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Retratos do Brasil: como os homens percebem a violência contra a mulher

Violência contra a Mulher

Hoje é Dia Internacional dos Direitos Humanos. E a ONU Mulher convocou uma blogagem coletiva para encerrar os 16 dias de luta pelo fim da violência contra a mulher.

No dia 29 de novembro, o Instituto Avon e o Data Popular divulgaram a pesquisa “Percepções dos Homens sobre a Violência Doméstica contra a Mulher” (faça o download da pesquisa completa

  Percepções dos Homens sobre a violência doméstica contra a mulher (5,5 MiB, 29.328 hits)

). Esta foi a terceira pesquisa de uma série que começou em 2009 para conhecer as percepções da população sobre a questão da violência contra a mulher.

Realizada em agosto e setembro de 2013, a pesquisa teve consultoria do Instituto Noos, uma organização que atua em grupos de reflexão com homens agressores. Além de conseguir respostas diretas, também encontrou as contradições que nós vivemos.

  • 41% dos brasileiros (homens e mulheres) conhecem ao menos um homem que foi violento com sua parceira (atual ou ex).
  • Apenas 16% dos homens admite ter tido atitudes violentas – isso representa cerca de 8,8 milhões de homens.
  • Ao conhecerem a lista de atitudes entendidas como violência doméstica, 56% dos entrevistados admitiram ter praticado violência contra suas parceiras.
  • Xingar, humilhar em público e obrigar a mulher a relações sexuais quando ela não quer são atitudes vistas como naturais num relacionamento pelos homens.
  • Apenas 35% dos homens acha que a mulher deve procurar a Delegacia da Mulher quando ele a impede de sair de casa.

Estereótipos de gênero e construção do cenário machista:

  • Mulher é relacionada com carinho e amor. Homem associado com sexualidade e honra (não leva desaforo pra casa).
  • 53% dos homens esperam felicidade no casamento. Mas este mesmo porcentual atribui à mulher a responsabilidade por fazer a relação dar certo.
  • 85% acham inaceitável uma mulher bêbada.
  • 69% não admitem que saia sem a sua companhia
  • 46% não aceitam que use roupas justas e decotadas.
  • 89% dos homens atribuem à mulher o trabalho doméstico.

Segundo Carlos Zuma, do Instituto Noos, “todas estas expectativas, quando quebradas num cenário em que há dominação de um gênero sobre o outro levam à violência física e psicológica”.

Os homens legitimam a violência responsabilizando a mulher (tá, a gente já sabia, mas agora temos números):

  • Para 29% “homem só bate porque a mulher provoca”.
  • Para 23% “tem mulher que só para de falar se levar um tapa”
  • Para 12% “se a mulher trai o marido, ele tem razão em bater nela”.
  • 67% dos autores de violência presenciaram discussão entre os pais na infância – entre os não agressores, o número cai para 47%.
  • Entre os agressores, 21% presenciaram agressão física; contra 9% dos não agressores.

Lei Maria da Penha

  • 92% dos homens são favoráveis, 35% não a conhecem total ou parcialmente.
  • Para 37% deles as mulheres desrespeitam os homens por conta da Lei. 81% acham que os homens também deveriam ser protegidos.

Qual tipo de ajuda um agressor precisa?

  • Ajuda profissional (psicólogo ou terapeuta): 25%
  • Conversa com a espora 20%
  • Conversa com familiares 16%
  • 68% disseram que aceitariam participar de programas para mudar o comportamento em caso de problemas com atitudes agressivas em seus relacionamentos.

Os números da violência contra a mulher no Brasil:

  • A cada quatro minutos uma mulher é vítima de agressão no Brasil.
  • A cada hora e meia ocorre um feminicídio – morte de mulher por con?ito de gênero – no
  • Brasil.
  • Mais de 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil nos últimos dez anos, boa parte pelo próprio parceiro.
  • Desde que foi sancionada a Lei Maria da Penha, a Central de Atendimento à Mulher atendeu três milhões de denúncias.
  • Mas estima-se que mais de 13 milhões e 500 mil brasileiras já sofreram algum tipo de agressão de um homem, sendo que 31% destas mulheres ainda convivem com o agressor e 14% continuam a sofrer violências. Isso significa que 700 mil brasileiras são alvo de agressões cotidianamente.
  • Do total de relatos de violência registrados no 1º semestre de 2013 pelo Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher, a agressão foi presenciada pelos ?lhos em 64% dos casos. Em quase 19% eles também sofreram agressões.
  • O Espírito Santo é o estado brasileiro com a maior taxa de feminicídios, sendo 11,24 a cada 100 mil mulheres, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84). A região com as piores taxas é o Nordeste.
  • Há apenas 500 delegacias para atender mulheres agredidas em todo o Brasil.
  • Dois mil homens são presos anualmente por agredirem suas parceiras.
  • O Brasil é o sétimo país no ranking de assassinato de mulheres dentre 84 países, perdendo, na América do Sul, apenas para a Colômbia e, na Europa, para a Rússia;
  • Os números brasileiros desses assassinatos ainda são maiores do que os de todos os países árabes e africanos.
  • Em todo o país, as mulheres de menor nível educacional ainda são as mais agredidas; 71% dessas relatam aumento de violência em seu cotidiano.
  • 54% dos brasileiros conhecem alguma vítima de violência doméstica.
  • 66% dos brasileiros acreditam que o constrangimento ainda é uma barreira e que a vítima tem vergonha que saibam da violência.
  • 30% das mulheres acreditam que as leis do país não são capazes de protegê-las da violência doméstica.
  • 18,6% das mulheres afirmaram já ter sido vítimas de violência doméstica.
  • Uma em cada quatro mulheres disse que já se sentiu controlada ou cerceada pelo parceiro: que ficava controlando aonde ela ia (15%); procurava mensagens no seu celular ou e-mail (12%); vigiava e perseguia (10%); impedia de sair (7%); ou já havia rasgado ou escondido seus documentos (2%).
  • 75% dos brasileiros acreditam que as agressões nunca ou quase nunca são punidas.
  • A violência física predomina, mas cresce o reconhecimento das agressões moral e psicológica.
  • 42% dos brasileiros acham que a justiça é lenta.
  • O medo ainda é o maior inibidor das denúncias de agressões contra as mulheres.

Fontes:

  • Mapa da Violência 2012 – atualização: Homicídio de Mulheres no Brasil (CEBELA/FLACSO/Instituto Sangari agosto de 2012).
  • Organização das Nações Unidas:
  • Pesquisa Data Senado (março/2013)
  • Pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres, do Instituto Patrícia Galvão
  • (Agosto/2013)
  • Ipea Módulo de Violência da Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (Fundação Perseu Abramo/SESC, 2010)
  • Balanço do Ligue 180, dados consolidados de 2012

foto: kevin dooley via Compfight cc

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Notícias

Valente não é violento

Amanhã, dia 10, é dia de blogagem coletiva para encerrar os 16 Dias pelo fim da violência contra as mulheres (que começa, a principio no dia 20 de novembro e que deixamos passar batido neste ano).

Convidei todo mundo no grupo de discussão para participar da roda de debate. Também é Dia Internacional dos Direitos Humanos. E quem convocou a blogagem é ninguém menos que a ONU Mulher, braço da entidade voltado às políticas para as mulheres. Que, sim, tem que falar de fim da violência e de inclusão no mercado de trabalho. E é o século 21, minha gente…

A proposta é que a gente fale sobre “as novas masculinidades”, transformações de estereótipos e do fim da violência contra as mulheres. Quem escrever, linka aqui que a gente faz uma listinha bacana, ok?

Vejo vocês amanhã, nos respectivos blogs.

Update – quem publicou:

Aqui no LuluzinhaCamp: Retratos do Brasil

Denise Rangel: http://drang.com.br/blog/2013/12/10/adultos-violentos-como-educa-los/

Patrícia Andrade: Pelo fim da violência contra as mulheres

Femmaterna: Se apanhar na escola, apanha em casa de novo

Blogueiras Negras: Valente: sobre estereótipos de gênero e violência

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Encontros Nacional

Comemoramos o ano 5! Vamos a 2014!

Bolo da Nena Chocolates para o LuluzinhaCamp
by Nena Chocolates – amor embrulhado em pasta americana

Um gosto especial. Graças ao bolo da Nena e às heroínas que enfrentaram a tempestade em Sampa para chegar. Graças ao espaço magnífico da Cowave – que acolheu todas as conversas com conforto e wifi estável para todas. O nosso quadro branco funcionou. As rodas aconteceram. O deck acolheu o FotoRecado. E a gente se reencontrou – ou descobriu quem são as pessoas por trás dos avatares.

Oficina de Costura com Simone Miletic
Com apostila e muito amor!

A programação atrasou muito (duh), mas (quase) tudo aconteceu. No primeiro round, Oficina de costura da Simone foi uma atividade lotada. Na sala de cima, também cheia, a Patrícia Andrade falava de coaching, empoderamento, carreira e como melhorar as nossas performances.

patrícia andrade fala sobre coaching
Patrícia Andrade fala sobre coaching

Enquanto isso, rodinhas aconteciam nos sofás, na copa. E no hall, chegavam mais atrasadinhas. Uma surpresa que foi sucesso: a ação pela doação de sangue dos nossos cachorros e gatos, da Equilíbrio. Tem blogagem coletiva combinada para o dia 30, que é Dia de Doar.

No segundo round da tarde, oficina de WordPress da Cátia Kitahara e a Roda de Leitura com a Denise Rangel, que escolheu um texto lindo sobre amor para a conversa. O papo rendeu muito, nas duas salas. E o FotoRecado começou, lá no deck, com o tema … CINCO.

Desta vez conseguimos fazer uma foto de todas (ou quase, teve gente que já tinha saído).

Também cantamos parabéns! E eu dei uma zoadinha básica, porque, né?

Ganhamos um amigo secreto de presente da Avon e, claro, houve o nosso tradicional sorteio, com todas escolhendo seus mimos sob pressão (porque, vejam, estávamos MUITO atrasadas).

Monise Tonoli e Marina Maciel
Monise Tonoli e Marina Maciel, que trabalham na mesma empresa e se conheceram no encontro

E o Bazar de Trocas bombou, graças à participação luxuosa de todas.

mesa do Bazar de trocas

As fotos que eu fiz já estão no Flickr do LuluzinhaCamp. E também no meu FB pessoal (já estou mandando para a página do LuluzinhaCamp por lá…).

Amei rever nossa feminista-fundadora, Cynthia Semíramis. Senti falta da Bianca Cardoso – e de muitas outras. Em 2014 tem mais!

Quem já escreveu (e eu vi):

Tati Lopatiuk

Simone Miletic

Marina Maciel

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Notícias

Trabalho continua a ser tópico importante aqui

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Tudo começou com um desabafo. Numa mudança de rumos de carreira, uma das nossas mulheres está enfrentando um ambiente de trabalho hostil, em que tudo pode ser usado contra ela. Isso depois de trabalhar com outras pessoas do nosso grupo e crescer muito.

Ah, o universo do trabalho. Aquele que nos tira da cama, nos joga num trânsito violento, nos encaixa em cubículos – e paga os boletos na data escolhida. Passamos a maior parte do tempo útil no trabalho. E, em pleno século 21, com ótimas possibilidades no horizonte, continuamos sujeitas a um esquema criado na Revolução Industrial e aperfeiçoado nos séculos que aconteceram entre então e hoje.

Para completar, a gente lida com todas as variáveis que nos afetam: discriminação salarial, os filhos, a sensação de sermos fraudes (apesar de geniais nos nossos fazeres)… o tópico sempre rende longas conversas no grupo de discussão. E fica aberto aqui para que o público saiba: sim, a gente pensa, fala e imagina como transformar esse cenário.

Daí derivam várias questões que atravessam o nosso convívio – digital e presencial:

  • A capacidade de acolhimento
  • O empreendedorismo que corre nas veias de várias de nós.
  • A questão da qualidade dos ambientes de trabalho
  • Nossas escolhas e atitudes frente à vida

Algumas frases (sem identificação, porque assim ninguém vai saber de quem ou de onde falamos)

O ambiente de trabalho é o mais importante, é o que nos mantém sãos…

Te digo que onde quer que você vá, vai ter sujeira, má vontade, intriga… O esquema só funciona na base do fake ou da rasteira. (sobre o ambiente específico em questão)

“Já falei do lance provinciano que rola por aqui no trabalho e agora enfrento mais um problema, que é bem parecido com o seu: como lidar com gestores que sentem-se ameaçados com o seu trabalho e começam a boicotar suas ideias?

Minha equipe também não me ajuda em nada e faz um tempo que tenho trabalhado só por mim e feito as coisas de maneira diferente para tornar as tarefas mais agradáveis e menos penosas, digamos assim. ”

Se você pode procurar outro lugar, ou mesmo trabalhar sozinha, faça isso.

Pessoas boas e más existem em todos os lugares, e saber lidar com elas (principalmente as más) de maneira inteligente é realmente um exercício diário e sofrido. E isso nos torna muito mais safas e fortes

“quando tive minhas crises [de pânico], tive muita vontade de sumir e parar de trabalhar. mas tenho contas, né? Será que há alguma maneira da gente se proteger disso? de se deixar mais imune? eu não sei. passo tantas horas no trabalho, mais que com meu marido. e penso que ele deveria ser uma continuação da minha casa.”

Algumas declarações importantes lá do tópico específico que falam muito sobre o que vivemos.

Sobre empreender:

Montar um negócio mesmo um café, uma loja física, exige muita conta de mais e menos e muita certeza de até onde você pode ir, se não você só perde dinheiro – ganha experiência, isso é verdade, mas estou numa fase em que perder dinheiro não é opção.

Sobre lideranças:

Uma coisa que eu venho aprendendo na vida é o quanto as lideranças impactam na cadeia do negócio. É muito difícil um ambiente ser amoroso se o líder não o é. É muito difícil um ambiente ser agressivo se o líder não o é. O único jeito de isso acontecer é o seu gestor direto ter muita autonomia (pois é ele que vai conseguir filtrar o que vem da liderança e transformar tudo aquilo em alguma outra coisa).

Às vezes é difícil captar se o gestor tem realmente autonomia ou não, até porque ele normalmente tenta esconder o fato de não ter autonomia, mas de repente espelhar-se diretamente nas lideranças do negócio (seja ele qual for) seja o jeito mais fácil de encontrar um lugar bacana.

Outro aprendizado fortíssimo – e talvez uma das minhas maiores bandeiras – é a cultura do feedback. Mas não é o feedback babaca, aquele que só fica alisando. Feedback bom é aquele que incomoda, que faz a pessoa repensar no que ela fez e em como faria diferente. Somos seres pensantes e esse é o nosso forte. Feedback serve justamente para evoluir algo que não está tão legal. E se o seu gestor não é adepto de feedback? Maridão, certo dia, me deu a dica da vida: o melhor jeito de pedir um feedback é dando um. Comece o movimento (nesse caso, de dirigir-se a um superior, com muita educação) e de repente o movimento volta pra você.

Sobre o futuro:

Eu acho que a gente devia criar cooperativas ou espaços de coworking para mulheres lindas e inteligentes, mas falta um inve$tidor para dar um kickstart nessa idéia. Parar com essa me*** toda e criar uma espiral positiva, um novo modelo de negócio que rendesse filhotinhos e se espalhasse pelo país todo atraindo mais pessoas talentosas e do bem.

Como? Essa é a questão central em nossas mesas. Não há uma receita pronta para o bolo. Teremos que testar, inventar – e fazer. Podemos ir juntas. Podemos ir em mini-luluzinhacamp (o que já tem acontecido, de um jeito ou de outro). Existem mil jeitos de estar no mundo. E nós, no grupo, estamos aprendendo a construir isso. Em breve, as mudanças chegam aqui. 🙂

foto: Pink Sherbet Photography via Compfight cc

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Update: LuluzinhaCamp 2013, o que já está combinado

Zemanta Related Posts Thumbnail

Falta um mês para o nosso grande encontro. E no grupo já combinamos algumas coisas que irão acontecer na nossa tarde lá na Cowave.

Oficina de competência informacional: como lidar as massas informacionais que temos diariamente que acessar e/ou sobre viagens de negócios: dicas práticas – Carol Fraga

Oficina de Camisetas com Stêncil – Lanika Rigues ataca novamente! (tragam as camisetas para personalizar)

Oficina de bufão com MaWa.

Bate-papo proposto: casamento, monogamia, relacionamento aberto e quetais.

Juliana Cimeno e os bolinhos do apocalipse http://bolinhodoapocalipse.blogspot.com.br/2013/05/semana-do-bolinho-bolinho-do-apocalipse.html

Ainda não se inscreveu? Corra!