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Luluzinhas indignadas com a magreza

Excesso de magreza é doença. IMC normal, cabeça para cima, bom senso. E nada de cair no canto da sereia dos estilistas e publicitários!

Hoje é um dia especial. Tudo começou com uma notícia da Folha Online sobre a magreza das modelos nas semanas de moda. As Luluzinhas Gabi Bianco, Ana Paula Marques e Renata Correa não deixaram por menos: foram aos teclados e clamam por razão em meio à loucura. A história da distorção dos corpos atravessa a indústria da moda feminina desde sempre… Me veio, em meio à discussão, uma cena linda do filme Duquesa, em que a personagem diz ao marido: “Desenho meus vestidos porque é a única forma de expressão que tenho”. A história da Duquesa de Lankashire acontece em 1774, com corpetes, anquinhas e muito aperto…

Em 2010, ainda lutamos contra o estereótipo. E sofremos com os editoriais de moda e o bombardeio de imagens que não relutam em usar mulheres-palito para mostrar coleções. No Brasil, para mim, o mais grave é a falta de respeito a qualquer padronização de tamanho. O que é 40 ali é 38 pela ABNT – que, sim, fez uma norma técnica para tentar colocar ordem na gaiola das loucas, mas fala sozinha. E o fato de ser desconsiderado que a maior parte de nossa população é negra ou mulata. E o fato de que existem mulheres de todos os tamanhos, formas e cores. E a reincidente tentativa, principalmente na indústria da moda, de homogeneizar as pessoas.

Nenhum estilista da São Paulo Fecha o Vick (meu apelido especial para o ordálio da moda) pensa em diferença. Eles querem é ganhar dinheiro, criar glamour, enfeitar o mundo. Válido, lindo, tudo certo. Só que no altar da beleza os carneiros sacrificados são meninas. Ao ver as imagens dos esqueletos desfilando – esqueletos são belos, como tudo no humano o é – imaginei o impacto disso nas iniciantes e aspirantes. Ser modelo é uma profissão dura, exigente. E os selecionadores passam dos limites.

Imaginem que esta escriba tem 1,80m e pesa 64 kg depois de muita luta porque estava no limite da anorexia. Sim, eu precisei lutar para engordar e a salvação foram os carboidratos reforçados antes de dormir. Não, não tenham inveja. Comer é uma delícia, uma das melhores coisas na vida. Adoro boa comida, saladas, frutas, legumes, massas, as coisas boas que a Cozinha da Matilde nos oferece. Confesso que não como muita carne, mas é mais preferência pessoal do que qualquer outra crença. Fui educada assim.

Evitar a magreza extrema, promover a saúde e o bem-estar é o objetivo de estar no mundo, de ser bonito, de viver. A vida é dura, sim, e costuma piorar com o tempo. O que será destas moças magérrimas? Bloguemos, então. Falem o que acham do assunto. E pensem: como é que vocês vão construir suas auto-imagens? Olhando para estas modelos ou vendo a si mesmas? Eu vejo, no Luluzinha, mulheres que pensam, que se reúnem, que têm bom gosto e valor suficiente para evitar a vala comum do que é “tendência”. Mulheres que realmente fazem a diferença.

E fazer a diferença, neste caso, significa mandar estas marcas cheias de “valor” caçar sapo na lagoa e ir atrás das marcas que valorizam todos os tamanhos e cores de mulher. #prontofalei!

Aproveitem e assistam à ótima matéria que a TV Vírgula fez sobre o assunto.
Virgula.com

Update

Mais posts sobre o assunto:

8 respostas em “Luluzinhas indignadas com a magreza”

Querida Lulu, concordo em gênero, número e talhe. A única forma da gente combater essa epidemia de magreza é boicotando as marcas que se vendem com o marketing da anorexia. Vamos nessa!

bom lulus!!! vcs me conhecem sou uma mulher daquelas q nao é gorda nem magra. sou pequena! e por isso acho? nao como muito (só de vez em qdo) mas qdo como, escolho coisas gostosas e bem feitas!

ja tentei ser bem magra, mas sofro no regime.
respeito meu biotipo e meu sedentarismo. e ok.

mas eu decidi q ia ser outra coisa na vida q não modelo de passarela….me dedico a um outro mercado.

tem modelos de biotipo esquálido sim, ideal p gosto dos estilistas (é o padrão q acham q as roupas ‘fit’ melhor). eu conheço meninas dessas q comem horrores e são um palito, são modelos felizes. mas tem as infelizes magras (e infelizes gordas…)

as mulheres q sao modelo e optam por manter essa magraza ainda q contra o biotipo e à saúde vislumbram sucesso dinheiro glamour (mtas conseguem e conquistam!!!) ainda q se matando aos poucos.

nao culpo só a indústria da moda, mas responsabilzo tbem elas, modelos q tomam essa decisão e não optam por outro caminho. preferem ficar nesse mundo, nesse sistema.

(aqui to sô palpitando pq anorexia é doenca mto séria, qdo é o caso….)

lov u all

Lú, linda iniciativa!

As pessoas precisam perceber que esta ditadura da magreza fere não só a saúde e a dignidade destas meninas, mas também o direito de todas nós de ser feliz sendo exatamente o que somos!

E agora uma magrela palpitando: OK, tenho 1,64 e uns 42 kg. Não sei ao certo, não gosto de me pesar.
No entanto não sou anoréxica, nem bulímica, nem tenho qualquer outro distúrbio alimentar. Sou saudavelmente, geneticamente magra. sabe, as ‘magras de ruim’..
Me alimento feito qualquer outra. Durante a infância tomei todos os estimulantes de apetite do mundo, fiz exames e descobri que apenas sou magra!
E saibam: engordar é tão difícil quanto emagrecer .
Não gosto da minha magreza, queria umas carninhas a mais.. Tenho grande dificuldade em comprar roupas (sim!!), chamo atenção das pessoas e seus comentários insanos:”eu queria ser magrinha assim, acho tão lindo”.
Não acho lindo, mas algum tempo atrás achava menos lindo ainda (ao ponto de não usar roupas que mostrassem minhas pernas tão finas). Mas já superei essa fase.. dá pra ser magrela estilosa sim!
Agencias de modelo já me chamaram várias vezes (e por nenhum outro motivo senão por causa da minha magreza!!), mas acho que não levo jeito para isso.
E existe um carisma (não achei palavra melhor) muito grande em cima da magreza. Uma valorização tola que gera uma insatisfação geral da mulherada. E ir à banheiro públicos em ver mulheres lindas olhando-se no espelho e reclamando de gordura inexistente é algo preocupante..

Uma vez vi no GNT uma estilista dizer que eles preferem garotas magras por elas lembrarem gabites rsrs.
E lembrando a Gisele Bündchen que é a modelo mais bem paga do mundo não é exatamente um esqueleto, e sim tem um belo corpo.
Acho sinceramente que algumas garotas piram com isso hoje em dia, culpar a industrai da moda apesar de não ser 100% errado também não é de todo justo, afinal o que eles querem é ganhar dinheiro, eles vendem o que as pessoas querem comprar, esse é o principio do capitalismo, se as pessoas percebecem que isso o culto ao corpo tipo esqueleto é errado eles deriam que mudar o produto pois não teria saida.

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