acha esta situação ruim, descobertas fundamentais realizadas por mulheres negras que participam da academia são ainda mais colocadas em xeque – elas precisam constantemente provar a sua capacidade – e isso vem de muitos anos antes da política de cotas sequer ter a possibilidade de implementação ou discussão. Muitas cientistas nunca foram reconhecidas, e isso ajudou a disseminar a ideia de que mulheres não são aptas para os números: Lisa Meitner fez cálculos que permitiram a descoberta da fusão nuclear; Rosalin Franklin fez a fotografia que permitiu revelar a estrutura da dupla hélice do DNA; Nettie Stevens descobriu os cromossomos X e Y, que determinam o sexo das pessoas. Por fim Hedy Lamarr, que durante a Segunda Guerra Mundial criou um aparelho de comunicação capaz de despistar radares nazistas – esta tecnologia serviu de base para criar o celular. Nos casos em que a equipe ganhou o prêmio Nobel, as mulheres muitas vezes não foram citadas, sequer como co-autoras!

Lady Ada, por Lisa Congdon. Fonte: http://www.vlsci.org.au/page/publications

Se falamos em pouco progresso, em 2014 houve o #gamergate: as ofensas não eram críticas somente à capacidade, mas apenas e tão somente devido ao fato de ser mulher. Em uma indústria que se diz de ponta, seria de se esperar que a maneira de tratar a mulher devesse ser também avançada, mas o que vimos foi a comunidade gamer ignorar, minimizar e distorcer um acontecimento e ainda espalhar fotos de uma desenvolvedora de jogos nua. Lembrando que o machismo pode ser reproduzido por outros gêneros e não se restringe apenas ao masculino.

Na contramão disso houve o engajamento e a declaração da artista Emma Watson, que lançou a campanha He for She. Nele, ela reafirma que o protagonismo, discussão e liderança no feminismo são das mulheres, sempre; o programa incentiva a parceria, apoio e reflexão dos homens na luta pela igualdade dos gêneros na prática e diz que a presença masculina é mais que bem-vinda.

Filha do poeta Lord Byron e Annabella Milbanke – chamada pelo esposo carinhosamente de Princesa dos Paralelogramos – Augusta Ada Byron foi fruto de um casamento que durou pouco e teve pouca convivência paterna. Tinha saúde delicada, e teve como tutora na área a matemática Mary Sommerville (que traduziu para o inglês Mécanique Céleste de Laplace).

Em 1833 aos 18 anos Ada Byron foi apresentada a Charles Babbage, que era amigo de Mrs Somerville, em uma festa na corte. Fascinada com a máquina analítica após visitar o laboratório de Babbage, acompanhou suas pesquisas e mais tarde se dedicou a traduzir um artigo de Luigi Menabrea “De sur la máquina analytique”. As notas que a “Encantadora dos Números” escreveu tinham o triplo do tamanho do que traduzira, mais longas do que o texto em si. A tradução a levou a escrever o primeiro algoritmo para calcular números de Bernoulli.

Após o casamento, Ada tornou-se Lady Augusta Ada Byron King, Condessa de Lovelace, mãe de três filhos. Era uma mulher à frente do seu tempo, que flertou abertamente e protagonizou vários escândalos – por isso parte da sua correspondência foi perdida, destruída pelo marido. A continuidade de seu trabalho científico foi prejudicada pela falta de interlocutores após a doença e falência de Babbage. Parte ainda se prejudicou pelo seu hábito de fazer apostas em cavalos e a fragilidade do seu estado de saúde se acentuou quando substituiu suas refeições por vinho e ópio.

Hoje conhecida como Ada Lovelace, Lady Ada é considerada a primeira programadora da história pois escreveu o que se considera o primeiro algoritmo a ser interpretado por uma máquina. Segundo historiadores, a maior contribuição de Lady Ada à programação foi vislumbrar que o computador mecânico poderia fazer outras operações além de simplesmente fazer contas com números – operações complexas relacionadas à composição musical, por exemplo.

Notas de Lovelace foram publicadas pela primeira vez no The Ladies’ Diary, e no livro de Richard Taylor Memoirs Científica Volume 3 em 1843 como AAL. O algoritmo teria funcionado se a máquina de Babbage tivesse realmente sido construída, mas o projeto só foi realmente efetivado em 2002 pelo Museu da História do Computador, em Londres.

 

Participe mais:

http://luluzinhacamp.com/sobre/

http://mulheresnacomputacao.com/

https://www.facebook.com/GiTSaoPaulo/

https://www.facebook.com/onumulheresbrasil

https://www.facebook.com/femininolivre/

https://pt-br.facebook.com/nucleogetec

https://www.facebook.com/groups/533067570082981/

 https://www.facebook.com/groups/533067570082981/

(traduza) http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Meetup/Ada_Lovelace_Edit-a-thon_2013_-_Brown

 

Biografias e livros :

A Passion for Science: Stories of Discovery and Invention

http://findingada.com/book/ada-lovelace-victorian-computing-visionary/

Negras e Negros Inventores, Cientistas e Pioneiros – Contribuições para o desenvolvimento da humanidade http://leiaoestatutodaigualdaderacial.blogspot.com.br/2013/01/negras-e-negros-inventores-cientistas-e.html

Essinger, James: (2013) A Female Genius: How Ada Lovelace Started the Computer Age.

Ada´s Algorithm: How Lord Byron’s Daughter Ada Lovelace Launched the Digital Age (lançamento out/2014) http://www.theatlantic.com/technology/archive/2014/09/before-computers-people-programmed-looms/380163/

Walter Isaacson (mesmo autor da biografia do Steve Jobs) : lançamento out/2014 THE INNOVATORS How a Group of Hackers, Geniuses, and Geeks Created the Digital Revolution. New York Times (em ingles) http://www.nytimes.com/2014/10/09/arts/walter-isaacsons-the-innovators-studies-computer-wizards.html

J Baum, The Calculating Passion of Ada Bryon (Hamden, 1986).

M Elwin, Lord Byron’s family : Annabelle, Ada, and Augusta, 1816-1824 (London, 1975).

D L Moore, Ada, Countess of Lovelace: Byron’s Legitimate Daughter (London, 1977).

D K Stein, Ada : A Life and a Legacy (Cambridge Mass., 1985).

B A Toole, Ada, the enchantress of numbers : a selection from the letters of Lord Byron’s daughter and her description of the first computer (Mill Valley, Calif., 1992).

 

 Saiba ainda mais:

https://www.adafruit.com/about

16 outros grandes nomes femininos na computação https://www.sdsc.edu/ScienceWomen/

Vídeos sobre Ada Lovelace http://mulheresnacomputacao.com/2013/10/15/ada-lovelace-day-2013/

Biografia de Lovelace em quadrinhos http://sydneypadua.com/2dgoggles/lovelace-the-origin-2/

presença em peso de mulheres em evento de tecnologia – qual a diferença? http://www.ebc.com.br/tecnologia/galeria/imagens/2012/10/latinoware-2012-se-destaca-pela-grande-presenca-de-mulheres

https://www.facebook.com/GarotasCPBr

http://mulheresnatecnologia.org/evento

http://www.hackagenda.com.br/

http://ada.vc/

 

(patrocine)

 https://www.indiegogo.com/projects/ada-lovelace-day-live-2014

http://observador.pt/2014/08/21/bonecas-com-profissoes-ligadas-querem-inspirar-criancas/

http://rodadahacker.com/quanto-custa-uma-rodada-hacker-uma-conta-de-papel-de-pao/

 

Doodle de 2012 em homenagem ao primeiro dos programadores da história : 197º aniversário de Ada Lovelace
fonte: google http://www.google.com/doodles/ada-lovelaces-197th-birthday

 

Referências:

http://findingada.com/blog/2009/01/05/ada-lovelace-day/

http://www.newscientist.com/blogs/shortsharpscience/2009/03/ada-lovelace-day.html

http://www.geledes.org.br/racismo-e-preconceitos/casos-de-preconceito/

http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/Biographies/Lovelace.html

http://www.britannica.com/eb/article-9049130/Ada-King-countess-of-Lovelace

http://blogs.estadao.com.br/link/as-pioneiras-que-a-tecnologia-esqueceu/

http://www.miniweb.com.br/atualidade/tecnologia/artigos/ada_%20byron.html

http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-coisas-que-voce-deveria-saber-sobre-ada-lovelace/

http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/paisagem-fabricada/2012/10/22/ada-lovelace-a-primeira-programadora/

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/internacional/noticia/2014/10/12/evolucao-da-tecnologia-nao-seria-a-mesma-sem-as-mulheres-150665.php

http://operahouse.com.br/blog.php?u=ada-lovelace-a-primeira-programadora-da-historia

http://blogs.estadao.com.br/link/quem-e-ada-lovelace-e-por-que-ela-tem-um-dia/

http://www.dirigida.com.br/news/pt_br/ada_lovelace_a_primeira_programadora_do_mundo_r7/redirect_10678055.html

http://br4d4.wordpress.com/tag/ada-lovelace/

http://www.softwarepublico.gov.br/O_que_e_o_SPB

http://thinkolga.com/2014/04/11/as-seguidoras-de-ada-lovelace/

http://jurassicdos.blogspot.com.br/2012/10/ada-lovelace-day.html

(discussão sobre programador/programadora)

http://vidadeprogramador.com.br/2011/09/03/desde-quando-mulher-sabe-programar/

http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/mulherio/ada-lovelace-a-primeira-programadora-da-historia-4/

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Ações e Campanhas

Retratos do Brasil: como os homens percebem a violência contra a mulher

Violência contra a Mulher

Hoje é Dia Internacional dos Direitos Humanos. E a ONU Mulher convocou uma blogagem coletiva para encerrar os 16 dias de luta pelo fim da violência contra a mulher.

No dia 29 de novembro, o Instituto Avon e o Data Popular divulgaram a pesquisa “Percepções dos Homens sobre a Violência Doméstica contra a Mulher” (faça o download da pesquisa completa

  Percepções dos Homens sobre a violência doméstica contra a mulher (5,5 MiB, 29.324 hits)

). Esta foi a terceira pesquisa de uma série que começou em 2009 para conhecer as percepções da população sobre a questão da violência contra a mulher.

Realizada em agosto e setembro de 2013, a pesquisa teve consultoria do Instituto Noos, uma organização que atua em grupos de reflexão com homens agressores. Além de conseguir respostas diretas, também encontrou as contradições que nós vivemos.

  • 41% dos brasileiros (homens e mulheres) conhecem ao menos um homem que foi violento com sua parceira (atual ou ex).
  • Apenas 16% dos homens admite ter tido atitudes violentas – isso representa cerca de 8,8 milhões de homens.
  • Ao conhecerem a lista de atitudes entendidas como violência doméstica, 56% dos entrevistados admitiram ter praticado violência contra suas parceiras.
  • Xingar, humilhar em público e obrigar a mulher a relações sexuais quando ela não quer são atitudes vistas como naturais num relacionamento pelos homens.
  • Apenas 35% dos homens acha que a mulher deve procurar a Delegacia da Mulher quando ele a impede de sair de casa.

Estereótipos de gênero e construção do cenário machista:

  • Mulher é relacionada com carinho e amor. Homem associado com sexualidade e honra (não leva desaforo pra casa).
  • 53% dos homens esperam felicidade no casamento. Mas este mesmo porcentual atribui à mulher a responsabilidade por fazer a relação dar certo.
  • 85% acham inaceitável uma mulher bêbada.
  • 69% não admitem que saia sem a sua companhia
  • 46% não aceitam que use roupas justas e decotadas.
  • 89% dos homens atribuem à mulher o trabalho doméstico.

Segundo Carlos Zuma, do Instituto Noos, “todas estas expectativas, quando quebradas num cenário em que há dominação de um gênero sobre o outro levam à violência física e psicológica”.

Os homens legitimam a violência responsabilizando a mulher (tá, a gente já sabia, mas agora temos números):

  • Para 29% “homem só bate porque a mulher provoca”.
  • Para 23% “tem mulher que só para de falar se levar um tapa”
  • Para 12% “se a mulher trai o marido, ele tem razão em bater nela”.
  • 67% dos autores de violência presenciaram discussão entre os pais na infância – entre os não agressores, o número cai para 47%.
  • Entre os agressores, 21% presenciaram agressão física; contra 9% dos não agressores.

Lei Maria da Penha

  • 92% dos homens são favoráveis, 35% não a conhecem total ou parcialmente.
  • Para 37% deles as mulheres desrespeitam os homens por conta da Lei. 81% acham que os homens também deveriam ser protegidos.

Qual tipo de ajuda um agressor precisa?

  • Ajuda profissional (psicólogo ou terapeuta): 25%
  • Conversa com a espora 20%
  • Conversa com familiares 16%
  • 68% disseram que aceitariam participar de programas para mudar o comportamento em caso de problemas com atitudes agressivas em seus relacionamentos.

Os números da violência contra a mulher no Brasil:

  • A cada quatro minutos uma mulher é vítima de agressão no Brasil.
  • A cada hora e meia ocorre um feminicídio – morte de mulher por con?ito de gênero – no
  • Brasil.
  • Mais de 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos dez anos, boa parte pelo próprio parceiro.
  • Desde que foi sancionada a Lei Maria da Penha, a Central de Atendimento à Mulher atendeu três milhões de denúncias.
  • Mas estima-se que mais de 13 milhões e 500 mil brasileiras já sofreram algum tipo de agressão de um homem, sendo que 31% destas mulheres ainda convivem com o agressor e 14% continuam a sofrer violências. Isso significa que 700 mil brasileiras são alvo de agressões cotidianamente.
  • Do total de relatos de violência registrados no 1º semestre de 2013 pelo Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher, a agressão foi presenciada pelos ?lhos em 64% dos casos. Em quase 19% eles também sofreram agressões.
  • O Espírito Santo é o estado brasileiro com a maior taxa de feminicídios, sendo 11,24 a cada 100 mil mulheres, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84). A região com as piores taxas é o Nordeste.
  • Há apenas 500 delegacias para atender mulheres agredidas em todo o Brasil.
  • Dois mil homens são presos anualmente por agredirem suas parceiras.
  • O Brasil é o sétimo país no ranking de assassinato de mulheres dentre 84 países, perdendo, na América do Sul, apenas para a Colômbia e, na Europa, para a Rússia;
  • Os números brasileiros desses assassinatos ainda são maiores do que os de todos os países árabes e africanos.
  • Em todo o país, as mulheres de menor nível educacional ainda são as mais agredidas; 71% dessas relatam aumento de violência em seu cotidiano.
  • 54% dos brasileiros conhecem alguma vítima de violência doméstica.
  • 66% dos brasileiros acreditam que o constrangimento ainda é uma barreira e que a vítima tem vergonha que saibam da violência.
  • 30% das mulheres acreditam que as leis do país não são capazes de protegê-las da violência doméstica.
  • 18,6% das mulheres afirmaram já ter sido vítimas de violência doméstica.
  • Uma em cada quatro mulheres disse que já se sentiu controlada ou cerceada pelo parceiro: que ficava controlando aonde ela ia (15%); procurava mensagens no seu celular ou e-mail (12%); vigiava e perseguia (10%); impedia de sair (7%); ou já havia rasgado ou escondido seus documentos (2%).
  • 75% dos brasileiros acreditam que as agressões nunca ou quase nunca são punidas.
  • A violência física predomina, mas cresce o reconhecimento das agressões moral e psicológica.
  • 42% dos brasileiros acham que a justiça é lenta.
  • O medo ainda é o maior inibidor das denúncias de agressões contra as mulheres.

Fontes:

  • Mapa da Violência 2012 – atualização: Homicídio de Mulheres no Brasil (CEBELA/FLACSO/Instituto Sangari agosto de 2012).
  • Organização das Nações Unidas:
  • Pesquisa Data Senado (março/2013)
  • Pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres, do Instituto Patrícia Galvão
  • (Agosto/2013)
  • Ipea Módulo de Violência da Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (Fundação Perseu Abramo/SESC, 2010)
  • Balanço do Ligue 180, dados consolidados de 2012

foto: kevin dooley via Compfight cc