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Você é feminista?

A palavra “feminismo” ganhou tantas conotações que fica difícil responder a essa pergunta com um simples “sim” ou “não”.

O que feminismo significa pra você?

A palavra “feminismo” ganhou tantas conotações que fica difícil responder a essa pergunta com um simples “sim” ou “não”.

Sou feminista quando isso significa garantir às mulheres o direito de competir no mercado de trabalho em condições de igualdade com os homens. Ainda hoje, mulheres com as mesmas qualificações ganham, em média, 20% menos que os homens, no desempenho de funções idênticas. Isso é justo? Claro que não.

Também sou feminista quando o assunto é dividir as tarefas de casa e a criação dos filhos. A responsabilidade deve ser do casal, especialmente se ambos trabalham fora. O homem chega cansado em casa? Novidade: a mulher também! E ainda tem que ouvir “Querida, estou com fome, cadê meu jantar?” ou “Amor, o Júnior precisa de ajuda no dever de casa, vai lá”. Ora, pílulas! Largue o controle remoto, levante esse traseiro gordo do sofá e vá ajudar sua parceira!

Odeio quando algum engraçadinho atribui o mal-humor de uma mulher “àqueles dias”. Uma ova! Mulheres têm razões tão boas quanto os homens para ficarem irritadas e não precisam da condescendência masculina. A biologia não é culpada pelos males do mundo e, certamente, não é culpada pelos aborrecimentos cotidianos – talvez a culpa seja sua, querido.

Mas-porém-contudo-todavia, estou a léguas de distância de pregar “a igualdade dos sexos”. Não, não somos iguais aos homens! Temos nossas necessidades, fraquezas, preferências – e eles têm as deles.

Não quero ter a obrigação de gostar de futebol, saber tudo sobre carros ou acompanhar o cara na bebida – para isso, ele tem seus amigos, Da mesma forma, não exijo que o sujeito saiba tudo sobre as últimas tendências da moda, goste de passear no shopping ou repare na cor do meu esmalte (mas, se eu cortar quatro palmos de cabelo e ele não notar, reclamo mesmo).

Gosto de ouvir um elogio ao meu vestido, ter a porta do carro aberta para que eu entre e a cadeira do restaurante puxada. Aprecio a gentileza e recuso-me a acreditar que cavalheirismo é coisa do tempo dos nossos avós. Detesto ser protegida como se fosse um bibelô de porcelana, mas vou achar muito estranho se o cara me tratar da mesma forma que trata os amigos do futebol.

Difícil encontrar o meio termo? Na verdade, não. Conheço homens que acertam em cheio. Não precisa ser PhD (mas não tenho a receita do que é necessário – afinal, isso é com eles).

Todo esse papo começou porque me lembrei do site The Feminist eZine. O site informa que contém 1001 links feministas e outros temas interessantes. Entre os tópicos, há títulos instigantes como ciberfeminismo, feminismo doméstico e ecofeminismo. Se você entende a língua do Bardo, vale a pena marcar o site entre os Favoritos do seu navegador ler um artigo ou outro de vez em quando.

E aí? Será que sou feminista? E você, é?

Imagem: quinn.anya.

22 respostas em “Você é feminista?”

Eu acho que não Lu, não somos. Pra mim, pelo menos, “feminista” tem uma cotação bastante negativa – pelo menos no sentido tradicional e histórico da palavra.

Acho o feminismo muito radical, muito exagerado. Muitas, muitas feministas por aí odeiam os homens, e vêem preconceito contra as mulheres em tudo. Vivem numa luta eterna. Eu acho isso um saco.

Igual à você, eu sou do meio termo, do equilíbrio. Acho que esse é o melhor caminho.

DEOSMELIVRE de ser igual a homens… não somos e não podemos ser iguais, uma vez que somos pelo menos mais cheirosas que eles! 😉

Sério agora: agradeço às feministas que queimaram seus sutiãs, porque elas abriram portas pra gente. Mas o gostoso hoje é poder ter direitos trabalhistas e sociais e ao mesmo tempo poder gostar de ter a porta do carro aberta com gentileza. Essa liberdade de escolha do novo século é deliciosa e temos que aproveitá-la com carinho.

Somos femininas, isso sim, Lu!

Beijo

Acho que o grande problema do feminismo é que ele foi tão deturpado pelos meios de comunicação que só sobrou a caricatura. E o horror à caricatura não permite perceber que a maioria das pessoas é feminista no cotidiano. Olha só:

1. Você concorda que uma mulher deve receber o mesmo valor que um homem para realizar o mesmo trabalho?
2. Você concorda que mulheres devem ter direito a votarem e serem votadas?
3. Você concorda que mulheres devem ser as únicas responsáveis pela escolha da profissão, e que essa decisão não pode ser imposta pelo Estado, pela escola nem pela família?
4. Você concorda que mulheres devem receber a mesma educação escolar que os homens?
5. Você concorda que pesquisas médicas devem ser feitas levando em consideração as diferenças biológicas (e principalmente hormonais) entre homens e mulheres?
6. você concorda que mulheres devem ter autonomia para gerir seu dinheiro e seus bens?
7. Você concorda que mulheres devem poder escolher se, e quando, terão filhos?
8. Você concorda que uma mulher não pode ser punida por se recusar a fazer sexo ou a obedecer ao pai ou marido?
9. Você concorda que atividades domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres?
10. Você concorda que cuidar das crianças seja uma obrigação de ambos os pais?

Cada resposta sim significa assumir um ponto de vista feminista.

Já feminilidade é outra coisa, que depende de pressão cultural e dos estereótipos sobre como homens e mulheres devem agir para serem reconhecidos como homens e mulheres. Só que existem mulheres pouco femininas, e existem homens pouco masculinos, e não há nada de mal nisso. Pessoas são diferentes, simples assim. Será um grande dia quando pararmos de tratar pessoas que não se enquadram nos estereótipos como aberração.

E é importante tomar cuidado com as caricaturas. Eu sou feminista mas não saio por aí com rolo de macarrão, aos berros, batendo em quem discorda de mim. Tenho minhas vaidades, adoro cozinhar e fazer tricô. Tenho trabalho, amigos e uma relação amorosa estável. Não sou diferente da maioria das mulheres, apenas meus pontos de vista se identificam com o feminismo.

Se sou feminista? Sei não…
Mas na verdade, pra mim pouco importa. O importante é lutar pelos direitos de igualdade entre homens e mulheres, desde que essa igualdade respeite nossas diferenças. Não quero ser mais que um homem, nem igual a ele. E realmente acho muita prepotência achar que sou melhor.
Quero ser somente mulher.

Embora haja momentos em que ache certos homens abomináveis, penso que não sou feminista, mas acredito que todas temos sim de gritar contra toda atitude preconceituosa. Eu não quero ser homem, nem ser como eles. Mas, atualmente, temos dividido papéis e até assumido os que tradicionalmente cabiam a eles. No meu caso, foi necessidade mesmo. Mas se eu tivesse de escolher, optaria por liberdade e direitos iguais. Com respeito e dignidade para ambos.
beijo, menina

Pra mim, você não é feminista. Não escreveu uma vez a palavra “liberdade” no seu texto.

Feminismo não é o oposto do machismo (machismo é achar que a mulher é inferior, fraca etc.). Feminismo é lutar pela liberdade de a mulher ser o que quiser.

Eu, por exemplo, quero curtir meu futebol, andar na rua sem ser importunada e não querer fazer brotar um filho do meu útero. E todos os dias preciso lutar com atitudes e palavras pra poder garantir essa liberdade.

Sou contra o cavalheirismo porque não sou uma dama. Aceito a gentileza de alguém que abre a porta pra mim, mas me sinto ofendida se eu retribuo a gentileza abrindo a porta para um homem e ele simplesmente se recusa a passar. Abrir a porta é mesmo tão difícil?

Eu sou feminista, sim. Se você concorda com a maioria dos pontos que a Cynthia colocou nos comentários, você também é.

A relutância em se assumir como feminista (por medo de não parecer “feminina”) é a prova de que “os terroristas venceram”. Durante muito tempo, a principal tentativa de desmoralização do feminismo se deu assim, dizendo que feministas “querem ser iguais aos homens”. Não, feministas não querem ser iguais aos homens, só querem ter OPORTUNIDADES iguais e não serem julgadas com outro peso e outra medida pelas escolhas que fazem ao longo da vida.

Por que um grupo de mulheres incomoda tanto?…

Uma coisa que já observei é o fato de que mulheres, sozinhas ou em grupo de amigas, incomodam muito. Sempre tem alguém pra torcer o nariz ou sentir dó, algum homem pra se sentir no direito de conversar ou paquerar (e ficar ofendido com a recusa), a…

Você é feminista?…

No dia 23 de agosto, haverá em São Paulo o Luluzinha Camp (e, se tudo correr bem, eu estarei lá). No blog com preparativos para o evento, tem um post sobre feminismo. Transcrevo aqui uma parte do meu comentário porque considero que ele é uma bela …

Se vocês relerem meu texto, perceberão que ele abrange duas visões de feminismo: a que se refere à igualdade jurídica, econômica e social entre homens e mulheres e a que acredita que mulheres são cópia xerox dos homens, apenas com uma pequena diferença anatômica.

Essa segunda visão, aliás, é a mais popular, graças às mulheres radicais dos anos 60, que jogaram fora sutiãs e batons por considerarem que esses instrumentos simbolizam a opressão masculina. Trata-se de um tipo de feminismo que, na verdade, descamba para o sexismo, igualando-se à misoginia.

Esse feminismo radical, sim, rejeito com todas as minhas forças.

Espero que, agora, eu tenha me feito entender.

Lu Monte, fica bem clara a sua distinção, sim. Só que ela tem alguns probleminhas… um deles é que essa visão de feminismo radical é exagerada (seria como dizer que as propostas do PSTU são as únicas representantes da esquerda brasileira) e só é popular porque foi divulgada à exaustão pelos meios de comunicação para esconder as discussões sobre direitos e barrar a expansão maciça das idéias feministas. Esse radicalismo ficou nos anos 60 (quarenta anos atrás!!!), só que a imagem continua a ser divulgada como forma de diminuir as discussões sobre os reais problemas das mulheres nos dias atuais.

E o que motivou colocar sutiãs e batons no lixo infelizmente vale ainda hoje: diariamente brigamos com a imposição de uma estética feminina única, que desrespeita diferenças, e considera que a aparência da mulher é mais importante do que seu pensamento ou seus atos. Sejam os homens os opressores, seja a pressão social como um todo, ou seja uma “exigência do perfeccionismo feminino (como já ouvi alguém dizer), a opressão estética existe. Uma campanha da dove pela real beleza é feminista. Todas nós colocarmos nos blogs críticas à nova campanha do Boticário é defender um ponto de vista feminista. Por que negar isso? Só porque não somos mais como as mulheres de 40 anos atrás, que faziam ações diretas para mostrar o quanto estavam sendo oprimidas? (e a vida delas era muito pior que a nossa…)

Concordo com tudo que a Cynthia disse.
Sim, eu sou feminista. E não, não quero isso que você chama “igualdade entre os sexos”. e nenhuma feminista que se preze quer essa tal “igualdade entre os sexos”, pelo menos não no sentido que você descreveu.
Gostar de futebol ou gostar de moda, é uma questão cultural! o homem não nasce sendo fanático por um jogo entre flamengo e corinthians, tampouco a mulher nasce querendo se produzir. é tudo uma questão de “criação”, daquilo que os nossos familiares, amigos, e a midia ditam ser “coisas de menino” e “coisas de menina”.
nós, mulheres, somos criadas para sermos bonequinhas, para necessitarmos de uma droga de um elogio quanto a um vestido novo. Somos criadas para sermos sensíveis, educadas, cheirosas, arrumadas… Já o homem, é criado para ser machão, é criado para ser duro, peludo, forte,bruto e, às vezes, cavalheiro.
por isso não concordo com você quando você diz que não podemos exigir igualdade entre os sexos. PODEMOS SIM, e devemos! Somos dominadas desde que nascemos pelo sistema patriarcal, que nos cala e nos oprime. Que nos manda cruzar as pernas ao sentar, nos depilarmos, termos o corpo perfeito. Tudo isso pra quê?
Mulheres e homens têm sim suas diferenças, todavia isso nada tem a ver com a capacidade de gostar ou não de certas coisas. A diferença está na forma com que membros de ambos os sexos são criados.
não estou aqui dizendo que quero assistir a jogos de futebol, beber todas com meus amigos tampouco saber tudo de carros. Só estou dizendo que, se eu quiser fazer isso, eu possa ter a liberdade de fazer, sem preconceitos, sem ter que ouvir milhões de piadinhas machistas ou comentários absurdos de mulheres que precisam ser galanteadas o tempo todo para se sentirem mulheres.

não sejamos marionetes.

penso que sim.acredito na capacidade da mulher elamento pela adesao ao patriarcado da maioria delas.
nao sou radical,porem sinto uma tristeza imensa quando vejo uma mulher sendo julgada por ter cometido erros pelos quais os homens sao aplaudidos.Nao quero direitos iguais apenas equivalentes.
sei que somos todos filhos de deus mas cada umj com suas particularidades.
nao aceito a ideia de que uma mulher nao presta so porque nao tem parceiro fixo. pensem nisso.
quando criticamos as outras estamos tirando odireito de nos mesmas.

Meninas,é uma questão básica:ser ou não ser?Sim,eu sou.E para mim a grande issue é a luta pelos direitos humanos neste país,ao que concerne a saúde e direitos reprodutivos da mulher.Aborto legalizado,creches em número suficiente,ensino público de qualidade,enfim:que as mulheres realmente aprendam à pensar,pois daí saberão discernir as tantas crueldades e injustiças que existem.Temos caminhado uma longa estrada,mas ainda está longe,muito longe uma chegada decente para a maioria de nós.Precisamos mais e mais de mulheres no congresso,no senado,pensadoras,articulistas…Bjs

Tanto eu como o meu marido respondemos “sim, lógico” a todas as perguntas da Cynthia. Ele ficou surpreso quando disse que essas posições o fazem feminista. Ele disse, mas isso não é feminismo, isso é senso comum, é certo e errado.

Pode até ser. Mas que todas as posições são posições feministas pelas quais mulheres do mundo inteiro continuam tendo que lutar todos os dias, isso são.

O triste é ver feminismo relegado como sendo tão negativo quanto o machismo.

Eu acho que sou feminista e nacionalista não sou radical!mas se eu encontrar uma lesbica ou uma feminista radicalista não me daria mal com elas!
nós mulheres somos como a agua capaz de moldar qualquer rocha!não me emporto se as vezes eles nos subestimam. eu adoro aquele olhar de susto!E voces?

Pessoal,
Ando lendo crônicas por aí e me deparei com um site de um cara que se diz poeta,no entanto o que ele escreveu sobre as mulheres me embrulhou o estômago,resolvi então convidá-las a visitar o tal site rubenspoeta.recantodasletras.com.br e lerem o texto os cico sentidos da mulher e que possam exercer seus direitos de ser respeitadas como devem ser.
abraços

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