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Luluzinhas sustentáveis

Lembro-me do primeiro Luluzinhacamp Nacional, realizado em São Paulo no ano de 2008, como se fosse hoje. E uma das características que marcaram aquele primeiro encontro, e se mantém em todos os outros, é a preocupação com o meio ambiente.

luluzinhas sustentáveis

Desde o início, temos o cuidado de levar nossas próprias canecas e os nossos talheres para degustar as gostosuras deliciosas que preparamos para o evento. É tanta delícia que não damos conta de comer tudo. O que não consumimos é enviado para uma instituição. Desta maneira, evitamos pratos e copos descartáveis, evitamos o desperdício, e a natureza sorri!

Outra ação sustentável muito bacana nos encontros é a doação de roupas para uma instituição combinada pela gente. Destacamos, ainda, o show de sacolas retornáveis e ecologicamente corretas, presença certa entre os brindes distribuídos nos Luluzinhacamp.

Falando em arte, as luluzinhas prendadas levam suas criações, e um bazar com coisas muito criativas é organizado. Assim tem sido em todas as edições do luluzinhacamp. O bazar de trocas é uma atração sustentável e ecoconsciente.

O encontro Nacional, desde o início, tem sido uma experiência fascinante para as luluzinhas que já se conhecem e podem se reencontrar a cada ano, em São Paulo, vindas de várias partes do Brasil. E também é muito muito acolhedor para as novas luluzinhas conhecerem aquelas mulheres com quem conversam online.

Passamos quase um dia inteiro conversando sobre coisa séria, em assuntos que vão de tecnologia a manicure. Conversamos, também, sobre proteção animal, fazemos oficina de sabão caseiro, de fotografia, de costura, de silk, e por aí vai. Compartilhar arte e conhecimento é totalmente inspirador e sustentável.

LuluzinhaCamp é sustentável. É sempre bom podermos compartilhar, ano após ano, experiências sustentáveis e aproveitar o clima verde dos eventos nacionais.

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Denise Rangel é carioca, professora, produtora de rodas de leitura, ecoconsciente, intempestiva e apaixonada. Passa os dias transformando tempestades em paixão por tudo quanto seja Vida.

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[Consumo] Ali babá e os quarenta ladrões

Produção Smiletic

Então, já deu sua passadinha no site Ali Express hoje? O portal de vendas virou febre entre os brasileiros recentemente e fico pensando aqui na coincidência do título do meu texto, e do livro, e a forma como ele funciona.

Vamos falar sobre cadeia de produção? Então senta que a conversa será longa.

Sabe o que o anel de abalone que você comprou na adolescência na feira de artesanato em Caraguatatuba (ou outra cidade litorânea) e a calça da Diesel vendida na Oscar Freire por uma pequena fortuna têm em comum (eu não sei o preço dela)? A cadeia de produção.

Uma pessoa pensa em criar algo. Se for um artesão ele procurará pelos materiais necessários, fará a peça e tentará vendê-la. Se vendê-la pela internet, esse artesão provavelmente precisará de um intermediário que permita ao comprador usar seu cartão de crédito. Após a confirmação do pagamento a peça será embalada e despachada.

Se falarmos de uma empresa, todas essas fases também acontecem, substituindo o papel do artesão por uma área de criação, outra de compras, outra de projetos, que torna o sonho em algo viável, a área de produção, a área de marketing, que pensará em como e quando o produto poderá ser vendido, a área de vendas, diretas ou para outras empresas, o financeiro para controlar o que foi pago e o que foi ganho, a contabilidade, o departamento pessoal, a limpeza… Ufa, quanta coisa.

Em todas essas fases: custos, impostos e encargos. Impostos que permitem ao Estado fazer seu papel social – ainda que ele não o faça direito – e encargos que devem garantir os direitos dos trabalhadores.

E nada disso aparece naquela linha nova da Nota Fiscal em que você nunca prestou atenção na qual são demonstrados os impostos. Porque ali estão apenas os impostos diretos daquela venda, e não tudo que veio sendo embutido a cada fase do processo.

E por que uma calça jeans custa R$ 89,00 naquela loja de fast fashion do shopping e mais de R$ 500,00 na tal loja da Diesel que citei – estou apenas chutando um número?

A cadeia de produção funciona da mesma forma para as duas, mas podem ter valores diferentes em função da qualidade e exclusividade da matéria-prima utilizada, da complexidade da peça, a quantidade de peças fabricadas num mesmo modelo, do local aonde está instalada, se terceirizam ou não sua produção, aonde tem suas lojas.

Além de tudo isso, contam marca e status. Marca é algo conquistado. É o trabalho diferenciado que traz a fama, é a qualidade que as pessoas reconhecem. É algo construído. O status é uma opção: você nunca vai encontrar uma calça jeans por R$ 50,00 em uma loja como a diesel porque ela não quer. Ela prefere ganhar muito em uma peça do que muito em várias peças – não se engane, todas elas estão ganhando – e ser reconhecida como tendo um produto especial, para poucos.

Que querem continuar sendo poucos, que não querem encontrar “um qualquer” usando a mesma roupa que eles.

Normalmente a opção pelo status vem depois que a marca já está consolidada, mas algumas vezes é uma estratégia desde o lançamento de um produto.

A questão é que para um produto, aquele seu sonho de consumo chegar até você, existe pelo menos uma pessoa envolvida, se estamos falando de algo artesanal, e que deve ser adequadamente remunerada por seu trabalho – como você deve ser remunerada adequadamente pelo seu.

Então, olhando para tudo isso, você não acha estranho que uma camisa social, que para existir exigiu tempo, dedicação, matéria-prima, pagamento de impostos e encargos, custe US$ 5? Por mais barato que seja o custo de vida no país em que ele foi feito, algo me diz que US$ 5 não é o bastante para remunerar adequadamente seja um artesão, seja uma fábrica inteira.

Sim, por aqui os preços andam descontrolados, ainda assim, US$ 5 é muito pouco.

Poxa, Simone, mas se eu não comprar desta forma eu não consigo comprar!

Bom, acho que precisamos pensar no que realmente precisamos comprar, o não comprar nem sempre é uma opção ruim, o reduzir as compras menos ainda.

Agora, a mágica dos preços baixos eu conto num outro texto.

Foto: Simone Miletic

*Texto publicado originalmente em Smiletic.com e faz parte de uma série de 3.