Muitas Luluzinhas estiveram na Marcha das Vadias do ano passado. Foi muito importante ver tantas mulheres saindo as ruas em várias cidades do país. Porém, é importante que esse movimento não cesse. A violência contra as mulheres ainda é grande em nosso país. O desrespeito e a falta de liberdade também.
De acordo com dados do Mapa da Violência 2012, entre 87 países, o Brasil é o 7º que mais mata mulheres. São 4,4 assassinatos em cada grupo de 100 mil mulheres. A cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil. E a maioria dessa violência é praticada não por estranhos, mas por maridos, namorados e familiares.
Assassinatos parecem distante de nossa realidade, mas o que dizer da violência diária. Uma mulher sozinha no ponto de ônibus de uma grande cidade constantemente ouve gracejos, vê carros diminuirem a velocidade, é abordada apenas por ser mulher. Sabemos que somos abordadas até quando estamos completamente descabeladas fazendo cooper com camiseta de vereador na rua. Sabemos que nossa roupa não é convite para nada. Podemos sim nos vestir de maneira sensual para ir a uma balada, mas ninguém tem o direito de nos violentar por isso.
Rhanna Diógenes, 19 anos, teve o braço quebrado numa boate em Natal – RN, porque recusou-se a dar um beijo em um rapaz, que pagou a conta e foi embora. Hoje, ela tem duas placas de titânio no antebraço. É muito comum na balada termos nossos cabelos puxados, braços segurados com força por desconhecidos que dizem querer conversar conosco, mas que algumas vezes não aceitam ‘não’ como resposta.
Em Queimadas – PB, cinco mulheres foram estupradas, duas delas assassinadas. Michelle Domingos da Silva, 29 anos e Isabella Jussara Frazão Monteiro, 27 anos, foram mortas porque reconheceram os estupradores. Os criminosos eram amigos e parentes das vítimas. O estupro coletivo foi um presente de aniversário de um irmão para outro.
Além desses casos há a lesbofobia, ahomofobia, a transfobia e o racismo. Sempre que um homem é chamado de “afeminado” o preconceito e a misoginia estão presentes. Lésbicas sofrem com estupros corretivos porque “nunca provaram o que é um homem de verdade”. Transexuais são espancadas e chamadas de aberrações. Negras são xingadas quando trabalham porque ““não deveriam estar lidando com gente, deveriam estar na África, cuidando de orangotangos”.
A violência mostra-se de diferentes formas para todas as mulheres, algumas a sentem muito mais que outras, mas todas podemos ser chamadas de vadias. Basta negar um beijo em uma boate, usar uma saia curta, exprimir nossa sexualidade, ter uma sexualidade diferente da heteronormativa, desejar ser de um sexo diferente do designado ao nascer ou ser de uma raça diferente da branca dominante.
É por isso que marchamos e convidamos você a marchar conosco. Pelo fim da violência contra a mulher e pelo fim da culpabilização das vítimas em casos de violência sexual. Ao nos apropriarmos do termo “vadia” ressignificamos uma palavra que existe para ferir as mulheres. Essa palavra não mais nos ofende, porque se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias.
Em 2012, as vadias saem às ruas no dia 26 de maio, numa grande marcha nacional. Confira no Calendário das Marchas ou no Facebook onde e quando será a Marcha das Vadias mais próxima de você.