Eu soube de Rita Levi Montalcini, pela primeira vez, no blog do Saramago. Hoje a Sandra Goraieb publicou um texto lindo sobre esta mulher centenária e lutadora. Um exemplo de vida para todas nós.
Com vocês, o texto da Sandra, que autorizou a publicação.
Ela atravessou um século de conquistas e transformações, de horrores e grandes guerras e amanhã completa cem anos. Rita Levi Montalcini nasceu em 22 de abril de 1909. Médica, professora, prêmio Nobel em 1986 pela descoberta do Nerve Grown Factor.
Sobre ele ela diz: “ Cheguei ao resultado com a sorte e a intuição. Encontrei o NGF porque o procurava com grande convicção. Tinha certeza de que existisse. Aquela descoberta derrubou a ideia que o sistema nervoso fosse estático e programado geneticamente.”
Confessa nunca ter-se apaixonado. “Tive grandes amizades, profundas, mas amores verdadeiros, nunca. Meu pai, um homem vitoriano, achava que eu e minhas irmãs deveríamos ser educadas para sermos mães e esposas. No fim permitiu que freqüentasse a Universidade. Foi uma grande vitória!”
Sobre o mal afirma: “O mal é o desejo excessivo do próprio bem-estar e desinteresse pelo bem comum”.
Sobre o século XX: “ Durante este século tivemos grandes sucessos científicos, sociais e também grandes horrores. “
Sobre racismo e antisemitismo: “ Não é a consequência de um destino genético, mas de desenvolvimentos epigeneticos, culturais. Tudo começa no período formativo, nos primeiros 5 anos de vida da criança, que recebe uma série de ensinamentos e informações do tipo: você é de raça superior (ou inferior), etc… Não existem raças, só racistas. E são estas superstições que podem (como já fizeram) levar a destruição de seis milhões de pessoas. Os seres humanos são influenciados culturalmente. É por isto que o verdadeiro remédio contra o racismo é a educação.” E continua com um paradoxo: “Não podemos nos dar nunca por vencidos. Eu mesma deveria agradecer as leis raciais por terem me rotulado de “raça inferior” e assim ter me obrigado a trabalhar segregada no meu quarto, onde tinha montado um pequeno laboratório e começado as pesquisas que me levaram ao Nobel.”
Sobre sua idade: «Cem anos? É a idade ideal para fazer descobertas. Nunca aposente seu cérebro. Eu trabalho dia e noite com uma equipe extraordinária. No European Brain Research Institute (EBRI), eu e meus jovens colaboradores estamos aprofundando os estudos sobre o NGF que acompanha o desenvolvimento do ser humano do período pré-natal até a velhice. Estes trabalhos poderão ser úteis para combater as doenças neurodegenerativas e desenvolver um fármaco contra o mal de Alzheimer».Rita Levi Montalcini sorri e comenta: «O segreto da minha vitalidade é que eu vivo continuamente ocupada na pesquisa científica e nos problemas sociais. Não tenho tempo de pensar em mim mesma.”
Feliz aniversário! AUGURI!
Imagem: Flickr de audrey_sel em CC
5 respostas em “Rita Levi Montalcini: 100 primaveras e contando”
Que exemplo e que privilégio poder, aos 100 anos, conduzir a própria vida.
Rita Levi Montalcini,
mulher de fibra, vou chegar lá, ministrando minhas palestras Sobre a Doença de Alzheimer e ensinando a quem quiser aprender sobre os exercícios cerebrais para novas conexões neurais.
Bela materia e Belissíma donna esta Sra Rita
um Abraço
Eline Caulada Fiordomo
DRA. RITA
Adorei te conhecer através da internet, li sobre suas pesquisas, senti que realmente a senhora e uma pessoa cheia de sabedoria.
PARABÉNS PELO SEU TRABALHO.
UM GEANDE ABRAÇO!
RITA DE FORTALEZA- NO ESTADO DO CEARÁ
Tenho o enorme prazer de conhecer pela internet um pouco da vida desta mulher sábia, inteligente, forte. Parabéns e obrigada pela contribuição que nos dá como cientista e ser humano. Um grande abraço e que Deus te proteja sempre.
Tenho o enorme prazer de conhecer pela internet um pouco da vida desta mulher pioneira, forte, inteligente e que é o exemplo a ser seguido por todos. Parabéns pela sua maravilhosa jornada como ser humano e cientista.