Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. Divirtam-se conhecendo um pouco da dança burlesca!
Esta é a Semana de Arte e Cultura do LuluzinhaCamp, e eu estou aqui para contar pra vocês sobre uma modalidade de dança ainda pouco conhecida no Brasil: a dança burlesca.
Uma breve história do Burlesco
Antes, um pouquinho de história. O burlesco como conhecemos atualmente teve origem nos Estados Unidos, na década de 1860. Era um show de variedades onde tudo era exagerado (burlesco significa exagero), e era composto principalmente de números de comédia, principalmente sátiras políticas, e os grandes números de striptease.
Sim, você leu direito: striptease! Por ser burlesco, eram números muito exagerados, teatrais, que eram sensuais ao mesmo tempo em que tiravam sarro da sensualidade. Ah, e a dançarina nunca fica completamente nua: um tapa-sexo ou calcinha fio dental e os pasties, aqueles enfeites que cobrem os mamilos, são obrigatórios. Por causa da censura no século 19, estes elementos eram fundamentais.
Quer um exemplo? A grande estrela da época, Gypsy Rose Lee, era expert na arte de misturar sensualidade com comédia e inteligência.
*“A Psicologia de uma Stripteaser”, por Gypsy Rose Lee, em versão apropriada para TV. Aprecie a beleza deste monólogo!
A dança burlesca
Os shows burlescos permaneceram populares até a década de 1940, depois foram caindo na marginalidade. Alguns filmes de Hollywood tentaram manter o estilo, recriando o espírito das performances burlescas entre 1930 e 1960, ou incluindo cenas ao estilo burlesco em grandes filmes como Cabaret, de 1972, entre outros.
A própria Gypsy Rose Lee teve sua vida retratada no filme Gypsy, de 1962, estrelado por Natalie Wood. Mas foi somente no início dos anos 1990 que o burlesco voltou à cena com nomes como Catherine D’Lish, Jo Weldon e… Já adivinhou? Dita Von Teese.
Então, o burlesco é isso. É a arte de tirar a roupa com sensualidade, mas ao mesmo tempo de forma divertida e teatral, mesclando elementos de danças como jazz, charleston e dança do ventre, entre outras, em coreografias que, não raro, contam uma história para o público.
Além disso, o burlesco apóia a diversidade. No burlesco não existe o “corpo perfeito”: gordinhas, magrinhas, gostosas ou não, a dança é democrática e tem espaço pra todo mundo. Só não podem faltar muitas plumas, muito Swarowski, muito glamour e muito senso de humor! 🙂
Disclaimer: o flime Burlesque, com a diva Cher e a Xtina, não tem nada a ver com burlesco. O clube retratado no filme é, no fim das contas, um cabaré. O blog The Frisky tem um artigo ótimo sobre isso, vale a leitura: What Actual Burlesque Stars Think Of The Movie “Burlesque”.
*Lola Kitt é showgirl, Luluzinha e stripper, com muito orgulho. Há dois anos apimenta a cena noturna paulistana com performances burlescas de muito glamour. Para saber mais da moça: contato@lolakitt.com / www.lolakitt.com
Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. O tema de hoje é Arteterapia. Divirtam-se!
Meu nome é Ana Carolina* e falar sobre Arteterapia justamente na semana de Arte e Cultura é um privilégio, uma alegria e um avanço. Já li e ouvi muitos artistas dizerem que “fazer” Arte, seja lá de que forma, é uma terapia. Tá na boca do povo, mesmo sem entenderem de forma clara ou técnica de que maneira essa dinâmica funciona.
Acontece que expressão artística é imemorial. Faz parte da história, dos rituais, da beleza, da sobrevivência. E de século em século, ano após ano vimos brotar inúmeros e talentosos artistas capazes de encantar, de chocar, de modificar pessoas através de seus ideais e manifestos artísticos… E eis que a prática de transformar pessoas e seus rumos pessoais foi sistematizada e formatou-se como Arteterapia, Terapia Artística, Arte Integrativa e tantos outros nomes que também caberiam aqui.
Por que Arteterapia?
Jung, o famoso médico que nos trouxe conceitos como Arquétipos, Inconsciente Coletivo e Psicologia Analítica, diz que o potencial criativo do ser-humano é inato. E foi basicamente este conceito que me trouxe à Arteterapia. Inúmeros são os motivos, mas descrevo alguns aqui:
A possibilidade do processo terapêutico que normalmente é penoso, longo e árduo em gerar como sub-produto manifestações artísticas que promovem naturalmente este potencial criativo que habita os seres-humanos;
A capacidade dos diálogos e expressões não-verbais que facilitam e florescem o caminho dx interagente (paciente ou cliente também servem) e norteiam a atuação dx terapeutx;
O contemplar da beleza de qualquer produção artística, sem necessitar de apreciação estética, justamente porque ali jaz a revelação de uma profundidade tão bela quanto poética;
A possibilidade em no meio do caminho fazer-se descobrir um artistx que passa a te habitar, cujo caminho é sem volta.
A Arteterapia e eu
Aconteceu comigo. Após o término de minha formação profissional me apropriei da poeta que não sabia ou não permitia que vivesse em mim. Deixei de lado a frustração de minha sensação de incapacidade com os materiais plásticos, para entrar em contato com uma expressão artística mais conceitual, corporal e poética.
Tem um lado meu que também se encanta com o trabalho Arteterapêutico porque ele não é excludente, é inclusivo, transdisciplinar. Podemos utilizar Arte em qualquer vertente terapêutica, seja ela Psicanalítica, Corporal, Xamânica… Você pode já ser terapeuta, artista ou educador e complementar sua atuação através de ferramentas terapêuticas artísticas.
Arteterapia é trazer para uma relação terapêutica qualquer manifestação artística que seja capaz de transformar, que se torne ponte de uma relação entre interagente e terapeuta, cuja riqueza para ambos é inestimável.
O profissional de Arteterapia
O mérito do cuidador é se apropriar de algumas técnicas e saber como aplicá-las de modo que aquele material ou prática tornem-se interlocutores de sua relação terapêutica e do que moverá aquele interagente para a transformação. Mais do que se apropriar de técnicas é saber moderá-las, é saber não ser técnico quando não se precisa.
Já dizia brilhantemente Manuel Bandeira em POÉTICA: […]”sou técnico, mas só tenho técnica dentro da técnica, fora isso, sou completamente louco” .
Para mim, o profissional em Arteterapia deve antes de tudo querer brincar, se transformar no que o cliente deseja que você seja naquele momento, se isso lhe ajudar a resolver suas questões, dentro dos limites estabelecidos entre ambos.
Ele deve entender de mitos, atentar aos relatos de sonhos, pesquisar sobre os interesses daquele interagente, seja um filme, autor, banda, esporte ou desenho animado. Quanto mais sua linguagem se aproximar da linguagem daquele que está ali na sua frente, confiando a ti seus anseios e dificuldades, maiores serão as chances de adentrar ao seu mundo subjetivo.
Tintas, linhas e agulhas, lápis coloridos, papéis diversos, argila, terra, velas, pedras, fotografias, livros, histórias, contos, mitos, instrumentos musicais, músicas, danças, encenações teatrais e vídeos são alguns exemplos dos infindos instrumentos de trabalho de um Arterapeuta.
Um pouco mais sobre Arteterapia
Se você deseja saber mais sobre o universo vasto da Arteterapia, ao final do post coloco alguns links de sites que contém artigos, indicações de profissionais e cursos para quem deseja se tornar Arteterapeuta ou apenas beber um pouco da fonte…
Arteterapia é técnica, é estudo, é compromisso, responsabilidade, é magia, alquimia, encanto, excitação. É fincar os pés na realidade sem deixar que suas asas toquem o céu.
E para finalizar, deixo aqui sábias palavras do mesmo poema citado anteriormente e por fim um dos meus poemas, pois não poderia deixar de me exibir em meu mais novo ofício!
*Trecho de POÉTICA de Manuel Bandeira
“Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos Clowns de Shakespeare
Não quero mais saber deste lirismo que NÃO é
LIBERTAÇÃO”
POETA
(Ana Carolina Arruda)
Ser poeta é tocar corações jamais vistos
É acariciar almas sedentas de acalentos
É entregar palavras eternamente aos quatro ventos e sorrir
Sim, sorrir porque frases voam andarilhas nos tempos
E fingindo-se perdidas vão certeiras emprestando-se aos sujeitos
Vai-te poesia!
E liberte-se nos ventos sorridentes deste dia
Verei que chegarás como beija-flor em néctares sutis que te receberão como mais que visita bem-vinda…
esperada
Vai-te poesia e jamais retorne a mim porque não mais te tenho
Nunca te tive
Apenas te recebi em meu corpo, te esculpi em meus dedos e te soprei em meus lábios
És agora semente fecunda nas almas
Links Importantes
www.ubaat.org – Site da União Brasileira das Associações de Arteterapia. Além de informações sobre Arteterapia conta com uma grande lista dos sites de entidades filiadas à UBAAT no Brasil inteiro, facilitando o acesso à informações na região mais próxima de você.
www.centrodearteterapia.blogspot.com.br – Centro Integrare coordenado com muita responsabilidade e foco por Danielle Bittencourt no Rio de Janeiro. Foi o Centro onde realizei minha formação. O blog contém diversos artigos interessantes além da divulgação de cursos
www.alquimyart.com.br – Centro presidido pela Arteterapeuta Cristina Allessandrini, profissional muito reconhecida da área. O site contem artigos, publicações, informações sobre cursos, especialização e pós-graduação em cidades como São Paulo, Goiânia, Aracaju e Natal.
www.ceuaum.org.br/cursos/pos-graduacao.htm – Centro de estudos Universais filiado à Universidade Anhembi Morumbi em SP, que oferece pós-graduação em Arte Integrativa, cuja qualidade docente é excelente.
www.incorporarte.psc.br – Centro Incorporarte no Rio de Janeiro que oferece também cursos em Curitiba e Florianópolis. No site encontram-se publicações e artigos bastante ricos e dinâmicos sobre diversos campos de atuação Arteterapêutica.
www.sab.org.br/med-terap/terap-art – Se você se identifica e se interessa pela Antroposofia de Rudolf Steiner, a terapia artística será uma ótima opção.
*Ana Carolina de Arruda é Naturóloga, Arteterapeuta, Terapeuta Corporal e Poeta ainda nas horas vagas. Decidiu não ser publicitária acreditando que sua profissão poderia ser uma extensão de seus valores e hábitos pessoais. Atualmente reside no Rio de Janeiro onde realiza trabalhos individuais e em grupo com crianças e adultos. Acesse o blog www.natunorio.blogspot.com