Há duas semanas, a Nospheratt me mandou um link do SERPRO (cuidado ao abrir, o certificado de segurança está vencido ou não vale), em que descobrimos o Projeto de Lei nº 478, de 2007, que pretende fazer história como Estatuto do Nascituro. No grupo de discussão das Luluzinhas, claro, mesmo quem é contra o aborto não concordou com o absurdo proposto por este PL. E fui apoiada na convocação de uma blogagem coletiva contra tamanho descalabro.
Deixemos muito claro: ao participar, ninguém está apoiando o aborto. Queremos, sim, a descriminalização desta prática, que mata milhares de brasileiras todos os anos. Então, antes de seguir na leitura, convido todos para assistir este vídeo diz tudo a respeito do assunto e acaba com a polêmica do pró e contra.
A Maitê Lemos e eu conversamos por muito tempo e, há duas semanas, ela resolveu organizar um LuluzinhaCamp lá em Santa Catarina – de onde acabo de voltar.
Novatas são novatas e eu estava na maior correria por conta de frila. Por isso a Maitê deu uma pequena atropeladinha – coisa de mulher ativa – e abriu as inscrições.
Já já ela estará por aqui contando tudo de próprio punho. Enquanto isso, inscrevam-se e deem as boas-vindas a mais um grupo de mulheres internéticas deste Brasilzão!
As Luluzinhas riram, tiraram sarro, contaram suas histórias. E a Lanika, mulher inteligente que é, mandou muito bem no seu e-mail. Eu falei: publica no teu blog. Ela falou para publicar aqui. Então que seja.
Cara, eu tenho de rir dessas pressões da sociedade.
Quando você é adolescente, te perguntam se você já tem um “namoradinho”.
Quando você namora firme, quando vai casar.
Quando você fica noiva, pra quando é. E se marcar o casamento muito rápido, é porque está grávida. Se demorar para marcar é porque o homem está enrolando ou você não está fazendo algo direito para “fisgá-lo de uma vez”.
Aí você casa. Mal volta da lua de mel, te perguntam quando você vai ter filhos.
Quando você está grávida, te perguntam se você prefere menino ou menina, se já escolheu o nome… e é bom você ter uma opinião formada senão te olham como um alien.
Quando você tem um filho, perguntam se você não quer outro. Quando você responde não, perguntam por que. Essa me incomoda especialmente porque eu SEMPRE tenho de responder que eu não posso ter filhos sem tomar remédio para segurar, que eu já perdi dois bebês e consegui segurar um e tá muito bom. Porra, quem gosta de ser lembrada disso todo santo dia????
Aí você separa. Mesmo que o ex-marido tenha aprontado horrores, quem não sabe da história se pergunta o que você fez de errado para ele se separar de você (mesmo que tenha sido o contrário) e você é a coitadinha que voltou a ficar solteira.
Aí você está solteira, perguntam quando você vai arrumar um namorado.
Você arruma um namorado, perguntam quando vai casar de novo.
Casa de novo, perguntam por que não teve outro filho.
E se você optar por não fazer parte dessa roda viva maluca, dizem que você tem algum problema, é “excêntrica” etc. Mulher separada e solteira por muito tempo está “magoada com a vida depois do primeiro casamento”. Mulher que nunca se casou “tem algum trauma forte com casamento no passado” ou é “sapatão”.
Alguém aí já parou para reparar no machismo extremo de tudo isso aí em cima? Uma mulher só existe e é “respeitável” e “normal” se estiver acompanhada de uma muleta, ops, quer dizer, um caralho, ops, quer dizer, um homem.
No próximo dia 8 de abril, mais conhecido como amanhã, é dia mundial de combate ao câncer. A Olgilvy criou uma campanha bem bacana para empresas e blogs terem uma contribuição mais efetiva neste dia. É a campanha “Doe seu site para o GRAAC“. A agência criou um hotsite, onde você cadastra o(s) seu(s) site(s) e gera um javascript.
A seguir, você coloca o código antes do </header> e, a primeira visita irá direto para a página de doação à campanha – com a opção de voltar para o seu site/blog/página… Eu gostei da campanha e vou instalar, embora tenha certeza que a galera que chegar do Google não vai entender patavina. Mas, convenhamos, eles normalmente não entendem mesmo…
No último sábado, dia 20, mais uma vez as Luluzinhas Paulistanas se reuniram na Cozinha da Matilde. Desta vez, o encontro teve um gosto diferente para mim: mais aconchegante, com mais possibilidade de conversas. Graças ao apoio operacional e organizacional da Letícia Massula, da Juliana D’Alcantara e da Gabi Butcher, eu tenho muito mais paz para organizar e curtir ao mesmo tempo. Nada como compartilhar! Sem câmera fotográfica, tive que contar com o E71 para fazer os registros – não, nenhuma foto bacana. Ainda bem que temos muitas fotógrafas maravilhosas no grupo!
A gente também mudou um tanto o esquema. Juntamos todo mundo no terraço e na pérgola. Nada de espalhar todo mundo pela casa toda. Isso deu mais liga ao encontro – e permitiu conversas um tanto mais consistentes. Começamos por formar uma roda e responder à pergunta que não quer calar “O que nós queremos”. Não vou citar nomes nem conteúdos, quem quiser que publique em seu blog, mas a discussão foi quente e muito bacana.
A partir desta conversa, pegamos nossas bexigas e fomos para o Beco do Grafite (ou Beco do Batman, como preferirem) que fica pertinho da Cozinha, para contar os nossos desejos. Vocês não imaginam a cara de espanto dos vizinhos com a mulherada descendo animada a ladeira. E o rosto dos moços fotógrafos vendo aquele mulherio reunido, enchendo bexigas, rindo, fotografando. E a surpresa das três moças que pararam e criaram uma trilha sonora ao vivo para nosotras. Temos vídeo!
Uma constatação: por que a gente tem que ser politicamente correta para responder uma pergunta que fala de desejos? Todo mundo esqueceu de brincar? Cadê o senso de humor, mulherada?
De volta ao nosso QG, parada para reabastecimento, sorteio e FotoRecado. E, enquanto a mulherada se expressava nas lousas, a Francine tirou o violão da capa e formou-se uma linda roda de cantoria na pérgola. Tudo soltinho, aconchegante, gostoso como deve ser.
Depois que todo mundo foi, restamos eu, Letícia e Denize a conversar. E a grande reflexão para o próximo encontro: vamos deixar de lado as coisas de padaria? Os doces? Vamos produzir uma mesa mais colorida, mais saudável, mais delícia? Sucões, comida fresquinha? O que vocês acham? Não precisamos abrir mão do brigadeiro de Ovomaltine, mas um pouco mais de consciência na produção de nossos quitutes com certeza nos fará atravessar o dia de forma mais leve e divertida.