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Confissões de uma mãe de verdade

O depoimento de verdade da Rose, uma das lindas respostas que tivemos à discussão sobre o novo livro da MM.

Meu nome é Rose, moro no interior de São Paulo. Eu estou sempre na janelinha, pois estou terminando uma série de projetos e tem faltado tempo. Embora atrasada, gostaria de falar a respeito das opiniões da MM e minha experiência. Quando li a reportagem, jurei que ia ignorar, mas é gritante demais pra mim…

Tenho 3 filhas, hoje com 10, 9 e 8 anos.

as filhotas da Rose
as filhotas da Rose

Quando engravidei pela primeira vez, depois de 11 anos de tentativas, tratamentos e abortos, me preparei para o parto. Queria fazer parto na água, tudo ok, tudo bonito, só que a partir do quinto mês comecei a inchar e inchar… Pré eclampsia…quando o bebê estava com 40 semanas, numa consulta de rotina, minha pressão subiu muito… 20 e tantos por sei lá quanto. Só ouvi o médico “sensível” dizer: “cesárea agora senão morre a mãe e a criança”… Eu não captei direito a mensagem, estava pra lá de lá, via tudo escuro, meu marido voou comigo do consultório em frente ao Shopping Iguatemi, em São Paulo, para o São Luiz com a polícia abrindo caminho, pois pra chegar uma ambulância ali, demoraria… Só sei que foi o tempo de anestesiar, cortar e tirar o bebê… Q alivio para todos…

Apgar 9-9-10..

Quando Vitória estava com 7 meses eu planejei engravidar no ano seguinte e surpresa: estava grávida! Desmamei Vitória, fiz pré Natal e marquei cesárea… sim… afinal, quando nascesse o segundo bebê, a cesárea anterior tinha 13 meses e EU não me arriscaria fazer parto normal (pra “ser mãe”) nem que a vaca tossisse achocolatado!!! Então cesárea marcada pra 07/01/2000 e no dia 30/12 às 00:15 rompeu minha bolsa e comecei ter contrações… foi um perereco, tinha acabado de me mudar, a mala da maternidade não estava pronta, meu telefone com defeito, e dá-lhe dor… Morava na perto da Vereador José Diniz, fui levada ao São Luis pelo marido, com o outro bebê no chiqueirinho e todas as parafernálias… e dá-lhe dor… localizaram o médico e fizemos a cesárea.

Apagar 9-10-10…

E, tomando pílula, amamentando, a Bárbara tinha 4 meses e eu estava de novo grávida!!! Ai meu Jesuizinho… Aborto nem pensar… E o medo de morrer???

Passado o susto, curtimos a barriga e cesárea de novo… Desta vez com data e hora marcada: 40 semanas e pronto…

Apgar 10-10-10..

Graças a Deus tive as três, e estamos aqui vivinhas da silva!!!

Sobre depressão Pós Parto:

Na primeira filha, minha vida estava em ordem: tive uma depressão leve, durou pouco, foi mais a queda hormonal. Na segunda filha: o casamento estava quase “no lixo” e a depressão veio brava. Tomei antidepressivos naturais e todos sobrevivemos…Na terceira filha, tive depressão leve, mas sobrevivi.

Minha opinião: depressão pós-parto, todo mundo tem. Leve ou moderada. É um misto de queda hormonal, dores, bebê que chora, etc.

Sobre amamentar: a mais velha mamou até 7 meses, a do meio se recusou mamar após os 4 e a outra eu desmamei aos quatro meses porque minha outra filha teve um problema de saúde e a pequena ficava com a empregada para eu poder correr com as outras para os médicos.

Se eu não mereci amamentar ou não… Amamentei por prazer e enquanto deu… Quando virou obrigação, desmamei… Nem por isso as meninas são traumatizadas…

O saldo disso tudo é: uma mãe feliz (eu) e três meninas saudáveis, normais, equilibradas e ligadas na família…

Então, a tal MM deveria se calar, ter embasamento científico e também se basear em pesquisas antes de “abrir o bocão”… porque se este livro caísse nas minhas mãos há dez anos eu me questionaria…

Sobre trabalhar fora ou cuidar do filho: eu já estava cansada de uma profissão que não escolhi, queria repensar minha vida e o salário não compensava. Saí do trabalho, fiquei em casa “lambendo a cria” , só que com o auxilio de uma empregada e uma babá de dia, outra de noite, porque fui pra PUC estudar.

Muitos anos depois, as meninas cresceram, abri uma empresa e fui trabalhar por conta. Tá certo que às vezes eu quero botar fogo no escritório por conta do excesso de trabalho e outras coisinhas, mas vamos levando…

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Opinião

O que as mulheres querem?

A Luci Cobalcini fez uma pergunta muito simples às Luluzinhas no nosso primeiro encontro – e gravou as respostas em vídeo. Por questões aleatórias, ela só liberou o vídeo hoje – e é um ótimo tema para a gente conversar durante a Campus Party…

No ar: Qual o seu objeto de Desejo?

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Eu venci o câncer!

Fui convidada pela querida Lucia Freitas para contar aqui, a minha história contra o câncer.

Há 3 anos eu estava lendo uma Superinteressante, cuja capa ilustrava as novas descobertas da medicina contra o câncer e recomendava o auto-exame… levei minha mão direita ao meu peito esquerdo e, ao primeiro toque, achei algo do tamanho de uma azeitona dentro dele. Fiquei preocupada, era uma sexta-feira à noite, não dava pra fazer nada, liguei pra uma amiga, enfermeira do pronto socorro do Beneficência Portuguesa, e ela tentou me tranquilizar, e me convenceu a esperar até segunda e ir direto a um mastologista.

Segunda de manhã, consegui um encaixe com um dos melhores do Brasil, Dr Claudio Kemp, que eu já conhecia e era um médico muito querido. Na hora em que ele viu o caroço no ultrassom, já disse: -Ih acho que é…vamos tirar? e eu falei: -Tira já!  Sem nem saber direito as implicações, só queria tirar aquilo do meu corpo.

No mesmo momento em que ele fazia uma punção (enfiou uma agulha pra colher um pouco do líquido e mandar analisar) ele marcava a minha cirurgia. O resultado da punção deu que não somente era câncer, mas um dos tipos mais agressivos do universo…a tristeza foi imensa, quase morri de medo de morrer…pensei na minha filha de 3 anos, que iria crescer órfã e se lembrar vagamente de mim.

Tirei o carocinho assassino e fiquei feliz, fiz uma quadrantectomia (tira-se apenas 1/4 da mama, que era a parte afetada) e o pior, tira-se a axila, para verificar a quantidade de linfonodos atingidos,e que no meu caso estavam absurdamente comprometidos com a doença.

Fui encaminhada à procurar um oncologista, para fazer quimio e rádio,  e como se não bastasse o meu destino, caí no consultório de um imbecil…onde cheguei toda insegura e cheia de dúvidas:

-Dr , o meu cabelo vai cair?

E ele:

– Vai sim, todinho, mas, porque vc está chorando? Teu cabelo nem é bonito.

E eu horrorizada, pois meu cabelo, modéstia à parte era lindo…percebi que ele era cheio de gracinhas…

Arrisquei mais uma pergunta, pois sabia que a quimio, em muitos casos, deixa a mulher infértil e mesmo se não deixar, deve-se esperar 5 anos prá tentar engravidar de novo:

– Vou poder ter mais filhos daqui 5 anos?

E ele, como que indignado com minha pergunta:

– O que vc pensa? Que câncer faz aniversário? Quatro anos e meio não pode e cinco anos e meio pode? NÃO VAI TER FILHO NUNCA MAIS! ALIÁS, PRÁ QUE VC QUER MAIS FILHO? FILHO ENCHE O SACO, EU TENHO 3 VAGABUNDOS EM CASA, QUER UM PRÁ VC? PODE LEVAR.

Pra não sair chutando tudo, e estrangulando o idiota, peguei os pedidos de exames pré-quimio, e fui procurar outro médico.

Achei o melhor oncologista do mundo, Dr Marcelo Aisen, meu salvador e protetor, meu amigo, tão querido que me curou com sua fofice extrema – e quimio é claro…

No início, eu relutei em fazer quimio (com medo e vergonha de ficar careca) e uma amiga minha, a Anete, me convenceu:

-Cabelo cresce!

– Mas eu não quero ficar careca 🙁

– Olha, eu conheço uma mulher que faz peruca com o próprio cabelo, mas precisa do cabelo de duas pessoas prá ficar uma peruca legal…então eu vou raspar o meu careca e vou te dar 🙂

– Tá maluca? Não vai não!

– Vou sim, cabelo cresce!

E no dia seguinte, veio na minha casa careca, toda feliz, com os cabelos embrulhados prá presente.

Quando comecei a quimio, percebi que era tão difícil passar por aquilo, que a queda dos cabelos já não importava mais, nem a falta de um pedaço do seio…Fizemos a peruca, quase não usei, o propósito da minha amiga era me mostrar que cabelo cresce e que ela estava ao meu lado. Usei lencinhos ou ficava careca mesmo, nem me incomodava mais.

Anete e Irene
Irene e Anete

Minha filha dizia, na inocência de seus 3 aninhos: – Mamãe, vc tá linda careca 🙂

O maridão maravilhoso, sempre me dando forças e fazendo de tudo prá me manter confortável e amada.

Foi muito bom ter o apoio deles.

A quimio é difícil, mas PASSA! O cabelo, realmente cresce! E vc percebe que não é tão importante assim.

O seio fica meio estranho, mas prefiro ele assim e estar viva.

Garanto à todos que o pior é a retirada da axila, que detona o braço pro resto da vida, não se pode mais carregar peso, nem fazer esforço, nem machucar, nem nada…só exercícios leves e fisioterapia prá tentar movê-lo normalmente sem dor, dói até prá dirigir. Por conta disso, podemos comprar carro zero hidramático com desconto (alguns acham que é sorte, eu preferia ter o braço são e andar a pé…).

Existe uma estatística curiosa: 80% dos maridos, cuja mulher tem câncer, abandonam a mulher (só 20% permanecem casados) e 100% das mulheres, cujos maridos têm câncer, continuam com os maridos.

E pouca gente sabe que o câncer de mama também pode dar em homens.

Hoje, faço exames periódicos e me sinto cada vez melhor, a filha já tem 6 anos, o marido é o melhor ser humano que já conheci, algumas amizades sumiram, outras se fortaleceram, alguns te olham com pena, outros com felicidade, e receber um sorriso das pessoas, prá mim, é o que existe de mais lindo…

e hoje estou grávida de 7 meses, totalmente curada e pronta pra continuar FELIZ!

Irene.