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Contra a Homofobia!

Hoje, o post vem mais tarde porque pela manhã participei da II Marcha Nacional Contra a Homofobia, que contou com 5 mil pessoas. Marchamos contra a homofobia, o machismo e o racismo. Marchamos por um mundo mais igualitário e pelos direitos humanos. Marchamos para que a discriminação deixe de causar tanta violência em nosso pais.

Nosso Grito!
Nosso Grito! Imagem de Srta. Bia no Flickr, em CC

A homofobia não é um problema que afeta apenas a população LGBT. Ela diz respeito também ao tipo de sociedade que queremos construir. O Brasil só será um país democrático de fato se incorporar todas as pessoas à cidadania plena, sem nenhum tipo de discriminação. O reconhecimento e o respeito à diversidade e à pluralidade constituem um fundamento da democracia. Enquanto nosso país continuar negando direitos e discriminando lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais não teremos construído uma democracia digna desse nome.

Trecho do Manifesto da II Marcha Nacional Contra Homofobia

Tem Cura!
Homofobia, Machismo, Intolerância, Discriminação, Alienação, Sexismo, Ignorância, Preconceito TEM CURA! Foto de Srta. Bia no Flickr, em CC.

Uma das grandes comemorações da Marcha foi a recente decisão do STF que reconheceu a união estável entre homossexuais. As pessoas desceram em marcha até a frente do Supremo Tribunal Federal, estenderam a imensa bandeira arco-íris e se abraçaram numa grande manifestação de agradecimento. Uma vitória que nos enche de esperança.

Afinal,  se as pessoas de preferência heterossexual só podem se realizar ou ser felizes heterossexualmente, as de preferência homossexual seguem na mesma toada: só podem se realizar ou ser felizes homossexualmente. Ou “homoafetivamente”, como hoje em dia mais e mais se fala, talvez para retratar o relevante fato de que o século XXI já se marca pela preponderância da afetividade sobre a biologicidade.

Logo, é tão proibido discriminar as pessoas em razão da sua espécie masculina ou feminina quanto em função da respectiva preferência sexual. Numa frase: há um direito constitucional líquido e certo à isonomia entre homem e mulher: a) de não sofrer discriminação pelo fato em si da contraposta conformação anátomo-fisiológica; b) de fazer ou deixar de fazer uso da respectiva sexualidade; c) de, nas situações de uso emparceirado da sexualidade,  fazê-lo com pessoas adultas do mesmo sexo, ou não; quer dizer, assim como não assiste ao espécime masculino o direito de não ser juridicamente equiparado ao espécime feminino ? tirante suas diferenças  biológicas ?, também não assiste às pessoas heteroafetivas  o direito de se contrapor à sua equivalência jurídica perante  sujeitos homoafetivos. O que existe é precisamente o contrário: o direito da mulher a tratamento igualitário com os homens, assim como o direito dos homoafetivos a tratamento isonômico com os heteroafetivos.

Trechos do voto do Ministro do STF Ayres Brito.

Bandeira no Congresso Nacional
A Bandeira do Arco-íris em frente o Congresso Nacional. Foto de Srta. Bia no Flickr, em CC.

E lembre-se, você não precisa marchar nas ruas para lutar contra a homofobia e outros preconceitos. É sempre muito bom ir às ruas mostrar para os intolerantes que somos muitos, mas você também pode se informar e esclarecer outras pessoas. No caso da homofobia, conheça o PLC 122 e o programa Escola Sem Homofobia além de outras políticas públicas LGBT’s. Apoie, critique, discuta, mas sempre baseando-se em informações corretas, não em factóides que espalham mentiras e emperram nossa comunicação. O amor deve andar livre pelo mundo, junto com o respeito e a diversidade. Há um álbum no meu flickr com fotos do dia de hoje. E recomendo posts de outras Luluzinhas que também apóiam o amor e os direitos de todos os brasileiros serem felizes, sem exceção:

[+] Dia Internacional do Combate a Homofobia da Cintia Costa

[+] Dia Internacional do Combate à Homofobia da Monise, com bela seleção de bolos temáticos.

[+] Inspirações para casamento gay uma bela seleção de fotos feita pela Cintia Costa

[+] A polêmica da #UniãoHomoafetiva e #ChupaMalafaia da Evangelista

[+] PLC 122 – Você Precisa Conhecer! e 17 de maio: Dia Mundial e Nacional Contra a Homofobia +2 posts meus.

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Annie Leibovitz

Esses dias achei o documentário Annie Leibovitz – A Vida Através das Lentes. O subtítulo é como Annie define a vida de fotógrafa. Uma vida em que se fotografa da mesma maneira que outras pessoas comem e respiram. Um filme rápido (80 minutos) e bacana de se ver, pois entra na intimidade do trabalho e da família, é dirigido por Barbara Leibovitz, irmã de Annie. Fora que é muito interessante ver como foi a vida de uma pessoa tão criativa, como se desenvolveu até ser a grande fotógrafa que é hoje. O filme conta as histórias de muitas fotos famosas, além dse sua história de vida.

Annie nasceu numa grande família. Pai, mãe e 5 irmãos, ela é a terceira. Sua mãe sempre foi a grande documentarista da família, amava câmeras. Durante a Guerra do Vietnã, o pai militar foi morar nas Filipinas e carregou a família. Lá, como não tinha muito o que fazer, Annie se interessou por fotografia. Retornou aos Estados Unidos em 1967, para estudar no Instituto de Artes de São Francisco. A partir daí começou a trabalhar e viver intensamente os anos em que vários paradigmas foram quebrados. Tornou-se a principal fotógrafa da Rolling Stone e talvez seu ápice tenha sido a famosa foto de John e Yoko, feita poucas horas antes dele ser assassinado.

Capa da Revista Rolling Stone dez/1980. Foto de Annie Leibovitz.

Na revista Vanity Fair desenvolveu o estilo que a consagrou. Uma de suas capas mais famosas é da atriz Demi Moore grávida e nua. Essa imagem causou grande debate sobre o papel da mulher, seu corpo e a maternidade. Casou com a escritora e intelectual Susan Sontag, que lhe abriu novos caminhos, levando-a para documentar a Guerra da Bósnia em Sarajevo. Aos 50 anos decidiu ter filhos. Seus ídolos são Robert Frank, Cartier-Bresson, Barbara Morgan e Richard Avedon. Beatriz Feitler, designer e diretora de arte brasileira, foi uma grande influência em sua carreira, incentivando-a no desenvolvimento da técnica e no desejo de transcender, de criar um significado marcante para cada fotografia. Annie começou fotografando ídolos do rock em momentos íntimos, atualmente faz belíssimos editoriais de moda para a Revista Vogue.

Capa da Revista Vanity Fair ago/1991. Foto de Annie Leibovitz.

É bacana ver Annie fotografando, pesquisando, criando. Ela desenvolveu um estilo em que a pessoa tem que ser parte do que está acontecendo. Suas fotografias são narrativas. A criatividade é um processo de trabalho, não surge repentinamente, é resultado de pesquisa e aprimoramento do olhar. Quando Annie está focada nos pés de um bailarino ou no cabelo de uma celebridade, ela procura algo que seduza as pessoas, mas também algo que capte aquela mínima fração do tempo, um momento que nunca mais retornará. Em determinado momento, Annie diz: “A lente lhe dá direito de sair pelo mundo sozinha, mas com um propósito.”

Esse post convida você a exercitar sua veia fotográfica por aí e deixo como inspiração os portfolios de três talentosas fotógrafas Luluzinhas:

[+] Claudia Regina

[+] Gabi Butcher

[+] Natalie Gunji

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Opinião

Filme: Como Você Sabe

Assim como eu, você deve estar cansad@ de comédias românticas, certo? Sempre tão iguais. Confesso que há algum tempo tenho muita preguiça de vê-las. Porém, se você tem uma Mãe que adora comédias românticas, é bem provável que de tempos em tempos verá alguma. E a desse fim de semana foi Como Você Sabe, com a fofa Reese Whiterspoon.

Cena do Filme Como Você Sabe. Divulgação.

Para minha grande surpresa essa é uma comédia romântica com alguns pequenos toques de originalidade. É claro que há um final feliz, mas poderia haver outros. E Lisa não é a heroína típica, ela não cairá de amores por um ótimo pretendente, para então algo ou alguém separá-los, para enfim ficarem juntos no final. Lisa está descobrindo o que é gostar de alguém e, como a maioria das pessoas, não tem tanta certeza sobre o que é isso.

Lisa é jogadora de beisebol. Passou sua vida inteira jogando e amando jogar beisebol. Curtiu a vida como qualquer garota. Porém, a idade chegou, seu desempenho não é mais o mesmo e ela foi cortada da principal equipe americana. Um baque para o qual não se preparou. Suas amigas de time estão todas ao seu lado, assim como a ex-treinadora, mas chegou a hora de Lisa pensar em outras coisas. E aí no meio dessa mudança repentina aparecem Matty e George.

Não vou me alongar sobre o triãngulo amoroso, o interessante do filme é a maneira como Lisa vai construindo seus sentimentos pelos dois. Saindo, conhecendo, conversando e ao mesmo tempo imersa em dúvidas sobre sua vida. Talvez Lisa seja uma mulher muito real para comédias românticas. Pois ela não tem certezas, não tem como grande sonho casar e ter filhos, não sabe muito bem o que fazer com sua carreira agora, mas está lá vivendo, fazendo planos e vendo que não há respostas para tudo. Comendo, rindo, transando, pagando mico. Uma mulher de 31 anos que não precisa descobrir tudo agora, ela pode continuar pegando alguns ônibus ou táxis quando quiser. Não é o melhor filme do ano, mas um frescor entre tantos relacionamentos de ficção enlatados.

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Opinião

Mídia Social, Gênero e Cultura Livre.

Johanna Blakley é vice-diretora do Norman Lear Center, um instituto de pesquisa que explora a convergência entre comércio, entretenimento e sociedade. Atualmente, Blakley tem como foco de suas pesquisas o impacto da mídia e do entretenimento em nosso mundo. Há duas palestras dela no TED (legendadas em PT-BR) que falam de coisas bem bacanas para quem está interligado nas novas possibilidades da rede.

A mídia social e o fim do gênero

Quando falamos de mídia de massa e entretenimento, é possível ver divisões no mercado baseadas em idéias estereotipadas e limitadas. Um exemplo, homens gostam de filmes de ação, mulheres gostam de romance. Padrões bobos e algumas vezes degradantes que são reforçados todos os dias. A mídia e a publicidade mostram um espelho distorcido de nossas vidas. Não há pluralidade, pois métodos rígidos de segmentação ainda são utilizados para mensurar consumidores e restringí-los em rótulos. O que vemos atualmente, é que aplicações de mídias sociais podem nos libertar destes conceitos limitados. Saber o que entretem as pessoas, como se divertem ou que fazem em seu tempo livre é importante para compreender o mundo atualmente.

Nas redes sociais as pessoas não se conectam de acordo com seus perfis demográficos, mas por meio de seus gostos e interesses. Para a maioria das pessoas interessa saber mais qual seu seriado favorito, do que quantos anos você tem. Analisar a quantidade de cliques em um site não traz informações como idade, gênero ou renda. Porém, analisar interações online produz informação sobre o que você faz online, do que gosta, o que lhe interessa. Na internet, pessoas se juntam ao redor de assuntos que elas gostam, seja uma banda, um seriado ou um time de futebol. E o que vemos é que valores e interesses são agregadores muito mais poderosos  entre seres humanos do que categorias demográficas. As mulheres são maioria nas redes sociais. Além de superarem os homens, gastam muito mais tempo nesses sites. O resultado disso será que as empresas de mídia contratarão cada vez mais mulheres, pois perceberão que isso é importante para seu negócio. E essas mulheres serão responsáveis por acabar com categorias clichês, especialmente clichês femininos, pois elas sabem o quanto isso é limitador.

Lições de uma cultura livre da moda

Na indústria da moda há pouca proteção de propriedade intelectual.  Há proteção de marca registrada, mas não há proteção de direito autoral e nem proteção de patente. Pode-se copiar qualquer roupa e vender como seu próprio desenho. A única coisa que não podem copiar é a etiqueta da marca, por isso vemos tantas logos espalhadas ou chamativas pelos produtos. A razão para não haver direito autoral na moda, nos Estados Unidos, é que a justiça decidiu que vestuário é muito utilitário para se qualificar na proteção de direito autoral. Não queriam que poucos designers fossem donos de partes fundamentais de nossas roupas, senão todos teriam que licenciar aquele punho ou aquela manga, porque ela pertence a uma pessoa.

A lógica do direito autoral presume que sem o advento da propriedade, não há incentivos para inovar. Porém, justamente por não haver direitos autorais na indústria da moda, os designers elevaram o desenho utilitário, criaram novas formas sobre o padrão. E transformaram roupas em arte, gerando sucesso de crítica e lucro. Há um processo criativo amplo e aberto. Escultores, fotógrafos, cineastas ou músicos ficam limitados a determinadas escolhas, enquanto designers de moda podem ter acesso a todas as peças já criadas, podem pegar qualquer elemento de qualquer vestuário e incorporá-lo ao seu trabalho. A consequência de uma cultura onde se copia livremente é o estabelecimento de tendências. Além do que, a inspiração vem das ruas, do que as pessoas usam, como mostram os diversos blogs de fashion street. Isso faz com que a indústria seja alimentada de cima para baixo e de baixo para cima.

Power and Equality. Foto de Cheryl Coward no Flickr, em Creative Commons.

Mulheres e o novo momento

Esses foram os principais apontamentos que fiz vendo as duas palestras. Acredito que o advento da tecnologia digital veio revolucionar a maneira como definimos direito autoral. Enquanto as redes sociais são fundamentais na divulgação de informações e na interação entre pessoas. Concordando ou não com as idéias de Johanna Blakley, suas falas me fizeram pensar bastante. Interessante notar que as mulheres são as principais consumidoras das redes sociais e da moda. Acredito que dificilmente estamos vivendo um Matriarcado.com, mas é importante perceber como estamos na crista da onda, como o poder provem da igualdade. Como mulheres estão absorvendo as novas formas de comunicação e consumindo produtos gerados numa cultura livre e criativa. Acredito que o diferencial no momento, que contribui para o crescimento das mulheres nesses campos, é que cada dia mais vivemos num mundo de idéias e não mais num mundo de objetos fixos e rígidos.

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Peles na Moda: uma questão mais ampla.

As coleções de inverno estão nas araras e em várias marcas é possível ver peles de animais verdadeiras. A pergunta é: vale tudo na moda? Será que já não discutimos o suficiente a crueldade que é matar animais para fazer casacos de pele? A resposta é não. Atualmente a questão da pele na indústria da moda ainda não é totalmente questionada, mesmo com os inúmeros protestos de organizações de defesa dos animais. Porém, não discutimos ainda com clareza a questão dos direitos dos animais. Não só na moda, mas também em nossos hábitos.

Aviso que esta não é uma questão de dizer que matar vaca para o bife pode e matar raposa para casaco não. É preciso refletir sobre inúmeras questões. Somos, em sua grande maioria, criados como onívoros, estamos acostumados a comer carne desde a pré-história. É um hábito e dependendo do país em que você vive pode-se comer cachorro ou não, por exemplo. Ou pode-se ter uma ótima culinária vegetariana como é o caso da Índia. No caso específico do Brasil, a pecuária é um dos grandes meios de produção da economia. Somos um povo acostumado a comer carne de vaca, frango, porco, peixe entre outros animais. Porém, não somos um país que culturalmente mata raposas e coelhos para fazer casacos de pele. É preciso refletir sobre nossos hábitos alimentares e sobre a cadeia de produção de alimentos da qual fazem parte. Métodos de abate em grande escala na maioria das vezes não respeitam nem os animais e nem os trabalhadores envolvidos. Vemos o reflexo disso também na qualidade da carne que consumimos. Portanto, a carne que comemos e o casaco de luxo não fazem parte da mesma cadeia de produção, mas estão interligados dentro da nossa relação com animais.

Animal Patterns. Crédito da Imagem: Elfike no Flickr, em CC

Quando falamos de direitos dos animais é preciso falar do uso de peles na moda, mas também de tráfico de animais silvestres, das penas naturais usadas em alegorias durante o Carnaval, dos animais abandonados por seus donos, dos zoológicos, da caça indiscriminada, dos maus tratos, das condições de abate em frigoríficos e dos nossos hábitos de consumo de carne e derivados animais. O que podemos fazer para mudar essa situação? Qual nosso nível de respeito pelos animais? Matar animais é justificável dependendo de como os usaremos? Precisamos matar animais para vivermos? É importante levantarmos todas essas questões. Porém, focar em uma delas em determinado momento não significa fechar os olhos para outras. E a grande questão quando falamos de moda é: há substitutos. Há materiais de qualidade que podem substituir facilmente a pele verdadeira de animais em vestimentas. Então, quanto vale um look? Quanto vale uma tendência?

É importante refletir individualmente sobre nossas ações. Podemos virar vegetarianos, podemos virar veganos ou podemos diminuir a quantidade de carne que consumimos. Podemos fazer boicotes a empresas que não realizam abate humanizado e empresas que vendem pele e couro de animais verdadeiros. Podemos denunciar o tráfico de animais silvestres e não aprisioná-los em cativeiro. Ações individuais e reflexão constante sobre nossos hábitos de consumo são fundamentais para mudar nossas relações com o mundo. Muitas vezes não são suficientes para modificar os meios de produção, mas ao vermos que uma empresa decide tirar das vitrines peças de sua coleção que exalta peles de animais em decorrência dos protestos, é possível ver uma pequena vitória dentro da ampla questão dos direitos dos animais. Ações individuais são nossa responsabilidade, além de serem catalisadores de ações coletivas. Quando o presidente de uma grande empresa de moda afirma que não é responsável pelo debate de uma causa tão ampla e controversa, justificando que pele de animal é tendência, quem assume a responsabilidade? Cada um de nós deve assumí-la.

Este post faz parte de uma Blogagem Coletiva proposta pela Renata Checha. Outros posts participantes:

#ArezzoFail!

A Arezzo e a Minha Pele

A Polêmica das Peles

A terceira lei de Newton e o caso arezzo

A Vênus das Peles – Leopold Von Sacher Masoch

Arezzo e algumas outras ignorâncias

Crueldade animal NÂO está na moda

Não é nossa responsabilidade?

O Tiro no Pé da Arezzo

Pele está na moda? Fique fora de moda!

Peles, Pra Que Te Quero?