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Um leitor digital para chamar de seu

e-reader / imagem: Jéssica Aline
Kindle  / imagem: Jéssica Aline

E foi assim… A Fran (@francineemilia) foi na casa da Re Correa (@letrapreta), que apaixonou pelo Kobo Mini dela e ficou sonhando com um leitor digital para chamar de seu.

“Quais são as opções do mercado? Porque o kindle é hypado? Posso fazer anotações? Eles possuem navegador para se eu quiser, sei lá, copiar um parágrafo e postar no meu face ou no meu blog? E os custos? A oferta de títulos é mesmo farta?” – Renata Correa

E como todo bom papo no grupo Luluzinha Camp merece ser compartilhado, segue uma compilação com dicas, truques e quebra-galhos. Aproveitem!

Os prós e contras dos leitores digitais

“Ainda prefiro o livro de papel (<3), mas pela praticidade não tem nem como discutir!” – Ana Paula Sá

No geral, as vantagens de um eReader são:

  • Não emite luz direta: o problema de se ler no computador ou em outros dispositivos eletrônicos é que a luz emitida pelo aparelho incide diretamente em nossos olhos, tornando a leitura cansativa. Ajustar o brilho das telas sempre é uma opção, porém, os e-readers utilizam uma tecnologia em suas telas chamada e-ink cuja visibilidade se aproxima muito a do papel, além de não emitirem luz ou possuírem luz indireta para leitura nortuna;
  • Leveza: enquanto tablets de 7 polegadas pesam entre 400 e 600 gramas, e-readers pesam em torno de 200 gramas;
  • Preço: os e-readers chegaram com força no último ano no Brasil, com preços variando entre R$260 a R$699 dependendo do modelo e funções. Então, desde o estudante que faz estágio até quem está com o bolso mais cheio pode encontrar opções.
  • Bateria: os e-readers são extremamente econômicos em termos de bateria, especialmente os modelos em que não há nenhum tipo de luz sendo emitida. Em alguns deles a bateria pode durar um mês, mesmo utilizando-o por uma média de uma hora por dia.
  • Capacidade de armazenamento: o melhor benefício dos livros digitais é não ter mais livros enormes pegando poeira nas estantes. A maioria dos e-readers tem boa capacidade de armazenamento e alguns modelos possuem entrada para cartão micro SD.
  • Concentração na leitura: os e-readers acessam a internet para realizar compras de livros ou enviar informações a redes sociais, mas não acessam emails, nem possuem jogos, nem navegam na internet. Sua única e principal função é proporcionar a leitura, seja de livros ou assinaturas de revistas e jornais. Sem distrações fica mais fácil se concentrar.

Talvez, a principal desvantagem de um eReader seja o fato de que ele serve apenas para ler. Num mundo em que temos gadgets que realizam tantas funções ao mesmo tempo, parece até estranho ter um aparelho tão simples. Porém, um eReader pode ser um ótimo companheiro para momentos de lazer.

Vale lembrar também que cada aparelho eReader lê formatos específicos de arquivo. A maioria não lê o formato .pdf como nativo, havendo quebras na configuração, mas no final desse post há dicas de conversores que podem resolver seu problema.

Kindle

A Carla do Brasil iniciou a conversa compartilhando seu amor pelo Kindle Touch e, apesar de não ter experimentado outro leitor digital, não troca por nada nesse mundo. Afinal, o kindle permite compartilhar com twitter e facebook. Além de possibilitar anotações, grifar, e ler no computador o que foi lido no kindle, dessa forma conseguindo copiar/colar.

“Ganhei o meu Kindle Touch há um ano e não teve um dia desde então que eu não o carreguei na bolsa e gastei, pelo menos, 15 minutos lendo. Ele é básico, mas ótimo.” – Marina Maciel

Para Jessica Aline, “o kindle é hypado por conectar na biblioteca a amazon, ter sido o primeiro e, imo, tem o melhor acabamento, comparando com o nook e o kobo. e o suporte da amazon é lindo. meu primeiro kindle veio do mercado livre, pifou bem depois do fim da garantia e eles trocaram”. Para quem lê em inglês o acesso ao acervo da Amazon é vantajoso, porque os preços dos e-books em dólar costumam ser melhores.

Nota: Ele NÃO foi feito para navegar apesar de ter um navegador, ressaltou Bruna Bites. É bem limitado nesse sentido e aí aparecem as pessoas falando de iPad, que é bem mais caro e tem outro tipo de uso

Enquanto isso a Gabriela Nardy suspira pelo Kindle Paperwhite. Testado e aprovado pela Ana Paula Sá, ela já testou na praia e a noite e funcionou muito bem. A vantagem é que realmente não cansa a vista como um notebook ou tablet. A sensação é de papel mesmo, com a vantagem de ser muito leve. “Carrego sempre.”

O kindle só lê eBooks no formato dele. Para administrar, recomenda-se usar o Calibre, um software livre que permite converter e administrar títulos.

Kobo

E a Fran segue apaixonada pelo seu Kobo Mini. “Ele é básico. É feito pra ler e basicamente apenas isso… Dá pra logar no facebook e compartilhar alguns trechos e tem um dicionário bacana. E ressaltou seus pontos fortes (em sua opinião)

  • não tem dificuldade alguma de ser detectado no linux – o linux entende ele como pen drive e você joga o livro lá – e achou muito pratico para comprar livros.
  • realmente cabe no bolso. (para a Fran isso é muito bom, porque anda de transporte publico e as vezes precisa descer correndo do onibus. Sendo assim, mais facil pôr no bolso da frente que na mochila…

(Coisas de Francine… rs)

No caso da Bia Cardoso, a decisão de optar por um Kobo Touch e não um Kindle foi simples: ela não lê em inglês. Para Bia, a oferta de livros em português que a interessam é maior para o kobo, já que a livraria cultura esta vendendo e estimulando as editoras brasileiras a disponibilizar livros em formato digital.

Segundo ela, um ponto negativo é que o kobo é bem ruim para ler pdf, pois precisa ajustar o texto manualmente e toda vez que muda a página perde a configuração. No entanto, para ler os livros digitais nos formatos que ele acessa é lindo. E tem dicionário também.

Nook

Simone Miletic tem um Nook da Barnes And Noble, e pagou US$ 129 (o preto e branco), pois um amigo trouxe de uma viagem.

Escolheu este porque por aqui ainda não tinha o kobo e assim como a Bia Cardoso, não queria ler em inglês.

Ao contrário do Kindle, o Nook aceita qualquer formato sem precisar de conversão e assim foi possível adquirir os ebooks que existiam por aqui antes da Amazon aparecer.

iPads, Tablets e smartphones em geral

Apesar de ser uma opção como leitor digital, um ponto negativo foi unanimidade entre praticamente todas as Luluzinhas: a luminosidade excessiva de iPads e tablets, cansa demais a vista.

Até é possível colocar uma película fosca, que melhora, mas aí você perde a qualidade para vídeos, por exemplo, lembrou a Simone Miletic.

Nota: Lembrem-se: existem apps do kindle e do kobo para serem usados em iPads e tablets.

Dicas de Lulu para Lulu na escolha do seu leitor digital

E para desanuviar suas dúvidas (ou complicar de vez) seguem algumas dicas de Lulu para Lulu sobre porque escolher este e não aquele leitor digital.

  • “Todos os modelos do Kindle permitem grifos mas nem todos permitem anotações, é bom ir num quiosque e fuçar.” – Jessica Aline
  • “A iluminação é fator determinante pra mim, porque leio muito quando já to deitada (o iPad é ótimo nisso, mas tem o peso…)” – Rina Pri
  • “No kindle, como o arquivamento dos livros é na nuvem, eu tenho acesso a todos os livros em qualquer lugar sempre. No Kobo o arquivamento é em cartão de memória, então só tenho esse acesso se os livros estiverem no dispositivo.”- Rina Pri
  • “No kindle, livros que não são comprados/baixados diretamente da amazon não têm como serem enviados pra estante virtual. Ficam só no aparelho.” – Rina Pri
  • “No Kindle, as compras feitas ficam associadas a sua conta, ou seja, se você estiver em algum lugar sem seu Kindle, mas com um aplicativo Kindle para iPhone, por exemplo, e quiser baixar um livro já comprado você pode. Ele será baixado e guardado na memória do aparelho, assim como aqueles que você baixou no Kindle estão na memória do Kindle – caso contrário você não teria acesso a eles quando estivesse sem acesso a rede WiFi.” – Simone Miletic
  • “O Kobo, Nook, Galaxy (sem ser pelo aplicativo do Kindle), usam de outros aplicativos para carregar os livros nos aparelhos – eu uso o da Adobe, por exemplo – e normalmente estes aplicativos fazem a estante em seu computador de forma semelhante a esta que fica na Amazon e você carrega no aparelho os livros que quer.” – Simone Miletic

Conversores de e-books

O mais popular gerenciador e conversor de formatos para e-books é o Calibre. Ao baixá-lo, você indica qual é seu e-reader e ele automaticamente detecta os formatos nativos. A partir daí, pode-se converter qualquer arquivo de texto ou e-book no formato desejado. A interface é simples e intuitiva.

  • Site oficial do Calibre (gerenciador e conversor de ebooks)
  • E clique aqui para acessar um pequeno guia do Calibre

Acervo de livros digitais

Bruna Bites bem lembrou que a vinda da Amazon para o Brasil deixou as coisas ainda melhores. Há vasto acervo internacional e no Brasil está crescendo no mesmo sentindo.

Os preços dos livros podem variar bastante. Os lançamentos muitas vezes custam o mesmo do livro físico ou até mais. Na amazon há um quantidade enorme de livros por cerca de 9 reais. Já as edições do kobo são um pouco mais caras na kobobooks.com.

E Jessica Aline completou: a oferta de livros digitais é boa, especialmente de lançamentos, mas os preços nem sempre são exatamente competitivos. A Companhia das Letras está com um ótimo acervo, o problema é que o preço é praticamente o mesmo do livro comum, completou Srta Bia.

Livros sem copyright podem ser baixados em sites como Project Guthembergh. Que converte livros de um formato para outro. Quando eles não tem DRM, é trabalho de um minuto, seja usando um software (o Calibre, já citado) ou o site Online Converter. (Dica da Jessica Aline)

Links para baixar eBooks em português


*Agradecimento especial  a todas as Lulus que comentaram sobre esse assunto no grupo e ajudaram este post a ficar tão rico, sobretudo Bia Cardoso e Lucia Freitas que ajudaram na edição.

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Blogueiras Negras

Hoje, 25 de julho, é Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha. Uma data que existe para lembrar a luta das mulheres negras, muitas vezes tratadas como cidadãs de segunda classe em nosso país, como a carne mais barata do mercado. A resistência das mulheres negras merece e precisa sempre ser lembrada.

Ano passado, publicamos um texto muito especial da Larissa Januário: ‘A Tia Anastácia e o pé na cozinha’. Falando sobre essa relação entre as negras e o batuque da cozinha, aquela que é sempre ajudante e nunca protagonista. Quando dizemos que o racismo no Brasil é velado, falamos desses pequenos atos cotidianos, dos olhares, de como enxergam a mulher negra que entra sozinha num bar, que chega para uma vaga de emprego, quando entra na loja cara de um shopping, de sua invisibilidade na televisão e na publicidade.

Esse texto da Larissa foi feito para marcarmos presença na I Blogagem Coletiva da Mulher Negra, organizada pela Charô, Luluzinha desde o início do grupo. Essa empreitada rendeu frutos e esse ano nasceu o projeto: Blogueiras Negras.

Talvez você se faça a seguinte pergunta: mas por que um blog só sobre mulheres negras? Porque é preciso contar as histórias dessas mulheres, que geralmente se perdem em meio a generalização de outros blogs de mulheres. É importante termos em mente que não existe “a mulher”. Dependendo de sua classe social, raça, etnia, emprego, estudo, sexualidade, entre outros fatores sociais, cada mulher viverá diferentes experiências, com diferentes perspectivas.

As Blogueiras Negras existem para marcar presença na internet:

Fazemos de nossa escrita ferramenta de combate ao racismo, sexismo, lesbofobia, transfobia, homofobia e gordofobia. Porém, também pretendemos ser uma comunidade; um espaço de acolhimento, empoderamento e visibilidade voltados para a mulher negra e afrodescendente. Acreditamos que a troca de vivências e opiniões em função da negritude partilhada não é apenas desejável, mas um objetivo comum. Queremos celebrar quem somos, quem fomos e quem seremos.

Como espaço de discussão, festejaremos nossa afroascendência. Ressignificaremos o universo feminino afrocentrado através do registro nossas histórias, nossas teorias e sentimentos. Escrevendo, gravando e produzindo, construindo nossa própria identidade como mulheres negras e afrodescendentes. Mulheres de pena e teclado, reinventando a tela para que amplifique nossas vozes.

Perguntei a Charô o que a motivou a construir as Blogueiras Negras e como ela enxerga o projeto após seis meses no ar:

O Blogueiras Negras surgiu após uma série de experiências que tive com a atuação de mulheres na internet. Nesse processo, o Luluzinhacamp é fundamental, pois foi o primeiro espaço de acolhimento, tanto virtual quanto presencial, que conheci. Um segundo espaço que me acolheu foi o Blogueiras Feministas, onde praticamente todo mundo que está fazendo o feminismo online acontecer se reúne. Conhecer um projeto chamado Afroblogs me fez perceber que talvez houvesse espaço para que a produção de conteúdo da mulher negra que escreve especificamente para internet.

Assim, em 2012, surgiu a Blogagem Coletiva da mulher negra. Algum tempo depois, li um post no Tempo Fashion, da blogueira Juh Sara, perguntando onde estavam as blogueiras negras na moda. Porque as pessoas imaginavam que esse tipo de conteúdo não poderia ser escrito por uma negra. Então, me perguntei onde estavam as blogueiras negras e imaginei o projeto. Porém, o grupo só ganhou fôlego com a chegada de outras facilitadoras. Primeiro, Larrisa Santiago e Verônica Rocha. Depois, Maria Rita Casagrande do True Love e Zaíra Mau Humor Pires.

Isso sem falar da generosidade das mulheres que se dispõe a escrever com a gente, claro.

Para mim é uma honra ser colaboradora de um projeto tão bacana. Então, não deixe de conhecer iniciativas importantes como essa e de lutar contra o racismo. Em agosto, acontecerá o primeiro Encontro das Blogueiras Negras em São Paulo, mais uma oportunidade para conhecer mulheres incríveis.

Esse post faz parte da I Blogagem Coletiva 25 de Julho – Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha.

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Falando de parto: diálogos nada secretos de mulheres e seus partos plurais

Tudo começou com a Gabi Bianco mostrando um vídeo lindo de parto em casa: http://potencialgestante.com.br/video-parto/.

Aí a Ana Carolina mostrou de novo o vídeo da Naoli, que a Letícia já tinha mostrado há muito tempo atrás.

Claro que para a nossa Renata Corrêa falar do parto domiciliar foi um pulo:

Aliás, o que colocou uma pulga atrás da orelha para eu correr atrás de um parto humanizado foi quando eu comecei a ver fotos de partos e pensei: nossa, por que essas minas ficam rindo depois de ter o bebê? Eu sempre imaginei que você ficava acabadaça, de tanto que visitei amigas e parentes pós-cesárea no hospital.

Não que mulheres que passaram por uma cesárea não possam ter experiências boas, eu acredito que todas possam. Mas aqueles sorrisos ficaram gravados na minha mente. O bebê sai e a cara da mulher… Enfim. Algum tempo depois, quando tive a Liz, eu entendi, porque passei por aquilo, o sorriso hormonal, a alegria que te inunda. A gente acha que sentimentos elevados vêm da alma e o corpo se manifesta. O parto é a festa do corpo, o sentimento nasce do corpo e só depois habita a alma. Quando a Liz tava saindo eu falei “nossa, que delícia!”. Sempre achei que ia doer. As mulheres relatam um tal de círculo de fogo, que é quando o bebê passa pelo períneo e arde. Eu não senti. Senti prazer mesmo. Foi a sensação mais incrível da minha vida. Uma experiência corporal e sensorial única.

Bom, depois eu vi as fotos do parto e eu estava lá recebendo minha filha com aquele sorriso calmo, tranquilão. Nem eu lembrava dele, mas ele tava lá. 😉 Em anexo a minha cara #xatiadissima após parir a Liz. rs

 

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Suzana Elvas:

Eu vou falar aqui uma coisa que nunca disse a ninguém: eu sempre me sinto humilhada (sem razão, eu sei) quando leio relatos sobre mães que pariram naturalmente. Eu tive duas cesáreas (a segunda porque meu útero ia se romper e minha filha sentou) e nunca experimentei esse sentimento sublime. Só queria que acabasse, só queria dormir.

E quando leio relatos lindos como esse da Renata eu me sinto tão, mas TÃO diminuída, tão inferior, tão menos que não dá nem pra descrever.

 

Renata: Putz, te abraço muito. Tem coisas na vida que são imprevisíveis, a gente não controla nada nada nada nada…

As suas filhas chegaram para você de uma forma cirúrgica, e daí? Que bom que existe a cirurgia, senão sua filha mais velha estaria órfã, hoje, sem mãe, nem irmã. É um saco a recuperação de cirurgia, sono, dor? É. Mas foi essa tecnologia que permitiu que vocês estivessem aqui, todas juntas.

Eu sou a favor de ressignificar essa experiência, entender onde te dói. Ir fundo, pegar a dor mesmo, olhar na cara dela. Porque parto não define a qualidade de uma mãe. Não define amor. Só define… o próprio parto!

Beijos e abraços mais que apertados, de todo o meu coração.

 

Gabi Butcher: O momento é sempre lindo… Não importa como acontece…

 

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Lanika: Eu lembro que quando eu tava na água tendo a Carmen e sentindo cada parte do meu corpo eu só conseguia sentir que aquilo sim era o certo, que era assim, que era sábio e todo o alívio do mundo desceu sobre mim quando ela saiu. Tudo que sei é que nunca me senti tão… Naturalmente eu, tão no controle, tão centrada. Nem dá pra explicar o quão diferente foi do parto do Gabriel, em que me anestesiaram e eu não conseguia identificar o que estava sentindo, sabe? Eu fui conduzida no parto do Gabriel, o da Carmen foi meu todinho.

Enfim, parto humanizado é a coisa mais linda do mundo inteiro 🙂

 

Lanika pra Suzana: não tem nada de pequeno nos teus partos. Tem que ver issaí, gata :***

 

Suzana para Lanika: Ah, eu sei, Lanika. Minhas filhas vieram do jeito que tinham que vir. Uma com uma cabeça tão grande que não passou pelo buraco da bacia (eu tentei e ela acabou nascendo com um galo na testa) e a outra tava sentadinha com duas voltas do cordão no pescoço.

 

Lanika pra Suzana 2: Su, meu primeiro parto foi normal mas foi tão desumanizado que me anestesiaram sem eu saber, fizeram episiotomia sem eu saber, não me mostraram a cara do meu filho (eu levantei do leito na marra enquanto estava sendo costurada pra poder pelo menos ver a cara dele por 2 segundos enquanto ele era levado pro berçário). Levei anos achando isso normal. Só entendi o quanto tiraram de mim quando a Carmen nasceu. Eu te entendo.

Mas a vida tem seus jeitos e cada cicatriz na alma da gente é de guerra, sabe? É pra gente ficar mais forte pra próxima.

 

Suzana Elvas: Enfim… Mas é aquela coisa, né? Uma experiência que não tem substituto. Não tem igual. E aí vem a onda do parto humanizado, do parto na água, do parto sem anestesia e você toma aquele caldo bonito, e acaba de fundilhos pra cima no meio da praia, todo mundo olhando você estabacada ali e dizendo “Tsc tsc tsc… Cesariana? Pois eu pari lindamente, senti cada centímetro do meu corpo brilhando numa dimensão além da compreensão humana, numa realização materna além do astral.” E você volta o olhar pra sua cicatriz, pras lembranças do seu sentimento de quero dormir, quem é essa criança que me empurram, por que eu não sinto nada por ela e cadê o momento sublime de que tanto falam. Pois foi isso que eu senti, lutando pra respirar porque a peridural subiu até o peito. Queria ir embora, queria parar de vomitar (fiz isso na sala de parto), queria respirar.

 

É uma coisa que eu trabalho há 15 anos, desde que minha filha mais velha nasceu. Quando engravidei pela segunda vez, pensei que tinha ganho uma segunda chance. Aí minha segunda menina cresceu e o meu útero começou a se rasgar. Eu eu tive que fazer cesariana. Esperei até entrar em trabalho de parto, mas nem assim.

 

Eu me sinto muito diminuída. Porque essa é uma experiência que eu, aos 47 anos, dificilmente vou passar nesta vida.

 

Flavia Mello (à beira de um parto no RJ): Aí gente. Morro de medo de parto normal 🙁 to rezando para não entrar em trabalho de parto, meu quadril já não esta agüentando..

🙁

#vergonha

Flavia

[enquanto a gente editava texto, cuidava de detalhes e talz, o Eduardo veio ao mundo]

Doduti: Que lindeza!

O Lucas também veio ao mundo através de uma cesárea e durante muito tempo (até hoje ainda me pego fazendo isso) eu logo que contava que havia sofrido uma cesárea já emendava os motivos, me justificando de que não foi uma cesárea eletiva, com data marcada. Nunca me senti menos mãe por isso, mas sempre senti que faltou um Q no meio de tudo isso.

Errei em não ter feito um plano de parto mais cedo, em não ter discutido cada detalhe do que eu queria com minha médica. A consulta em que eu ia fazer tudo isso estava marcada pro dia que ele resolveu que ia nascer, ainda na 34ª semana de gravidez.

Minha bolsa começou a vazar, mas não estourou de vez. Não entrei em trabalho de parto, não senti contrações, dor, nada… Mas eu estava super fragilizada, desesperada pelo parto ter adiantado e sem meu marido por perto (que só ia chegar do Japão em uma semana). Ele estava sentando e em nenhum momento eu questionei quando às *:00 da manhã marcaram minha cesárea de “emergência” para as 13:00.

Hoje quando paro para pensar, sei que podia ter insistido um pouco mais, mas lembro do meu desespero e sei que não estava preparada pra nada diferente. Brinco que se a médica dissesse que precisaria abrir meu crânio pra tirar o bebê por lá, eu aceitaria. Se tudo acontecesse hoje, eu provavelmente não teria coragem de encarar uma cesárea com um bebê pélvico e morrendo de medo por ser prematuro, mesmo tendo todo conhecimento que adquiri, imagino que não teria coragem de falar mais alto… mas brigaria pra não ser amarrada, pra poder amamentá-lo logo de cara, pra ninguém ficar esmagando minha barriga como se quisesse usar o fim da pasta de dente…

 

Choro cada vez que vejo um vídeo como esse. choro pela lindeza, pela emoção. Mas choro ainda pelo parto que eu poderia ter tido. Sei que estou errada, mas ainda estamos trabalhando =)

 

dodutielucas

 

Renata pra Flavia: Mas Flávia, trabalho de parto dura umas 10 horas no barato, muito raro casos que a mãe oops, entra em trabalho de parto e a PM, os bombeiros ou o taxista tem que fazer o parto. Você não vai ter seu bebê em qualquer lugar, relaxa. é até melhor você entrar em trabalho de parto porque isso mostra que o bebê está maduro para sair e o início do trabalho de parto não dói nada mesmo… só vai doer lá pros 5, 6 centímetros e isso pode demorar uma VIDA. (o meu tp da primeira contração até a liz nascer foram 26 horas)

 

Lu Freitas pra Flavia: olha, Flavia, a Renata já disse tudo, e vou te contar uma coisa, aprendida em 4 anos de redação de revista de grávida: primeiro trabalho de parto é NORMAL durar 36 horas.

entendeu? 36!!!

O que acontece, aqui do ponto de vista de observadora, é que a gente tem várias lutas pra vencer nesta hora:

1. contra o sistema que prefere a porra da cesárea, porque é mais rápida (é mais fácil pro médico também, mas não é o melhor procê, em geral)

2. contra si mesma/própria, porque passamos a vida inteira ouvindo que parto dói, que alarga, que blablabla whiskas sachê… E não confiamos, de jeito nenhum, naquele “cachorro” que chamamos de corpo…

E daí decorrem muitas outras coisas. Trabalho de parto (e trazer crianças ao mundo) é para fortes. E isso, Flavia, você já é. Porque coragem e consciência para trazer um ser humano ao mundo em que vivemos não é pra qualquer uma, não!

Força aí, fia, que tudo sempre dá certo – parto não é doença, apesar do que os médicos nos tentam impingir a todo custo.

 

Renata Correa: Loura e maquiada segurando o rebento. Lembrei da novela Salve Jorge que a menina fugiu para parir numa caverna na turquia e tava escovada com cachos depois que o bebê saiu! 😀

 

Renata para Flavia: não tenha medo. Salvo raríssimas exceções seu corpo foi feito pra isso. E ninguém precisa recusar a analgesia e parir em casa. Existem partos humanizados muito lindos com anestesia. Aliás pra toda grávida eu recomendo o livro “Parto com Amor”. Aliás, a história por trás desse livro é maravilhosa – só para vocês terem uma ideia de como nosso mercado editorial é careta e nós todos somos uma sociedade moralista o livro se chamava desde de seu projeto “parto com prazer”, mas a editora sugeriu gentilmente que parto com prazer daria xabu e sugeriu parto com amor.

 

Esse livro tem fotografias de partos: hospitalares, domiciliares, a seco, na banheira, fotos liiiiiiindas e descrição de todos os procedimentos, dá uma super tranquilizada, desmitifica, tem evidência científica em poucas linhas pra leigos mesmo. O projeto gráfico é lindo e a informação é de qualidade.

 

Achei no buscapé por R$ 37 dinheiros: http://compare.buscape.com.br/parto-com-amor-luciana-benatti-marcelo-min-8578881052.html#precos

 

Lanika: Flávia, é normal ter medo do parto normal do primeiro filho. Mas, olha… Da minha primeira contração (que foi “ih, uma contração”) até o Gabriel nascer foram 18 horas. Nesse meio tempo eu virei pro lado e dormi (eram 23h), acordei, tomei café, esperei um tempo, aí 8 da manhã informei minha família que tava em TP e fui pro hospital e fiquei de saco cheio de ficar lá o dia inteiro até que a dor começou a ficar forte lá pro meio da tarde quando foi chegando a hora dele nascer.

Não vou mentir. CLARO QUE DÓI nas horas finais. Mas pra mim foi pior com anestesia porque no parto humanizado eu tive como direcionar aquela dor pra expulsão e com a anestesia eu não sabia a hora de empurrar ou relaxar e me senti completamente confusa.

E é muito importante lembrar: dói, mas na hora em que o bebê nasce a carga hormonal que você recebe lava a dor todinha. É o maior alívio do planeta, proporcional à força que tu fez antes. Não é uma dor sem recompensa.

Eu não conheço uma grávida sequer que não tenha medo da dor do parto, que não queira voltar atrás, que não pense “o que eu tô fazendo, onde eu fui me enfiar?” e é absolutamente normal. Quem disser que não tem medo tá escondendo o jogo. Pelo menos uma vez lá com a cabeça de madrugada no travesseiro todo mundo tem medo, seja o primeiro ou décimo filho.

 

Renata: o Ric Jones, um obstetra humanizado de Porto Alegre (saibam mais aqui: http://vilamamifera.com/mulheresempoderadas/perfil-ricardo-jones-um-obstetra-humanizado/) fala que parto é tão assustador pois congrega os dois maiores temores da humanidade: a mortalidade e a sexualidade. Juntou essas duas coisas ficamos apavorados, queremos fazer de tudo para controlar algo que a priori não precisa de controle e funciona muito melhor se não for controlado mesmo.

 

Manu Mitre: O livro que a Renata falou (Parto com Amor) mudou minha vida. Eu sempre achei que parto normal era o óbvio, mas uma amiga viu que eu estava pra cair na armadilha dos médicos-bonzinhos-que-acabam-fazendo-só-cesárea e me deu o livro de presente. Tive certeza de que eu queria um parto não somente normal, mas do meu jeito, com respeito, com autonomia e liberdade. Sem rótulos, sem protocolos, sem procedimentos padrão, mas algo único, assim como eu sou, como meu parto e minha filha seriam. Tudo do jeito que faria sentido pura e exclusivamente para aquela situação.

Estudei muito, muito, mesmo. Não queria cair em uma lavagem cerebral inconsequente, queria fazer escolhas conscientes e com base na razão. Procurei evidências científicas que me ajudaram a tomar e manter decisões difíceis – tipo a de não ser anestesiada. E conversei com muitas mulheres, de longe a maior fonte de motivação, a melhor forma de descobrir como canalizar os medos e espantar os fantasmas que nossa cultura enfiou nas nossas cabeças.

E por causa da importância de toda essa ajuda que recebi, me sinto em dívida eterna com as mulheres que querem um parto normal. Antes aprendíamos tudo com a tia parteira ou com a avó que teve 9 filhos em casa, com as tantas mulheres que passaram pela experiência de ter um filho naturalmente. Quantas podem falar disso hoje em dia? Se eu posso, me sinto nesse dever. Sou disponível, ensino o que sei, indico gente em que confio, mostro alternativas que façam sentido para cada mulher. Respeito as que preferem outro tipo de experiência (ou que realmente precisam de uma intervenção cirúrgica) porque também aprendi que o mellhor parto é aquele que cada mulher não somente quer, mas pode ter.

E aqui meu relato de parto, algo que me faz soluçar de chorar até hoje, 1 ano e 8 meses depois, já com outro bebê na barriga:
http://casamoara.com.br/meu-mundo-minha-dor-meus-limites-um-parto-do-meu-jeito/

 

As indicações reais de cesárea

No post foram citados alguns casos onde a cesárea foi indicada pelo médico.

Bebê que não passa pela bacia – o nome disso é Desproporção Céfalo-Pélvica. É uma complicação rara e só pode ser identificada no trabalho de parto ativo depois que a mãe já alcançou a dilatação total. Não existe diagnóstico de desproporção antes do trabalho de parto, usando o tamanho do bebê como justificativa. A desproporção céfalo-pélvica é uma intercorrência multifatorial e tem muito mais a ver com a posição distócica de encaixe do bebê do que com o tamanho dele em si.

Útero rasgando – a ruptura uterina é uma intercorrência raríssima. O risco de ruptura uterina é 0,2% maior em mulheres que tiveram uma cesárea anterior, mas ainda assim maior fator de risco é a má formação uterina. Só é possível identificar uma ruptura uterina em trabalho de parto, não é possível diagnosticar que o útero está se rompendo antes do trabalho de parto começar pois são as contrações que contribuem para ruptura. Aumenta consideravelmente o risco de ruptura o uso abusivo e inadequado de ocitocina sintética intraparto (o famoso “sorinho”), então a melhor prevenção para ruptura é que o parto aconteça com o menor número de intervenções possíveis.

Não dilatarnão existem mulheres que não dilatam. Toda mulher dilata, algumas levam mais tempo, outras menos. Quando o trabalho de parto ativo para de progredir o médico avalia a mulher e pode intervir com aplicação de anestesia ou rompimento da bolsa, para que o trabalho de parto normal continue.

Ruptura da bolsa sem sinal de trabalho de parto: é recomendado repouso, hiperhidratação e monitoramento cardíaco do bebê e esperar o trabalho de parto começar naturalmente. Geralmente o trabalho de parto começa em até 24h depois da bolsa ter se rompido, mas a literatura médica já relatou casos de sete dias. O líquido amniótico é produzido constantemente pelo corpo, o bebê não fica “seco” dentro do útero.

Bebê Sentado – É o famoso bebê pélvico. pode ser indicação de cesárea ou não. Existem poucos médicos que acompanham partos normais de bebês sentados. Com acompanhamento correto é um parto normal seguro. Porém a cesárea também é uma conduta indicada.

Fonte: Indicações reais de cesárea (com evidências): http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html

Slide Share do Projeto Diretrizes da Febrasgo: http://www.slideshare.net/priscilacaixeta1/febrasgo-cesareana-indicao

Indicações reais e fictícias: http://renatacorrea.com.br/listados9/quando-uma-cesarea-e-uma-cirurgia-realmente-necessaria/

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Vagas para tratamento de mulheres dependentes em álcool ou drogas no PROMUD

Meninas, esta é uma dica de utilidade pública total. Nossa querida @CarladoBrasil trouxe a dica e nós compartilhamos. Divulguem!

mulheres: álcool e drogas / imagem de chandrika221 no flickr

O Programa da Mulher Dependente Química (PROMUD) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP esta com vagas abertas para mulheres dependentes de álcool e/ou drogas, maiores de 18 anos e residentes na grande São Paulo.

O PROMUD é um serviço multidisciplinar, e sua equipe é composta por: psiquiatras, residentes de psiquiatria, psicólogos, estudantes de psicologia, nutricionistas e advogada. Foi  fundado em novembro de 1996, como um programa de tratamento para o atendimento exclusivo de mulheres com diagnóstico de Transtorno de Dependência de Substâncias Psicoativas. O ambulatório compõe um dos serviços especializados oferecidos pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, funcionando em seu Complexo Central, situado no Bairro de Cerqueira César, Zona Central de São Paulo.

Para agendamento, basta ligar de segunda a quinta das 09:00 às 11:00 horas e falar com Iracema no telefone: 11-3082.1876. Maiores informações podem ser obtidas no site: www.mulherdependentequimica.com.br ou através do e-mail: promud.ipq@hc.fm.ups.br

PROMUD – Instituto de Psiquiatria – Hospital das Clínicas
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Rua João Moura, 647 – cj. 191
05412-911 – São Paulo – SP
Tel/fax: 11-3082.1876
E-mail: promud.ipq@hc.fm.usp.br
Site: www.mulherdependentequimica.com.br

*Photo Credit: chandrika221 via Compfight cc

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Segunda RodAda Hacker reúne mulheres para aprender a programar

Dani B. Silva, criadora da RodAda Hacker, foto: Pedro Belasco

Numa sociedade em que as meninas são presenteadas com panelinhas e bonecas e os meninos ganham carrinhos e super-heróis não é de se estranhar que as mulheres não apareçam em alguns fazeres. Isso acontece muito com especialidades ligadas a exatas, como é o caso de programação, ambiente geralmente masculino.

Foi por conta dessa escassez de mulheres na sua área que Daniela Silva, cofundadora da Transparência Hacker, decidiu criar a RodAda Hacker, uma oficina de programação para web para o público feminino. “A ideia é ter mais meninas e mulheres atuando não apenas como usuárias, mas como construtoras de projetos na web”, explica Daniela. A segunda edição do encontro acontece em São Paulo, no próximo dia 27/07 das 9h às 19h. As inscrições podem ser feitas aqui.

Em maio aconteceu a primeira RodAda Hacker, com presença de algumas de nós (Lanika e Francine Emília estiveram por lá e trouxeram várias mulheres para o nosso grupo).O nome é uma referência à mais antiga programadora do sexo feminino que ficou conhecida na história, Ada Lovelace.

Os monitores dividem as participantes por interesse e, durante as 10 horas seguintes (com tempo para almoço e intervalos), mergulham nos mais variados projetos para web como aplicativos, sites e games. “Cada um escolhe o seu projeto, pois tudo fica mais fácil quando se tem um objetivo real”, diz Daniela. “Não é garantido que todas saiam com seus projetos finalizados, afinal é apenas um dia, mas com certeza podemos proporcionar um grande avanço no aprendizado e possivelmente um estímulo para que elas continuem evoluindo”.

Várias participantes do LuluzinhaCamp estarão neste próximo evento. Vem com a gente!

Serviço:

Segunda RodAda Hacker SP

Dia 27/07 das 9h às 19h

Preço da oficina: R$85,00

Necessidades: levar computador com acesso à rede wireless

Não é preciso ter conhecimentos prévios em programação

Incrições: http://rodadahacker.com/inscricoes/

Foto: Pedro Belasco, Flickr, em CC-BY-SA