**contém spoilers**
Vamos muito ao cinema, eu e meu filho. Eu adoro a telona e ele herdou a cultura de assistir e depois conversar sobre o filme, falar sobre a história e sobre o que poderia melhorar ou o que foi mais legal no roteiro.
Eu sempre tento adicionar à sessão, nessa nossa conversa, algo mais sobre valores que eu acho que o filme deveria passar ou tocar… Então, não evito filmes comerciais, mas é natural aquela crítica básica depois de assistir quando o filme deixa a desejar.
Noutro dia a gente assistiu “Aviões: Fogo e resgate”. Como feminista eu sempre tento ser otimista com relação à filmes pra crianças, mas costumo ver filmes da Disney com um pouquito de desconfiança. O primeiro filme da série, Aviões (2013) é um bom filme, visto dessa perspectiva, porque apresenta duas fortes personagens sendo parte da história e não apenas um troféu para outros personagens (embora não passe no teste de Bechdel).
Na segunda versão eu perdi um pouco das esperanças: apesar da personagem Dynamite ser uma das co-líderes dos Smokejumper Cars – uns carrinhos mutcho locos que fazem coisas radicais durante os incêndios, Lil’ Dipper, a grande avioneta cargueira, é só uma tonta que passa o filme todo sendo tiete do estrelinha Dusty. Tsc.
Outro detalhe que me incomodou foi que a Dottie, a mecânica que cuida de tudo do Dusty simplesmente declara no começo do filme, quando o avião está com uma peça quebrada, que ela acha muito difícil fazer uma nova peça pra ele, que não consegue. Ora ora. Ela, que sempre deu um jeito em tudo, de repente declara terminantemente que “não dá”.
Só que no final o Maru?— também mecânico, mas da pista de aviões bombeiros – consegue consertar, fazendo o que Dottie não foi capaz de fazer. Tsc duplo.
Tirando isso, o filme é bacana. Muitos pontos positivos, mas posso enumerar três aqui, de um ponto de vista de mãe:
1. O filme dá uma tarefa altruísta para o Dusty. Antes ele só compete pelo prazer de competir. Agora seu dever é salvar vidas.
2. O avião completa suas tarefas sem extra-poderes. Ele consegue se superar só com coragem e vontade de vencer, diferente do primeiro filme, onde ele recebe um boost e vence geral.
3. O terceiro ponto, mais importante de todos: o filme fala sobre consertar coisas ao invés de substituí-las. É um recadinho de quem luta contra a obsolescência programada. Muito amor de metareciclagem ?
O mais importante: o pequeno saiu do cinema dizendo que queria ser um avião bombeiro e salvar florestas e vidas…
Mais alguém aqui viu e queria compartilhar impressões?
Ah, tem esse post em inglês no Medium também, caso alguém se interesse 🙂