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Blogueiras Negras promovem I Encontrão em Recife, São Paulo e Belo Horizonte

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[Momento orgulho total absoluto preto radiante: vai ter Encontrão das Blogueiras Negras. Muito orgulho das mulheres negras em luta, que se encontram, se qualificam cada dia mais para a luta delas – que é mais feia que a das brancas. Emocionante viver isso. Orgulho muito destas mulheres irmãs.]

O I Encontrão Blogueiras Negras é momento de formação contemplando as novas práticas de combate à violência doméstica contra a mulher, pensando, sobretudo no combate ao racismo e misoginia dentro e fora da internet. Nossas oficinas vão discutir temas estratégicos sobre os direitos sexuais e reprodutivos, como o aborto, autonomia e direito ao próprio corpo, a partir criação de narrativas construídas por e para mulheres negras. Sendo esse espaço pensado para o acolhimento das mulheres negras.

Com o objetivo de promover a reunião em diferentes cidades (São Paulo, Recife e Belo Horizonte), o Encontrão visa informar, capacitar e fortalecer o posicionamento dessas mulheres quanto ao combate ao racismo, opressão de gênero com ênfase na violência de doméstica, promovendo a palavra como meio de luta através de diferentes ferramentas de comunicação e as novas mídias.

As oficinas, simultâneas e continuadas, levarão informação para as mulheres sobre os temas segurança virtual, feminismo negro, escrita criativa, rap e poesia, audiovisual, criação de blog e fanzine. As oficineiras convidadas para o Recife, Jéssica Ipólito do blog Gorda e Sapatão e Rayza Oliveira do Cine club Bamako trarão transversalmente os temas relacionados ao feminismo negro e combate as violências.

Além das oficinas, haverá ainda a Feira das Pretas com afroempreendedoras expondo e vendendo suas produções como roupas, bijuterias, acessórios, comidinhas e afins.Pensando no necessário acolhimento das crianças, haverá uma creche solidária para que as mamães possam participar das oficinas com maior tranquilidade, sabendo que suas crianças estarão sob cuidados de outras mulheres negras, dedicadas a garantir a segurança, bem estar e diversão através da apresentação de filmes, contação de estórias, leitura, por exemplo.

Para encerrar esse momento tão especial, haverá atrações culturais para tornar ainda mais inesquecível nosso momento final de confraternização quando vamos comemorar todo esse tempo em que tivemos com as mãos dadas construindo novas teias narrativas de vida e de possibilidades.

As inscrições para as oficinas em Recife podem ser feitas no site: http://encontraoblogueirasnegras.com/pernambuco/

E as Afroempreendedoras podem se inscrever em:
https://docs.google.com/forms/d/1mg9b6ywE1mylNpwDflTygczKHV19R_27UUcMDkOXz3A/edit?ts=57ef07c1

Descontos: Mulheres negras que são Blogueiras Negras, Blogueiras Feministas e Mulheres Trans tem desconto nas oficinas!

 

Variável:

Em Recife, o Encontrão será no próximo dias 22 e 23 de outubro, no Museu da Abolição.
Em São Paulo, nosso Encontrão será no próximo dia 19 e 20 de novembro, no CCJ.
Em Belo Horizonte, nosso Encontrão será dia 12 e 13 de dezembro, no local ainda a confirmar.

Serviço
O que:
I Encontrão Blogueiras Negras
Onde: Recife (Museu da Abolição) São Paulo (CCJ), Belo Horizonte
Quando: 22 e 23 de outubro; 19 e 20 de novembro; 12 e 13 de dezembro
Insçricões: http://encontraoblogueirasnegras.com/ http://encontraoblogueirasnegras.com/pernambuco/

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Ah, Branco dá um tempo

Ah, Branco, dá um tempo!
[

[Post das Blogueiras Negras, publicado aqui com autorização das mesmas]

Você me pergunta se vou dizer que você é racista, me responda você!

Racismo não é polêmica, muito menos rancor ou falta de humor. Mais que ninguém, que se
pensa um defensor dos direitos de seus pares negros e portanto um aliado na luta contra o
racismo, deveria saber disso. Deveria saber também que cogitar tal hipótese e ainda enumerar
amigos negros para se defender, é viver num mundo tal de privilégio onde se pode rebater a
crítica dizendo que as vozes de mulheres negras são apenas controvérsia, ou fazer um grande
esforço para esconder o próprio racismo. Quem sabe os dois.

Ah! Branco, dá um tempo! Você diz que “dói” ver luta de seus colegas negros, menosprezados
e invisibilizados por sua cor. No caso da mulher negra, tudo se agrava. Você certamente tem
ciência das recentes e tristes notícias sobre Neuza Borges, uma das maiores atrizes que temos,
mas que por seu lugar de mulher negra não encontra lugar na televisão brasileira. Vive na
carne a falta da carne em seu prato porque a próxima novela não acontecerá tão cedo. Vai
depender da “boa vontade” de alguém, não do seu talento.

Você me pergunta se o problema é o sexo ou “as nega”, querendo desacreditar nossas críticas
fundamentadas não em pré-julgamento, mas em fatos veiculados na mídia. Notícias essas
que agora dão conta que de repente a Globo, antes tão entusiasmada com seu projeto, parece
que já não está tão feliz assim. Você argumenta que se trata de uma prosódia pura e
simplesmente. Alega que o título da série veio de uma mulher negra. Aliás, me pergunto se
essa mesma mulher recebeu os devidos créditos e bufunfa por sua colaboração já que foi
descrita por você como nada mais que um estereótipo, alguém que não merece nome, muito
menos sobrenome.

Não tem problema branco, vou enegrecer tudo novamente.

As negas, volto a explicar, não é uma questão de prosódia.

Tal expressão transforma o corpo da mulher negra em peça, como eram chamados os
escravizados, a ser consumido por uma sociedade racista. Nos coloca no lugar de mercadoria
de segunda mão que não receberá o mesmo tratamento da carne branca e delicada, aquela
que não é “suas nêga”. A expressão é embuída não apenas de pensamento escravocrata, mas
também de machismo, cujas consequências sentimos na pele por sermos mulheres negras.
Trata-se portanto de uma dupla violência que categoriza mulheres de acordo com sua cor de
pele, qualidade que determinará qual o valor e o lugar que têm.

Ainda sobre o nome da série, temo que muitas pessoas não saibam a diferença entre um
adjetivo racista e um adjetivo comum. Na Bahia, nego e nega tem conotações diferentes das que tem em Recife, por exemplo. E dependendo do uso da frase, do tom com que se fala, de quem recebe e de quem envia a mensagem, você ofende ou elogia. No entanto, a construção “não sou tuas nega” não permite outro significado possível que não o racismo num contexto hediondo de 350 anos de escravização. E se alguém perpetua adjetivo racista, que nome isso deve ter? Ah! Branco, me diga você!

Sua ideia, aos olhos poucos atentos ou interessados apenas em gerar lucro, pode até parecer de grande monta. Porém, está longe de gerar visibilidade ou dignidade. Aliás, exatamente o contrário. Como quase sempre acontece com literatura e dramaturgia feita por brancos sobre negros, nos trata como simples objeto de estudo, algo que pode ser manipulado e observado justamente como você faz, nos ensina a professora Lígia Fonseca Ferreira. Nada mais é que negrismo e não negritude, como tem insistido o escritor e jornalista Oswaldo de Camargo.

Sim, estou dizendo com todas as letras que quem deve escrever para o negro e pelo negro deve ser ele mesmo, não uma pessoa branca. Chame isso de racismo reverso se quiser. Para gente o nome disso é visibilidade, esta sim capaz de nos ter algum benefício, com poderes para mudar o modo como seremos retratadas na próxima novela, na próxima minissérie. Sem isso, nada mudará, seguiremos sendo uma sociedade estruturalmente racista e machista onde a mulher negra nada mais é que um estereótipo para racista se divertir ou entreter.

Uma sociedade em que nós, mulheres negras, não somos protagonistas nem mesmo num seriado a quem damos o nome. Sim, as notícias têm mudado, mas as primeiras davam conta de uma branca como a atriz principal. Ela que, atrás de um balcão de bar, vai nos observar como animais num zoológico, ela quem fala em nosso lugar. Nossa história, sofrimento e capacidade de discursar sobre nós mesmas são meros detalhes. A narradora da trama, nesse caso narrador, é alguém isento desse mesmo sofrimento. Não é bobagem, nem caretice, nem ditadura do politicamente correto como alguns vão afirmar. É critica e zelo por nossa memória e existência.

Você argumenta que “um programa que refletisse um pouco a dura vida daquelas pessoas, além de empregar e trazer para o protagonismo mais atores negros” seria desejável. E na verdade seria mesmo. Desde que escrito, produzido e protagonizado por negros. Não por alguém que nem se deu ao trabalho de creditar a mulher negra que deu o título à série. Esse detalhe é causa e ao mesmo tempo consequência de todos os outros: a fetichização de nossa
sexualidade e corpos, a ênfase nos estereótipos, a violência simbólica que a série representa.

Como pretender que nos desumanizar é visibilidade? Desde quando nos tratar como a carne mais barata do mercado como canta Elza, a Soares, é ser aliado? Ah! Branco, dá um tempo! Suas palavras apenas enfatizaram suas intenções, a cada parágrafo tivemos a certeza de que nossas críticas são fundamentais e muito bem fundamentadas, por isso incomodam tanto. Seguiremos denunciando o racismo e o machismo daqueles que se fiam no privilégio para destilar veneno e cometer tais violências contra a mulher negra.

Isso não é sobre sexo. É sobre denunciar um sistema perverso que exclui as mulheres negras de todas as esferas e nos torna menos que humanas. Sistema esse que também incide sobre o homem negro, alvo primeiro e preferencial da violência policial e da hipersexualização do seu corpo: o “homem do pau grande” é resultado da brutal animalização do corpo negro, sempre pronto pro sexo. Onde está a crítica desse sistema na televisão brasileira? De certo não está em seu seriado, muito menos em sua fala.

Repudiamos suas palavras porque fomos estupradas nas senzalas e continuamos a ser na dramaturgia feita por brancos sobre nós através de imagens estereotipadas em seriados, novelas e minisséries. Esse é um dos mecanismos que a aliança entre o racismo usa para se perpetuar: hipersexualizando a mulher negra que se torna desprezível para outros papéis sociais. Você fala da mulata quente, gostosa, fogosa. Somos muito mais que isso. Precisamos ser mostradas como as mulheres do dia-a-dia, que trabalham, dançam, fazem festa e querem sexo sim, mas que não são apenas isso.

Não estamos aqui menosprezando nem dizendo que não somos camareiras, domésticas, cabeleireiras: também somos trabalhadoras domésticas, cuidadoras. Mas sobretudo, com as nossas conquistas e a nossa luta, galgamos lugares, posições: somos diretoras, bailarinas, advogadas, publicitárias, escritoras, professoras e médicas. Onde elas estão no seu seriado? Será que elas não moram em Cordovil? Será que elas não estão nas periferias? Duvido muito. NÃO aceitaremos mais ser caricaturas! Por isso a critica vai além do nome da série, o que por
si só é deveras problemático.

Ah! Branco, dá um tempo! Nem queremos crer que você está se comparando e recorrendo a Spike Lee para credibilizar seu trabalho. Não, nos recusamos. E não é somente porque Spike Lee é preto, é porque não vemos nada, absolutamente nada de crítica racial em “Sexo e as Nega” como vemos em “Faça a coisa certa”. O gueto é paisagem, mas também é a vida, é a teia, é o sangue do autor que não está só observando e contando sua versão dos fatos: Spike Lee está no gueto, ele é o gueto. E não alguém que não é “as nega”, alguém que pretende que
nosso único objetivo de vida é ter um parceiro sexual.

E por favor, respeite nossa memória e retire suas palavras ao nos chamar de capitães do mato. Não estamos perseguindo as atrizes negras desse seriado, muito menos as mulheres reais que são representadas pelas suas personagens. Quem conhece um pouquinho de história e dela faz um uso bem intencionado, sabe que existem outras versões além daquela em que fomos escravizados sem lutar, viemos sem resistência num navio negreiro. Não se faça de desentendido, quem criou capitães do mato não foram os próprios negros.

Acusar alguém de “se tornar capitão do mato” é algo muito mais complexo do que formular uma frase. É impossível que sejamos algozes de nós mesmos, isso é falácia. Retire sua fala e reflita sobre o que significa nosso boicote e critica que têm como alvo um modelo e um sistema historicamente racistas, em que nem o direito de falar, contar nossas próprias histórias e tecer criticas nós temos. Repito: isso não é uma caçada ao povo negro nem à mulher preta e pobre. É sobre o racismo enrustidamente manifesto, sem nem se sentir ou admitir.

Manifestamos profunda oposição a esse mundo, de quem bate e finge entender a dor daquele que apanha. Esse mundo onde racismo agrada, é piada pronta para gerar audiência e naturalizar o racismo. Estamos fartas do seu discurso, de programas que usam blackface, que transformam toda mulher negra em empregada doméstica ou mulata globeleza. Nossos corpos não são espaço para seu deleite, divertimento, lucro ou usufruto. Nós somos mulheres
negras de pena e teclado, ciosas e autoras de nossos próprios enredos e objetivos de vida.

Ah! Branco, dá um tempo! Quem nos silencia é racista sim.

Blogueiras Negras
Bloco das Pretas
Gorda & Sapatão
Aline Djokic
Sheu Nascimento
Djamila Ribeiro
Leila Negalaize Lz – panelladexpressão
Rede Sapatà
Coletivo Audre Lorde
Negra e lésbica
Mirt’s Sants
Mulheres Negras Capixabas – MNC
Coletivo Negrada – UFES
Mariana Costa Barbosa
Cláudia Isabele dos Santos Silva
Ginga Movimento de Mulheres Negras do Subúrbio
Blogueiras Feministas
Maria Rita Casagrande
Charô Nunes
Marjorie N. Chaves
Festival Latinidades
Xênia Mello
Hanayrá Negreiros
Vanessa Beco
Organização de Mulheres Negras Ativas
Natália Néris
Mayã Martins Correia
Luciana Maria de Almeida
Viviana Santiago
Sandra Muñoz, Movimento de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia
Cintia Clara, Anapólis, GO
Daniela Lima
Flavia Souza, RJ
Rosalia Lemos, E’LÉÉKÒ e Doutoranda em Política Social – UFF
Flavia Souza, atriz, cantora e coreografa, formada pela UFRJ, ativista e fundadora e
coordenadora geral da Associação Grupo Cultural Afrolaje
Juliana Gonçalves, jornalista
Cojira/SP- Comissão dos Jornalistas pela Igualdade Racial
Thiane Neves Barros
Coletivo Flores Crew
Ofensiva Negritude
Nêgo que é Nêgo não Nega a Nêga
Rose Dayanne Santana, jornalista
Tamila Silva dos Santos
Luana Euzébia. Pedagoga, professora. cantora no grupo Memória de Mulheres Urbanas e
participante do projeto Donas da Rima, DF.
Isabele Eleonora do Espírito Santo Silva, Rede Sapatà
Viviane Lira da Silva- Rede Sapatá, JP
Larissa Santiago
Daniela Lima – Coturno de Vênus Brasília
Sabrine Fortes Ulguim, historiadora – Novo Hamburgo-RS
Viviane Anibal – Grupo de Trabalho sobre Relações Raciais do Conselho Regional de
Psicologia de São Paulo.
Rosangela José da Silva – Administradora, dona do canal Rosajorosa
Carolina Santos B. Pinho – Professora. Doutoranda na Universidade Estadual de Campinas.
Regina Maria da Silva, Professora (Educação Básica e Ensino Superior), Pedagoga e
Socióloga, Mestre em Educação: História, Política, Sociedade)
Carolina Ferreira de Souza. Graduanda em Engenharia de Pesca.
Jéssica Santos – Fórum de Juventude Negra do Amazonas- FOJUNE
Uiala Mukaji – Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco
Instituto AMMA Psique e Negritude
Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba
Instituto de Mulheres Negras do Amapá
Rede Mulheres Negras do Paraná
Criola – Organização de Mulheres Negras
Geledés – Instituto da Mulher Negra
Associação Cultural de Mulheres Negras – ACMUN
Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB
Nzinga Mbandi
Amanda Lopes da Silva
Fernanda Nunes Sousa Mendes
Sueli Feliziani
Fernanda Nunes Sousa Mendes
Gabi Porfírio
CEDENPA – centro de estudos e defesa do negro do Pará
Rosana Santos Jotta
Sara Joker Siqueira – artista visual e atriz
Luiza Regina Alves de Oliveira – Psicóloga e Educadora Popular
Nina Franco – fotógrafa, artista visual e ativista anarquista – feminista
Janaína Damaceno. Antropóloga, Fotógrafa e Professora universitária.
Instituto Patrícia Galvão [O LuluzinhaCamp incentiva a todas a não assistir este programa – e fortalecer as nossas Blogueiras Negras como puderem]

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Blogueiras Negras

Hoje, 25 de julho, é Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha. Uma data que existe para lembrar a luta das mulheres negras, muitas vezes tratadas como cidadãs de segunda classe em nosso país, como a carne mais barata do mercado. A resistência das mulheres negras merece e precisa sempre ser lembrada.

Ano passado, publicamos um texto muito especial da Larissa Januário: ‘A Tia Anastácia e o pé na cozinha’. Falando sobre essa relação entre as negras e o batuque da cozinha, aquela que é sempre ajudante e nunca protagonista. Quando dizemos que o racismo no Brasil é velado, falamos desses pequenos atos cotidianos, dos olhares, de como enxergam a mulher negra que entra sozinha num bar, que chega para uma vaga de emprego, quando entra na loja cara de um shopping, de sua invisibilidade na televisão e na publicidade.

Esse texto da Larissa foi feito para marcarmos presença na I Blogagem Coletiva da Mulher Negra, organizada pela Charô, Luluzinha desde o início do grupo. Essa empreitada rendeu frutos e esse ano nasceu o projeto: Blogueiras Negras.

Talvez você se faça a seguinte pergunta: mas por que um blog só sobre mulheres negras? Porque é preciso contar as histórias dessas mulheres, que geralmente se perdem em meio a generalização de outros blogs de mulheres. É importante termos em mente que não existe “a mulher”. Dependendo de sua classe social, raça, etnia, emprego, estudo, sexualidade, entre outros fatores sociais, cada mulher viverá diferentes experiências, com diferentes perspectivas.

As Blogueiras Negras existem para marcar presença na internet:

Fazemos de nossa escrita ferramenta de combate ao racismo, sexismo, lesbofobia, transfobia, homofobia e gordofobia. Porém, também pretendemos ser uma comunidade; um espaço de acolhimento, empoderamento e visibilidade voltados para a mulher negra e afrodescendente. Acreditamos que a troca de vivências e opiniões em função da negritude partilhada não é apenas desejável, mas um objetivo comum. Queremos celebrar quem somos, quem fomos e quem seremos.

Como espaço de discussão, festejaremos nossa afroascendência. Ressignificaremos o universo feminino afrocentrado através do registro nossas histórias, nossas teorias e sentimentos. Escrevendo, gravando e produzindo, construindo nossa própria identidade como mulheres negras e afrodescendentes. Mulheres de pena e teclado, reinventando a tela para que amplifique nossas vozes.

Perguntei a Charô o que a motivou a construir as Blogueiras Negras e como ela enxerga o projeto após seis meses no ar:

O Blogueiras Negras surgiu após uma série de experiências que tive com a atuação de mulheres na internet. Nesse processo, o Luluzinhacamp é fundamental, pois foi o primeiro espaço de acolhimento, tanto virtual quanto presencial, que conheci. Um segundo espaço que me acolheu foi o Blogueiras Feministas, onde praticamente todo mundo que está fazendo o feminismo online acontecer se reúne. Conhecer um projeto chamado Afroblogs me fez perceber que talvez houvesse espaço para que a produção de conteúdo da mulher negra que escreve especificamente para internet.

Assim, em 2012, surgiu a Blogagem Coletiva da mulher negra. Algum tempo depois, li um post no Tempo Fashion, da blogueira Juh Sara, perguntando onde estavam as blogueiras negras na moda. Porque as pessoas imaginavam que esse tipo de conteúdo não poderia ser escrito por uma negra. Então, me perguntei onde estavam as blogueiras negras e imaginei o projeto. Porém, o grupo só ganhou fôlego com a chegada de outras facilitadoras. Primeiro, Larrisa Santiago e Verônica Rocha. Depois, Maria Rita Casagrande do True Love e Zaíra Mau Humor Pires.

Isso sem falar da generosidade das mulheres que se dispõe a escrever com a gente, claro.

Para mim é uma honra ser colaboradora de um projeto tão bacana. Então, não deixe de conhecer iniciativas importantes como essa e de lutar contra o racismo. Em agosto, acontecerá o primeiro Encontro das Blogueiras Negras em São Paulo, mais uma oportunidade para conhecer mulheres incríveis.

Esse post faz parte da I Blogagem Coletiva 25 de Julho – Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha.