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Lançamento do documentário #euvocêtodasnós: conheça melhor as entrevistadas!

Revisão: Denise Rangel

#euvocêtodasnós teve sua pré-estreia dia 6, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro (FOTOS DO EVENTO). Após o lançamento, além da transmissão no canal televisivo em horários diversos, o documentário está disponível no http://www.futuraplay.org/video/euvocetodasnos-euvocetodasnos/345304/

O filme mostra que a representatividade e o discurso podem se mover, renovar, transformar coletivos e indivíduos, grupos e ideologias diversas, sob um mesmo conceito antes tido como alienado do mundo e isolado dentro da academia.

O mesmo grupo de discussão se une nas ruas – passeatas contra estupros coletivos, a favor de direitos reprodutivos – somando 20 mil mulheres ou mais nas manifestações. A convergência digital se dá, não apenas mais nos bits. O que estava apenas dentro das mentes e expresso de forma a ter feedback limitado agora se faz público e inclui mulheres e homens solidários nas grandes cidades – e também índias, ciberativistas, mulheres que vivem no campo e em quilombos, pessoas que pensam na/em rede e além da rede sobre não apenas em igualdade, mas n/os processos de como tornar este devir ético e inclusivo. Por mim cada entrevistada mereceria um documentário!

O público presente na pré-estreia já demonstrava, de alguma forma, o que o documentário aponta: diversidade, e como ela é importante. Uma plateia equilibrada: homens e mulheres, negros e brancos de várias classes sociais. Professores, engenheiros, cineastas, escritores, makers, programadores, técnicos, profissionais do sexo, hackers – gente que trabalha com ciência, tecnologia, política e arte de todos os gêneros.

Quando vi este auditório senti entusiasmo ímpar – quantas vezes os negros vão a um evento e estão apenas eles lá, ou são a minoria? Quantas vezes organizadores dos eventos de ciências nos painéis batem o pé, e, apesar dos fatos, insistem que “não há palestrante mulher nesta área”? Lembrando que a maior parte da população é negra e mulher… Parabéns à produção por tomar este cuidado. São poucos os lugares que faço o teste do pescoço e tiram uma nota 10 com louvor tão retumbante.

Apenas ao vislumbrar este público percebe-se como os profissionais de todas as áreas devem valorizar e dar importância de forma concreta à diversidade e dar voz às competências reais que ali se encontram. Ninguém aguenta, e já não cabem mais festas de música black com uma minoria ínfima de negros presentes, ou eventos que discutam qualquer tópico referente às mulheres na política, pesquisa, saúde ou tecnologia sem a presença maciça delas participando também da liderança, nas palestras e mostrando os resultados das suas pesquisas.

De forma ágil, e como se fizéssemos um trajeto hipertextual entre páginas, vídeos, entrevistas, frames com edição rápida e de forma fragmentária, somos apresentados aos FEMINISMOS que se utilizam de ferramentas tecnológicas diversificadas de acordo com as mulheres – escrevendo; individualmente, em pequenos ou grandes grupos (alguns apenas virtuais, outros também presenciais); ou ainda com trabalho de base mais presencial, local e com menor aparição na internet.

O que converge em todas estas linhas de feminismo, alguns até com alguns posicionamentos e ideias opostos é como o direito de ir e vir para casa, escolhas profissionais, sexuais e até o direito de falar sobre isso são ameaçados, de início virtualmente, e a vontade de grandes grupos de alguns homens (e infelizmente com cumplicidade de algumas mulheres também – muitas por ignorância) que as protaginistas se calem, ao derrubar páginas e sites para que continuem impunes no seu cotidiano.

Se a ameaça pela internet não cala a mulher, iniciam as ofensas, calúnias, difamação, ameaças e violências físicas, assédio moral e sexual. E ,finalmente o discurso de ódio ao concretizar estas ameaças, batendo, violentando sexualmente e assassinando mulheres que tiveram a ousadia de querer apenas IGUALDADE – escolher uma profissão ou trabalho onde, apenas por ser mulher já, é excluída, desde o início da formação, pelos professores; uma vida sexual livre, como qualquer homem, sem ter que ser apontada e exposta de forma abjeta por isso; ter equanimidade no salário e oportunidades de ascensão profissional; direito de ir e vir para casa sem temer ser violentada ou assediada sexualmente, e até o direito mínimo de falar e ser ouvida (mansplaining).

AS MULHERES

Lo Res – canal Sapa À Tona no facebook e no youtube

5 sapatonas conversando com você sobre feminismo, política e lesbianidade!! Lo Res narra sua experiência e caminhos que tomou ao sair de um relacionamento tradicional, a separação e o mercado de trabalho excludente para quem é mãe.

Lúcia Freitas – mostra projetos no Ladybug 

Jornalista e blogueira. Trabalha com produção de conteúdo e educação. Faz digital coaching, seu jeito de ajudar as pessoas a usarem as ferramentas que estão à sua disposição no mundo digital. Organizou o LuluzinhaCamp e já fez outros eventos de/para internet. “Já disseram por aí que sou uma das 10 mulheres mais influentes aqui neste planeta no Brasil. Sou morena (apesar de 2/3 das minhas fotos online mostrarem uma loura), amo gatos e adoro gente. Meu canal preferido é o Twitter, mas estou lá no Instagram, no Snapchat, no YouTube, no Vimeo, no LinkedIn, no SlideShare…”

Larel Costa e Mari Lopes

Lésbicas separatistas e apresentam o espaço no Rio de Janeiro chamado Resiliência: local para eventos, bar, biblioteca, grupos de estudos, acolhimento para mulheres em situação de risco social

Rosa Luz – canal Barraco da Rosa  

Performer que discute na sua arte a visibilidade trans. Resolveu fazer o canal para poder diminuir, com informação, os índices do Brasil – um dos maiores de assassinatos de travestis e transexuais do mundo. Seu canal hoje tem mais de 10 mil assinantes.

Nathalia GriloMovimento Elegbá Ojà

“Moldada pela vivência no interior litorâneo do extremo sul da Bahia. Migrante, grapiúna como os meus, chego ao sudeste trazendo lembranças, paisagens e memórias na bagagem – Cultura de raiz. Pesquisadora Popular de assuntos Afro-brasileiros e Contadora de Causos, Educadora. Exerço, em minha caminhada, projetos de arte-educação atuantes em lugares como o Centro Cultural da Juventude, localizado na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, na Biblioteca Parque de Manguinhos, localizada na periferia suburbana da zona norte carioca, Biblioteca Parque da Rocinha, também no RJ. “Aquele que muito anda, voa!” Diz o dito Iorubá. Se trata de um passeio por entre os caminhos de Esú, na companhia daquele que é o primeiro Orixá, Dono dos movimentos e Guardião das cidades! Nos labirintos coloridos dos mercados e das feiras, é ele quem cuida de tudo que é assunto, de tudo que é cheiro, de tudo que é gosto, de tudo que é som, de tudo o que tem cor, e é justamente por essa grandiosidade do Bará que este projeto é guiado por sua sabedoria e por sua capacidade de se relacionar com o outro através da palavra. Fruto da Cultura popular afro-brasileira, Movimento Elegbá-Ojà busca incessantemente as fontes que revelam a simplicidade e a complexidade do Movimento do Guardião e das andanças das mulheres negras dentro e fora da Diáspora. Laroiê! Eparrêi!”

Thaysa Malaquias – coletivo Não Me Kahlo publicou estudo sobre ciberfeminismo

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalha como autônoma na área. Ama dormir, perdendo apenas para a atividade de comer. Não sabe lidar com as opções do Netflix e demais coisas. Apaixonada por Arquitetura e Urbanismo, acredita no papel social que tem como profissional da área em criar cidades mais justas e igualitárias. Gosta de cinza, mas também de cores vibrantes. Tem muita insônia e pensa demais na vida. Valoriza muito o aprendizado tanto a partir de livros, como de vivências. Sofreu para fazer essa descrição.

Rhayssa Dantas

A profissional é de Natal e mora no Rio de Janeiro – trabalha na área de contabilidade e turismo

Jéssica Ipólito – mostra artes belíssimas em Gorda e Sapatão, e escreve também nas Blogueiras Negras

Gorda, sapatão, negra, filha de mãe preta solteira e pai branco omisso. Fruto da miscigenação que veio para exaltar a negritude em seus diversos tons, porque eu sou dessas! No final de dezembro completo mais uma primavera. Saí do interior bem humilde em 2010, deixando minha mãe e familiares, para viver na capital de São Paulo sozinha. Eu só vim parar aqui por causa de uma mulher! Sapatão que sou, nem voltei para pegar minhas coisas que ficaram para trás. Loucura, alguns dizem, mas acredito que foi um passo no escuro que eu precisava dar. E assim cheguei aqui nessa cidade cinza e barulhenta, que me proporcionou dias terríveis que mal posso descrever. Hoje, já acostumei com o ritmo e entrei na dança, mas sinto que meus quadris já não rebolam como antes… Preciso de um outro ritmo para aprumar minha vida! Por enquanto, eu só desejo a passagem de ida enquanto procuro emprego, bico, freela, qualquer coisa que me gere renda. Então, se você aí quiser me indicar alguma vaga de emprego, algum bico de madrugada…  Fique à vontade! Estou precisada, mesmo! As pessoas acham que eu sou brava, mas a verdade é que eu não sou obrigada a corresponder a nada, e acho que ninguém deveria. Tem que saber chegar na humildade e respeito porque isso sempre vai ter recíproca de minha parte. Eu sou tranquila quando preciso, mas não poupo as palavras, cansei disso porque elas lotam o peito e adoecem a alma. Eu sou de riso frouxo, gargalhada estridente. Gosto de moda e por isso vivo inventando uma coisinha aqui e ali pra me enfeitar, também nessa onda, eu reinvento minhas roupas e misturo as cores. Aliás, algo muito importante sobre mim: eu AMO cores vibrantes, da roupa ao cabelo, do batom ao tênis. Eu sou dessas que ama ser colorida, rs… Gosto de usar muitas imagens porque a falta de representatividade ainda reina na mídia, e esse é um canal que vai transbordar representatividade no audio-visual. Faço questão, mesmo sabendo das dificuldades de encontrar fotos, desenhos, artes no geral que dialoguem no sentido de empoderamento do corpo gordo, que é diverso, não esmoreço diante disso, e sigo desde então priorizando a visilibilidade lésbica negra, o combate ao racismo, a luta contra a gordofobia, o feminismo também em foco.

Lola AronovichEscreva Lola

Sou professora da UFC, doutora em Literatura em Língua Inglesa pela UFSC e, na definição de um troll, ingrata com o patriarcado. Neste bloguinho não acadêmico falo de feminismo, cinema, literatura, política, mídia, bichinhos de estimação, maridão, combate a preconceitos, chocolate, e o que mais me der na telha. Apareça sempre e sinta-se em casa. Meu twitter também é bem movimentado.

Zilda Rodrigues Pavão

Deixou sua primeira filha assistir o parto humanizado que fez da irmãzinha mais nova e, hoje, aluna secundarista de escola pública ,Beatriz Pfau conseguiu junto com as adolescentes da escola expulsar um colega que insistia em assediar fisicamente e sexualmente a todas, além de se interessar nos rumos políticos do nosso país e pela qualidade da educação mostrando o quanto é importante o incentivo familiar.

Luíse Belloconsultoria para empresas sobre conteúdo para mulheres

Publicitária e fundadora do coletivo Think OLGA . Ela é diretora de comunicação do coletivo e gerente de conteúdo e comunidade da ONG. Este texto no foi publicado originalmente no blog pessoal Cronicamente Carioca fora do ar, mas replicado no Geledés: toda feminista é mal amada

O DOCUMENTÁRIO

Tecnologia, cinema, arte, texto literatura, jornalismo, crônicas, mídia social, economia criativa, inovação: como redes pessoais, interlocuções e argumento com trocas de ideias podem se tornar movimentos fora da rede virtual?

O filme foi apresentado por representante do Canal Futura e pela diretora da escola Irene Ferraz que logo convidou a equipe do documentário a um encontro com os alunos da escola pelo seu caráter disruptivo. “O Futura busca abordar temas sensíveis à sociedade, de forma a provocar uma reflexão mais profunda sobre questões urgentes. #EuVocêTodasNós aborda desde o aborto e o direito ao próprio corpo até os constantes casos de violência doméstica e abuso sexual num contexto de mobilização digital em torno dessas causas. A internet deu mais força à voz das mulheres, que querem e precisam ser ouvidas” disse João Alegria – gerente geral do Futura.

O título deste documentário foi escolhido justamente por expressar as várias camadas de subjetividade e multiplicidade que pode conter o conceito do feminismo. Ele procura apresentar algumas facetas de vertentes – consegue de forma muito didática mostrar e esclarecer que existem FEMINISMOS e formas de atuar: #euvocêtodasnós. Um dos diretores, Ellen Paes explica

Eu: sujeita individual, subjetiva, única e intransferível; Você: a outra, a quem eu respeito enquanto pessoa que difere/diverge de mim.  Todas: mulheres, diversas, heterogêneas, múltiplas.  Nós: coletivas, juntas.

Siga e ouça!

Álbum no Spotify com a maior parte das músicas inéditas e compostas especialmente para o filme. Rappers mulheres de vários estados do Brasil compõe a trilha sonora do documentário com a direção de Guto Guerra: BrisaFlow, Sinta A Liga CREW, Aika Cortez, Helena D’Tróia, Yas Werneck, Taisa Machado e Flaviane Silva, Inuvik.

twitter > twitter.com/euvocetodasnos

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QUEM FEZ? Conheça parte da equipe

PAULA LAGOEIRO – cineasta com pós-graduação em mídias sociais é gerente de projetos da Coopas. Acumula sete anos de experiência na produção de programas e documentários para televisão com enfoque em saúde, meio ambiente, direitos humanos e políticas públicas; dirigiu a produção de curtas-metragens premiados em festivais de cinema. Ela também assinou a produção executiva de “De Volta”,  que em 2012 foi o vencedor do 3º pitching Futura, e depois finalista do Emmy em 2014.

ELLEN PAES – a jornalista e repórter televisiva atua na área de Saúde Pública desde 2009 e escreve desde 2007 com textos em vários blogs feministas e que falam de maternidade. Primeiro chamada como personagem, se interessou em integrar o projeto e foi convidada para dividir a direção do documentário com Rafael Figueiredo. Mãe da Valentina, que foi a pequena-grande divisora de águas entre o antes e depois do ativismo. Feminista negra, ativista pelos direitos da mulher, da mãe, da infância e dos direitos humanos. Escreve sobre questões de gênero, raciais, de sexualidade, comportamento e tudo o mais que faz parte do universo materno. Pedimos e ela indicou coletivos para mães que querem integrar estas redes no Rio de Janeiro: Coletivo Negra Mãe (100 mães negras e crescendo); Mães e crias na luta

RAFAEL FIGUEIREDO – diretor de televisão e cinema com mestrado em Comunicação é coordenador do Núcleo de Cinema e Vídeo da Coopas. Foi professor de direção no Curso de Realização Audiovisual da UNISINOS/RS de 2005 a 2008. Foi diretor do finalista do Emmy em 2014 “De Volta”,  feito também em parceria com o Futura. Dirigiu A peste da Janice, curta em 35mm premiado nos festivais de Gramado, Bahia, Cartagena e Huelva. Em 2009, Groelândia, melhor filme no Festival Iberoamericano de Huelva e no Festival de Artes Audiovisuais de La Plata. Dirigiu comerciais e institucionais as séries RS – Um século de história e SC – 100 anos de história; séries de ficção e de documentário para o Núcleo de Especiais da RBS TV (séries Mundo Grande do Sul, A Ferro e Fogo, Conquista do Oeste, Ordem e Progresso, 5 vezes Erico, Sete pecados, Viajantes, Fundo do Mar, Mulheres em Transe). Idealizou e dirigiu a série Primeira Geração – finalista de “minissérie” do New York Festivals 2009 TV Programming & Promotion.

[daqui em diante SPOILER, mas cada mulher maravilhosa que deu depoimento brilha  <3 ]

O documentário inicia com o questionamento: O que é ser mulher? Como isto se reflete no que faz na internet? E fecha com outra pergunta: e em 50 anos as mulheres estarão lutando ainda pelas mesmas coisas?

Militante que escreve no Blogueiras Negras e trabalha com arte é Jéssica Ipólito que através do site pessoal Gorda e Sapatão discute racismo, lesbianidade, feminismo; compartilha imagens fora do padrão imposto de beleza e reflete sobre o que consideramos bonito dando visibilidade e empoderamento a muitas mulheres que possuem problemas com gordofóbicos. Nathalia Grilo fala sobre periferia, luto e solidão da mulher negra, se expressa também através da sua arte resgatando o uso de palavras da cultura africana através de oficinas de oralidade e tradição utilizando Antropologia, História e Arte-Educação através de imagens dos mercados e registro dos sons, cheiros e cores das feiras livres com artesãs e micro e pequenas empreendedoras negras independentes formando uma rede com o Movimento Elegbá Ojà. Rhayssa Dantas não se considerava feminista e negra… se descobriu e assumiu após sofrer discriminação e conversar com colegas próximas sobre o assunto.

Temos depoimentos de referências na internet Lola Aronovich do blog Escreva Lola Escreva e Lúcia Freitas do Luluzinhacamp que estão com estes blogs desde 2008. Lola Aronovich é referência sobre feminismo online, escreve também sobre cinema e política; e atua professora universitária de Literatura em Língua Inglesa e Lúcia Freitas é jornalista e iniciou o grupo no Google com mais de 300 profissionais de várias áreas – o mote inicial era agrupar mulheres que trabalhavam com tecnologia, mas depois se ampliou e com participação colaborativa e voluntária: aprendizado sobre ferramentas tecnológicas e seus usos, políticas de saúde e educação, sustentabilidade e a presença feminina no mercado de trabalho novas oportunidades de formação em algumas cidades brasileiras onde as participantes estão presentes e apresentam seus projetos profissionais, trocam ideias sobre empreendedorismo cidadão, sustentável ou quais as melhores formas de se recolocar no mercado de trabalho com um novo mindset colaborativo e hacker – muitos destaques e projetos digitais inovadores surgiram e ainda surgem dentro do grupo, além de parcerias.

Ellen Paes fala que a militância no feminismo negro tornou-se mais ativa quando engravidou e teve que lutar muito para conseguir o parto humanizado (algo que deveria ser a primeira opção, mas infelizmente médicos dificultam muito o acesso); assim como Lo Res faz com outras cinco mulheres o canal de videolog Sapa À Tona que fala sobre ser mãe e lésbica; e exclusão no mercado de trabalho e as alternativas que as mães podem encontrar frente a este obstáculo. Zilda Pavão deixou sua primeira filha assistir o parto humanizado que fez da irmã mais nova e hoje, aluna secundarista de escola pública Beatriz troca ideias sobre feminismo com a mãe e fala da emoção, importância em vivenciar o momento do parto em casa.

Rosa Luz rapper e estudante universitária fala sobre o conceito do transfeminismo, como a internet é importante para resistir e denunciar violências a que são expostas as pessoas trans; para criar também um ambiente seguro para si e outras o casal militante Larel Costa e Mari Lopes adotou a ideologia de tentar conviver o máximo possível mais com mulheres, e também priorizar consumo de serviços e negócios de empreendedoras.

Com milhares de seguidores e incentivando um grande público com publicações sobre feminismo Thaysa Malaquias do coletivo Não Me Kahlo fundado em 2014 e que criou a hastag #meuamigosecreto – que já virou livro com reflexões aprofundadas e embasadas. A militante mostra sobre a necessidade do chamado feminismo interseccional – chamado assim quando ativistas negras mostraram pela primeira vez a importância dos recortes sociais, raciais e culturais nos anos 70. O coletivo quer ampliar o trabalho e fundar uma associação civil que com certeza terá apoio dos seguidores da página que hoje chegam a 1 milhão e duzentos mil no faceboook. Luíse Bello do coletivo Think Olga que também tem grande repercussão e fizeram muitas jovens se engajar mais no feminismo afirma que não é contraditório estar dentro de uma igreja com denominação cristã e ser feminista. O coletivo criado por Juliana de Farias em 2013 quer empoderar e informar as mulheres foi responsável pela campanha chega de fiufiu que este ano vira filme, e pela hastag #MeuPrimeiroAssédio – que pelos mais de 80 mil relatos e revelou um dado alarmante: a média de idade do primeiro assédio no Brasil é de 9,7 anos. Muitas das mulheres que participam das diversas campanhas de hastags já foram agredidas fisicamente e só conseguem enviar seus depoimentos de forma anônima, pois estão frágeis em demasia e poderão sofrer novamente violências caso publiquem abertamente.

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Literatura não é para se ler

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. Finalizamos a semana com literatura, da melhor qualidade. Divirtam-se!

Imagem: Holland House, Kensington, London, 1942. Image by Fox Photo, English Heritage
Imagem: Holland House, Kensington, London, 1942. Image by Fox Photo, English Heritage

Já tem mais de dez anos o dia em que deram um chute no meu banquinho e eu caí de bunda no chão. “Mas é CLARO que Paulo Coelho é literatura. Foi produzido por um ser humano, usa codificação/linguagem – então é literatura. Má ou boa literatura, não interessa: apenas é.” E eu, do alto da minha soberba, despenquei para a vala comum mas especial dos que amam livros, sem julgamento. Sim, Paulo Coelho é literatura.

Tem gente que se orgulha de nunca ter lido um livro na vida. Tem gente que tem, como meta de vida, chegar aos 11 mil títulos que, em média, o ser humano é capaz de ler, se viver (em média) 80 anos. E eu, a loka, acho pouco. Porque já foram publicados, desde que se tem notícia, 350 milhões de títulos pela humanidade. E são 11 mil ao alcance da minha existência.

A literatura tem múltiplas definições. É a ciência do literato; é o conjunto das obras literárias de um país ou de uma época; são os escritos narrativos, históricos, críticos, de eloquência, de fantasia, de poesia, etc ou, ainda, vejam só, o folheto que acompanha um medicamento ou alguns outros produto, de conteúdo informativo sobre composição, administração, precauções. Mas literatura é mais – e foi depois do meu tombo que eu percebi.

Literatura é o cheiro do livro novo. São as escolhas do editor – o papel, as guardas, o desenho da lombada francesa, inglesa ou americana. É a opção por determinada capa, o texto das orelhas, da contracapa. E a escolha da tipologia, da cor (ou da ausência dela). É a música que você ouve dentro da sua cabeça quando sente, na ponta dos dedos: “Lolita, luz de minha vida, fogo do meu lombo. Meu pecado, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua fazendo uma viagem de três passos pelo céu da boca, a fim de bater de leve, no terceiro, de encontro aos dentes. Lo-li-ta. Era Lo, apenas Lo, pela manhã, com suas meias curtas e seu metro e meio de altura. Era Lola em seus slacks. Era Dolly na escola. Era Dolores quando assinava o nome. Mas, em meus braços, era sempre Lolita.”

A literatura está nos livros de pano e plástico. Está na lata de Nescau que o sobrinho lê, aos quatro anos, para espanto e mudez de todo mundo na cozinha. Na lanterna acesa embaixo do cobertor da filha porque o fim de “O cálice de fogo” não pode esperar. Está na sala de espera da clínica, na primeira sessão de radioterapia, o enfermeiro impaciente na porta chamando pela enésima vez o seu nome, e você apenas arfa porque “ele começou a repreendê-la, e sua falta de jeito poderia ser mal-interpretada por esses alemães, e os olhos dela recomeçaram a intumescer mas, graças a Deus, num escuro desse ninguém ia perceber, e depois foram para casa juntos, sem falar um com o outro, como se fossem estranhos – […] mas mais tarde foi lhe dar boa-noite – ele vinha todas as noites despedir-se dela, principalmente depois das brigas e desavenças – ele a despertava ternamente e a acariciava, beijava-a, porque ela era dele e dependia dele fazê-la infeliz ou feliz […] – ele a abraçava, beijava-lhe os seios e eles começavam a nadar – nadavam a grandes braçadas, estendendo simultaneamente os braços na água e simultaneamente enchendo os pulmões de ar, afastando-se cada vez mais da margem, em direção à saliência azul do mar, mas quase todas as vezes ele caía numa contracorrente que o arrastava para o lado e até um pouco para trás – ele não conseguia alcançá-la, mas ainda assim ela continuava a estender os braços na mesma cadência, chegando a perder-se ao longe, e ele tinha a impressão de que já não nadava, mas apenas debatia-se na água tentando alcançar o fundo com os pés, e essa correnteza o arrastava para o lado e o impedia de nadar junto com ela […].”

Literatura é aprender outras idéias, outras pessoas – mesmo sem entender o que diacho são vogais e consoantes. É o que eu aprendi com o cara que sobreviveu à queda do avião. Como ele agora só coleciona vinhos ruins – e bebe os bons com quem gosta. Mas eu não bebo, eu escrevo para que os outros leiam.

Escrevo cartas para as minhas filhas. Escrevo para pessoas a quem nem conheço pessoalmente que ela é uma grande cozinheira, que é linda e que deve cheirar a baunilha e canela. Escrevo em pequenas tiras de papel quem quero conhecer, quem quero abraçar, de quem desejo mais lições de vida. Escrevo para o meu pai, para não deixar que o fio vermelho rompido da vida dele caia no chão do esquecimento.

Você pode abandonar a literatura, mas ela não abandona ninguém. Ela está nos memes do facebook. Nos textos com falsa autoria que circulam na sua caixa de mensagens. Está em livros, camisetas, postais, dedicatórias; nas placas de rua que os seus filhos lêem com dificuldade; nas revistas de fofocas no salão do cabeleireiro. Ela está não no livro que você leva na bolsa e abre na antessala do oncologista, mas sim nos olhos do médico que a observa em silêncio e lê, em cada linha da sua postura, o seu sofrimento, a sua história, a sua esperança.

Literatura não é para se ler. Literatura é ser humano. Basta saber viver. Basta saber ler.


*Suzana Elvas

Editora freelancer, mãe de duas adolescentes, uma labradora e três mil livros.

breviariodashoras.blogspot.com
facebook.com/suzana.elvas
suzana.elvas@gmail.com

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Design | Dicas e inspirações

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. Divirtam-se!

Paleta de cores - Imagem: crazyoctopus / Flickr
Paleta de cores – Imagem: crazyoctopus / Flickr

Olá, meu nome é Marlene*, sou formada em Design de Interfaces pela PUC/SP e trabalho há 13 anos com design e desenvolvimento de sites.  Nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp vim compartilhar algumas dicas profissionais de Design com vocês.

Tudo que é relacionado a design envolve inspiração e conhecimento, mas não é todo dia que a cabeça “tá boa para criar” e quando isso acontece, nada melhor do que um embasamento teórico e referências para te guiar na criação.

No entanto, quando a inspiração lhe faltar, segue abaixo algumas dicas de criação que uso:

Como começar

Se o cliente tiver, obtenha logo e identidade visual da marca, dessa forma você já vai ter um direcionamento para a criação.

Se o cliente não tiver uma identidade visual, comece pela definição da paleta de cores.

Se precisar de inspiração, confira as paletas de cores do Colour Lovers ou crie uma do zero no Kuler.

paletas de cores

Investigar a rotina e o local sobre o que você está desenhando

Um professor contava uma história que ele precisava desenvolver um layout para uma ONG de ciclistas, mas depois de diversas tentativas de layout e nenhum aprovado, ele decidiu sair uma noite para andar de bike com os ciclistas.

Em um trajeto de rodovia e ele percebeu que a visualização que ele tinha de cima da bicicleta era a faixa que dividia as pistas. Então ele fez todo o layout do site baseado nessa “faixa amarela” e o público-alvo da ONG logo se identificou com o site.

 

faixa amarela estrada - imagem_diego pacheco
Imagem: Diego Pacheco

 

Busque referências de escolas de Design

Bauhaus, Cubismo, Art Noveau, entre outras.

Escolha um estilo mais apropriado e siga as referências do início ao fim, mas tente criar algo do zero, a ideia é seguir somente o estilo e não copiar.

Utilize as leis de Gestalt

Semelhança, proximidade, continuidade, pregnância, fechamento e unidade.

Um pouco de teoria ajuda muito, se quiser saber mais sobre Gestalt, tem esse link – O que é Gestalt –  com uma explicação ótima.

Técnica para criação (caos)

Ideias, referências, rascunhos, recortes, botões, imagens, paletas de cores, textos…

Junte tudo numa tela só, de modo caótico mesmo, para visualizar tudo ao mesmo tempo e assim facilitar a criação.

Para se inspirar

Siga blogs que falam sobre design, procure referência sobre os Designers famosos do mercado, siga eles também (feed do sites, redes sociais), encontre seu estilo e busque inspiração com quem sabe fazer.

Não precisa ser só referências de web designers ou designers gráficos, pode ser de outros ramos, como artistas plásticos, arquitetos, entre outros.

Sites de inspiração

Interagido com clientes

De médico, louco e DESIGNER todo mundo tem um pouco. Se acostume logo de início, que todo mundo gosta de dar pitacos sobre o seu layout.

Existe uma “técnica” de sempre deixar um objeto desalinhado de propósito para o cliente opinar justamente sobre isso, mas pode ter certeza que ele vai querer opinar em mais coisas.

Olha mãe, eu que fiz!

Apesar de ter todas as dores de ser um designer, não tem nada mais gratificante do que subir um site ou buscar um impresso na gráfica e dizer “Eu que fiz”.

É uma sensação de que sua criação finalmente nasceu.

*Photo Credit: crazyoctopus via Compfight cc


*Marlene Dualiby (@marlenedualiby) Tem experiência de 13 anos em criação e desenvolvimento de sites, e-commerce e portais. É formada em Design de Interfaces pela PUC-SP e pós-graduanda em Arquitetura da Informação na FIT-SP.  Atua como Arquiteta da Informação e Designer da plataforma de e-commerce Megafashion. Saiba mais em www.marlened.com

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Burlesco | E a arte do striptease

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. Divirtam-se conhecendo um pouco da dança burlesca!

pernas e meias |  Imagem: SWANclothing - Flickr
Burlesque / Imagem: SWANclothing – Flickr

Olá! Meu nome é Lola* e, como cantava Barry Manilow, eu sou uma showgirl. 😉

Esta é a Semana de Arte e Cultura do LuluzinhaCamp, e eu estou aqui para contar pra vocês sobre uma modalidade de dança ainda pouco conhecida no Brasil: a dança burlesca.

Uma breve história do Burlesco

Antes, um pouquinho de história. O burlesco como conhecemos atualmente teve origem nos Estados Unidos, na década de 1860. Era um show de variedades onde tudo era exagerado (burlesco significa exagero), e era composto principalmente de números de comédia, principalmente sátiras políticas, e os grandes números de striptease.

Sim, você leu direito: striptease! Por ser burlesco, eram números muito exagerados, teatrais, que eram sensuais ao mesmo tempo em que tiravam sarro da sensualidade. Ah, e a dançarina nunca fica completamente nua: um tapa-sexo ou calcinha fio dental e os pasties, aqueles enfeites que cobrem os mamilos, são obrigatórios. Por causa da censura no século 19, estes elementos eram fundamentais.

Quer um exemplo? A grande estrela da época, Gypsy Rose Lee, era expert na arte de misturar sensualidade com comédia e inteligência.

*“A Psicologia de uma Stripteaser”, por Gypsy Rose Lee, em versão apropriada para TV. Aprecie a beleza deste monólogo!

A dança burlesca

Os shows burlescos permaneceram populares até a década de 1940, depois foram caindo na marginalidade. Alguns filmes de Hollywood tentaram manter o estilo, recriando o espírito das performances burlescas entre 1930 e 1960, ou incluindo cenas ao estilo burlesco em grandes filmes como Cabaret, de 1972, entre outros.

A própria Gypsy Rose Lee teve sua vida retratada no filme Gypsy, de 1962, estrelado por Natalie Wood. Mas foi somente no início dos anos 1990 que o burlesco voltou à cena com nomes como Catherine D’Lish, Jo Weldon e…  Já adivinhou? Dita Von Teese.

 

Então, o burlesco é isso. É a arte de tirar a roupa com sensualidade, mas ao mesmo tempo de forma divertida e teatral, mesclando elementos de danças como jazz, charleston e dança do ventre, entre outras, em coreografias que, não raro, contam uma história para o público.

Além disso, o burlesco apóia a diversidade. No burlesco não existe o “corpo perfeito”: gordinhas, magrinhas, gostosas ou não, a dança é democrática e tem espaço pra todo mundo. Só não podem faltar muitas plumas, muito Swarowski, muito glamour e muito senso de humor! 🙂

Onde aprender mais sobre o Burlesco

Livros:

Filmes:

Disclaimer: o flime Burlesque, com a diva Cher e a Xtina, não tem nada a ver com burlesco. O clube retratado no filme é, no fim das contas, um cabaré. O blog The Frisky tem um artigo ótimo sobre isso, vale a leitura: What Actual Burlesque Stars Think Of The Movie “Burlesque”.

*Photo Credit: SWANclothing via Compfight cc


*Lola Kitt é showgirl, Luluzinha e stripper, com muito orgulho. Há dois anos apimenta a cena noturna paulistana com performances burlescas de muito glamour. Para saber mais da moça: contato@lolakitt.com / www.lolakitt.com

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Opinião

Arteterapia | A arte como terapia

Agosto é um mês especial para os amantes de arte e cultura. Inspiradas em tanta criatividade, reunimos algumas luluzinhas para falar nos próximos dias do relacionamento delas, com a arte e a cultura. Cada uma do seu jeito, e cada jeito, bem especial, compartilhando um pouco da sua experiência no assunto nesta semana de arte e cultura do Luluzinha Camp. O tema de hoje é Arteterapia. Divirtam-se!

 

lápis de cor coloridos - Imagem: YannGarPhoto - Flickr
I love colors / Imagem: YannGarPhoto – Flickr

Meu nome é Ana Carolina* e falar sobre Arteterapia justamente na semana de Arte e Cultura é um privilégio, uma alegria e um avanço. Já li e ouvi muitos artistas dizerem que “fazer” Arte, seja lá de que forma, é uma terapia. Tá na boca do povo, mesmo sem entenderem de forma clara ou técnica de que maneira essa dinâmica funciona.

Acontece que expressão artística é imemorial. Faz parte da história, dos rituais, da beleza, da sobrevivência. E de século em século, ano após ano vimos brotar inúmeros e talentosos artistas capazes de encantar, de chocar, de modificar pessoas através de seus ideais e manifestos artísticos… E eis que a prática de transformar pessoas e seus rumos pessoais foi sistematizada e formatou-se como Arteterapia, Terapia Artística, Arte Integrativa e tantos outros nomes que também caberiam aqui.

Por que Arteterapia?

Jung, o famoso médico que nos trouxe conceitos como Arquétipos, Inconsciente Coletivo e Psicologia Analítica, diz que o potencial criativo do ser-humano é inato. E foi basicamente este conceito que me trouxe à Arteterapia. Inúmeros são os motivos, mas descrevo alguns aqui:

  • A possibilidade do processo terapêutico que normalmente é penoso, longo e árduo em gerar como sub-produto manifestações artísticas que promovem naturalmente este potencial criativo que habita os seres-humanos;
  • A capacidade dos diálogos e expressões não-verbais que facilitam e florescem o caminho dx interagente (paciente ou cliente também servem) e norteiam a atuação dx terapeutx;
  • O contemplar da beleza de qualquer produção artística, sem necessitar de apreciação estética, justamente porque ali jaz a revelação de uma profundidade tão bela quanto poética;
  • A possibilidade em no meio do caminho fazer-se descobrir um artistx que passa a te habitar, cujo caminho é sem volta.

A Arteterapia e eu

Aconteceu comigo. Após o término de minha formação profissional me apropriei da poeta que não sabia ou não permitia que vivesse em mim. Deixei de lado a frustração de minha sensação de incapacidade com os materiais plásticos, para entrar em contato com uma expressão artística mais conceitual, corporal e poética.

Tem um lado meu que também se encanta com o trabalho Arteterapêutico porque ele não é excludente, é inclusivo, transdisciplinar. Podemos utilizar Arte em qualquer vertente terapêutica, seja ela Psicanalítica, Corporal, Xamânica… Você pode já ser terapeuta, artista ou educador e complementar sua atuação através de ferramentas terapêuticas artísticas.

Arteterapia é trazer para uma relação terapêutica qualquer manifestação artística que seja capaz de transformar, que se torne ponte de uma relação entre interagente e terapeuta, cuja riqueza para ambos é inestimável.

O profissional de Arteterapia

O mérito do cuidador é se apropriar de algumas técnicas e saber como aplicá-las de modo que aquele material ou prática tornem-se interlocutores de sua relação terapêutica e do que moverá aquele interagente para a transformação. Mais do que se apropriar de técnicas é saber moderá-las, é saber não ser técnico quando não se precisa.

Já dizia brilhantemente Manuel Bandeira em POÉTICA: […]”sou técnico, mas só tenho técnica dentro da técnica, fora isso, sou completamente louco” .

Para mim, o profissional em Arteterapia deve antes de tudo querer brincar, se transformar no que o cliente deseja que você seja naquele momento, se isso lhe ajudar a resolver suas questões, dentro dos limites estabelecidos entre ambos.

Ele deve entender de mitos, atentar aos relatos de sonhos, pesquisar sobre os interesses daquele interagente, seja um filme, autor, banda, esporte ou desenho animado. Quanto mais sua linguagem se aproximar da linguagem daquele que está ali na sua frente, confiando a ti seus anseios e dificuldades, maiores serão as chances de adentrar ao seu mundo subjetivo.

Tintas, linhas e agulhas, lápis coloridos, papéis diversos, argila, terra, velas, pedras, fotografias, livros, histórias, contos, mitos, instrumentos musicais, músicas, danças, encenações teatrais e vídeos são alguns exemplos dos infindos instrumentos de trabalho de um Arterapeuta.

Um pouco mais sobre Arteterapia

Se você deseja saber mais sobre o universo vasto da Arteterapia, ao final do post coloco alguns links de sites que contém artigos, indicações de profissionais e cursos para quem deseja se tornar Arteterapeuta ou apenas beber um pouco da fonte…

Arteterapia é técnica, é estudo, é compromisso, responsabilidade, é magia, alquimia, encanto, excitação. É fincar os pés na realidade sem deixar que suas asas toquem o céu.

E para finalizar, deixo aqui sábias palavras do mesmo poema citado anteriormente e por fim um dos meus poemas, pois não poderia deixar de me exibir em meu mais novo ofício!

*Trecho de POÉTICA de Manuel Bandeira

“Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos Clowns de Shakespeare
Não quero mais saber deste lirismo que NÃO é
LIBERTAÇÃO”

POETA
(Ana Carolina Arruda)

Ser poeta é tocar corações jamais vistos
É acariciar almas sedentas de acalentos
É entregar palavras eternamente aos quatro ventos e sorrir
Sim, sorrir porque frases voam andarilhas nos tempos
E fingindo-se perdidas vão certeiras emprestando-se aos sujeitos

Vai-te poesia!
E liberte-se nos ventos sorridentes deste dia
Verei que chegarás como beija-flor em néctares sutis que te receberão como mais que visita bem-vinda…
esperada

Vai-te poesia e jamais retorne a mim porque não mais te tenho
Nunca te tive
Apenas te recebi em meu corpo, te esculpi em meus dedos e te soprei em meus lábios
És agora semente fecunda nas almas

Links Importantes

  • www.ubaat.org – Site da União Brasileira das Associações de Arteterapia. Além de informações sobre Arteterapia conta com uma grande lista dos sites de entidades filiadas à UBAAT no Brasil inteiro, facilitando o acesso à informações na região mais próxima de você.
  • www.centrodearteterapia.blogspot.com.br  – Centro Integrare coordenado com muita responsabilidade e foco por Danielle Bittencourt no Rio de Janeiro. Foi o Centro onde realizei minha formação. O blog contém diversos artigos interessantes além da divulgação de cursos
  • www.alquimyart.com.br – Centro presidido pela Arteterapeuta Cristina Allessandrini, profissional muito reconhecida da área. O site contem artigos, publicações, informações sobre cursos, especialização e pós-graduação em cidades como São Paulo, Goiânia, Aracaju e Natal.
  • www.ceuaum.org.br/cursos/pos-graduacao.htm – Centro de estudos Universais filiado à Universidade Anhembi Morumbi em SP, que oferece pós-graduação em Arte Integrativa, cuja qualidade docente é excelente.
  • www.incorporarte.psc.br  – Centro Incorporarte no Rio de Janeiro que oferece também cursos em Curitiba e Florianópolis. No site encontram-se publicações e artigos bastante ricos e dinâmicos sobre diversos campos de atuação Arteterapêutica.
  • www.sab.org.br/med-terap/terap-art – Se você se identifica e se interessa pela Antroposofia de Rudolf Steiner, a terapia artística será uma ótima opção.

*Photo Credit: YannGarPhoto via Compfight cc


*Ana Carolina de Arruda é Naturóloga, Arteterapeuta, Terapeuta Corporal e Poeta ainda nas horas vagas. Decidiu não ser publicitária acreditando que sua profissão poderia ser uma extensão de seus valores e hábitos pessoais. Atualmente reside no Rio de Janeiro onde realiza trabalhos individuais e em grupo com crianças e adultos. Acesse o blog www.natunorio.blogspot.com