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Blogagem Coletiva Mulher Negra 2012

A Blogagem Coletiva Mulher Negra tem como objetivo aproximar duas datas significativas para o debate feminista a partir de uma perspectiva étnico-racial: o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e o Dia Internacional de Combate À Violência Contra a Mulher (25 de novembro).

A primeira data foi criada na década de 1970 com o objetivo discutir a inserção do negro na sociedade brasileira. Relembra o assassinato do líder Zumbi dos Palmares em 1695 e procura ser uma alternativa à celebração do dia 13 de maio quando se deu a falência definitiva do regime escravocrata sem a construção efetiva da cidadania para a população negra.

Já o dia 25 de novembro de fala sobre o assassinato de três irmãs na República Dominicana. Patria, Minerva e Antonia Mirabal eram integrantes do Las Mariposas, grupo de oposição ao ditador Rafael Trujillo. Alguns anos mais tarde, o 1º Encontro Feminista Latino Americano Caribenho escolheria a data para discutir e combater a violência contra a mulher.

Aproxinar duas datas tão significativas é uma oportunidade ímpar para falar de uma personagem central em ambas as discussões: a mulher negra. Sobre ela recai um véu duplo de preconceito formado por uma combinação potencialmente letal de sexismo e racismo, seja ele velado ou explícito. E justamente por isso, mesmo em meios propícios ao debate, muitas vezes a agenda feminista afrocentrada é deixada em segundo plano. Nossa vontade é dar visibilidade a essa questão nevrálgica.
TEMAS

A Blogagem Coletiva Mulher Negra 2012 discutirá temas como representatividade, consumo, direitos humanos, trabalho, sexualidade e beleza.

Mas será dada especial atenção à discussão dos Direitos Humanos através da representação da mulher negra num momento em que temos a ampliação da participação de atores afrodescendentes – em novelas (com Lado a Lado e a reexibição de A cor do pecado) e minisérries (Suburbia) – ainda que estejamos aquém de um panorama de igualdade.

Sim, a gente está atrasada.
Sim, a culpa é minha. Masssss…
Cintia Costa já fez post luxo no Planejando meu Casamento.
Beth Vieira já mandou bem lá no A Vida Secreta.

O nosso post sai já já… Até dia 25, como combinado.

Corram lá no blog para ler tudo.
A Charô que organizou a história com todo cuidado também fez todos os canais possíveis:
facebook – http://www.facebook.com/blogagemcoletivamulhernegra
twitter – http://twitter.com/bcmulhernegra

E, sim, a hashtag: #BCMulherNegra
Venham, mulheres. Nosso grupo é feito exatamente da diversidade – e nós temos muitas experiências para compartilhar.

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Marcha das Vadias 2012

Muitas Luluzinhas estiveram na Marcha das Vadias do ano passado. Foi muito importante ver tantas mulheres saindo as ruas em várias cidades do país. Porém, é importante que esse movimento não cesse. A violência contra as mulheres ainda é grande em nosso país. O desrespeito e a falta de liberdade também.

De acordo com dados do Mapa da Violência 2012, entre 87 países, o Brasil é o 7º que mais mata mulheres. São 4,4 assassinatos em cada grupo de 100 mil mulheres. A cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil. E a maioria dessa violência é praticada não por estranhos, mas por maridos, namorados e familiares.

Cartaz da Campanha "Feminista por quê?" da Marcha das Vadias do DF. Confira mais fotos no tumblr: feministaporque.tumblr.com

Assassinatos parecem distante de nossa realidade, mas o que dizer da violência diária. Uma mulher sozinha no ponto de ônibus de uma grande cidade constantemente ouve gracejos, vê carros diminuirem a velocidade, é abordada apenas por ser mulher. Sabemos que somos abordadas até quando estamos completamente descabeladas fazendo cooper com camiseta de vereador na rua. Sabemos que nossa roupa não é convite para nada. Podemos sim nos vestir de maneira sensual para ir a uma balada, mas ninguém tem o direito de nos violentar por isso.

Rhanna Diógenes, 19 anos, teve o braço quebrado numa boate em Natal – RN, porque recusou-se a dar um beijo em um rapaz, que pagou a conta e foi embora. Hoje, ela tem duas placas de titânio no antebraço. É muito comum na balada termos nossos cabelos puxados, braços segurados com força por desconhecidos que dizem querer conversar conosco, mas que algumas vezes não aceitam ‘não’ como resposta.

Em Queimadas – PB, cinco mulheres foram estupradas, duas delas assassinadas. Michelle Domingos da Silva, 29 anos e Isabella Jussara Frazão Monteiro, 27 anos, foram mortas porque reconheceram os estupradores. Os criminosos eram amigos e parentes das vítimas. O estupro coletivo foi um presente de aniversário de um irmão para outro.

Além desses casos há a lesbofobia, ahomofobia, a transfobia e o racismo. Sempre que um homem é chamado de “afeminado” o preconceito e a misoginia estão presentes. Lésbicas sofrem com estupros corretivos porque “nunca provaram o que é um homem de verdade”. Transexuais são espancadas e chamadas de aberrações. Negras são xingadas quando trabalham porque ““não deveriam estar lidando com gente, deveriam estar na África, cuidando de orangotangos”.

A violência mostra-se de diferentes formas para todas as mulheres, algumas a sentem muito mais que outras, mas todas podemos ser chamadas de vadias. Basta negar um beijo em uma boate, usar uma saia curta, exprimir nossa sexualidade, ter uma sexualidade diferente da heteronormativa, desejar ser de um sexo diferente do designado ao nascer ou ser de uma raça diferente da branca dominante.

É por isso que marchamos e convidamos você a marchar conosco. Pelo fim da violência contra a mulher e pelo fim da culpabilização das vítimas em casos de violência sexual. Ao nos apropriarmos do termo “vadia” ressignificamos uma palavra que existe para ferir as mulheres. Essa palavra não mais nos ofende, porque se ser vadia é ser livre, então somos todas vadias.

Em 2012, as vadias saem às ruas no dia 26 de maio, numa grande marcha nacional. Confira no Calendário das Marchas ou no Facebook onde e quando será a Marcha das Vadias mais próxima de você.

[+] Carta Manifesto da Marcha das Vadias/DF 2012

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Por Amor à Vida: blogagem coletiva pelas mulheres

gorgone, kaneda99, CC-BY-NC-ND

Aí, no fim do ano passado a fofa da Liss propôs uma blogagem coletiva: Por amor à Vida. Quando li o documento, abracei. Porque a gente vê o tempo todo as forças gigantes que tentam nos transformar em cópias umas das outras.

Não resisto! O texto de apresentação da Liss é tão bonito, que vai aqui:

Entendo por “amor a vida” o respeito ao diferente, o respeito às etnias, as religiões, as variadas formas de pensar, ao direito humano previsto na constituição de ir e vir.

Amor à vida inclui amar a liberdade de ser mulher, de ser você, de ter sua essência e expô-la no mundo da forma que acha melhor.

Amor à vida é cada um viver a sua vida, sem interferir na vida do outro, sem estragar o mundo, maltratar os animais, depredar o meio ambiente, é muito amplo, mas em síntese é: cuidarmos de nossa essência, dos nossos amigos, familiares, dos nossos valores do nosso MUNDO!

Amor à vida é abafar qualquer tipo de violência, julgamento e maldade. Mesmo que isso seja utópico, acredito que que ter amor a vida começa dentro de nós, espalha-se pelo nosso mundo e pode “contaminar” o mundo todo… “Amor a vida” é fazer a nossa parte!

O objetivo desta blogagem:

Disseminar de forma pessoal a cultura de PROTEÇÃO a mulher, a vida e as diferenças humanas.

Divulgar o pensamento de que todas as pessoas têm o direito de preservar sua identidade e seus valores dentro da sociedade de forma que não fira o direito do outro.

Alertar as leitoras do perigo iminente no uso sem restrições da internet, alertar sobre a cultura de violência que se “espalha” e sobre os riscos que existem no nosso dia-a-dia.

A nossa proposta:

Conte uma história, faça uma entrevista, um post de serviço sobre como se proteger em caso de violência. Entre os dias 5 e 9 de março – sim, na semana do Dia da Mulher – vamos falar sobre isso. FAÇA O LINK PARA ESTE POST!!!

E a gente vai completar a história off-line, ao vivo e a cores, no dia 11 de março, com uma proposta de outra querida, a Cecília Santos: caminhada e bicicletada de protesto contra o assédio nas ruas (e segurança da gente na cidade). Que termina com piquenique no Ibirapuera. Estamos todas (as que moram em SP) convidadas.

A gente vai fazer post só sobre a caminhada/bicicletada de protesto, ok?

P.S: para quem quiser, aqui está o selinho da blogagem:
Por Amor à Vida
<a href="https://www.luluzinhacamp.com/por-amor-a-vida-blogagem-coletiva-pelas-mulheres/"><img class="alignnone" title="Por Amor à Vida" src="http://luluzinhacamp.com/wp-content/uploads/2012/03/amoravida_03.png" alt="Eu sou uma Luluzinha!" width="233" height="231" /></a>

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Estupro coletivo não é presente: é crime organizado


Mulheres em choque. Este é o único jeito de descrever as nossas reações ao estupro coletivo que aconteceu na cidade de Queimadas, Paraíba, no dia 12 de fevereiro. Se o mundo ainda não acabou, por favor, encerrem as atividades agora.
A história é sórdida: um estupro coletivo oferecido como presente de aniversário de um irmão para o outro. Os dois irmãos que organizaram o evento teriam simulado um assalto, com a ajuda de outros homens, para violentar as mulheres convidadas, usando capuzes e máscaras de carnaval. Seis mulheres foram agredidas e estupradas. Duas delas, Michele Domingues da Silva (29 anos) e Isabela Pajussara Frazão Monteiro (27 anos), identificaram seus algozes e por isso foram assassinadas.

Michele e a professora Isabela (Foto: Reprodução/TV Paraíba)

Na tarde da quarta-feira (15), os sete homens presos por suspeita de participar dos estupros de seis mulheres e mortes de duas, foram transferidos para o presídio de segurança máxima PB1, localizado em João Pessoa. Além dos sete adultos, há três adolescentes detidos. Eles foram ouvidos e levados para o Lar do Garoto, abrigo provisório localizado na cidade de Lagoa Seca.
Claro que depois de noticiar a história a imprensa não levou a história à frente. Por isso, em conjunto com o Blogueiras Feministas, o LuluzinhaCamp faz questão de convocar: publique um texto em seu blog amanhã, dia 17 de fevereiro, para que esta história não seja esquecida. E para que todas as mulheres vítimas de violência ganhem justiça – e atendimento adequado.
Para saber mais:
Homens teriam planejado estupro coletivo como presente de aniversário na PB
Estupros em festa com duas mortes na PB foram planejados, diz delegada
Sete suspeitos de estupro coletivo chegam a presídio em João Pessoa
A Lola publicou texto também: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2012/02/estupros-como-presente-de-aniversario.html

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Dia Internacional pela eliminação da violência contra as mulheres

A gente está na roda do Blogueiras Feministas, blogando para que a violência contra as mulheres suma da face da terra. O dia é hoje por conta da história das irmãs Mirabal, que a Letícia contou tão lindamente na blogagem que o LuluzinhaCamp organizou em 2009. Aliás, se você gosta de história bem contada, recomendo fortemente a leitura deste último link. Então hoje vocês terão dois posts no LuluzinhaCamp 😉

Os números da violência contra a mulher são chocantes. Sempre. E não caem. Segundo o Portal Violência contra a Mulher, mantido pelo Instituto Patrícia Galvão, mais de 20% das quase 2 milhões de ligações recebidas pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) referem-se a pedidos de informações sobre a Lei Maria da Penha. Uma pesquisa feita pelo Instituto Avon e Ipsos, mostra que 52% das pessoas acham que juízes e policiais desqualificam o problema da violência contra as mulheres.

Enquanto isso, a cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas no Brasil
Este tipo de manifestação é boa, sempre. É preciso falar, denunciar, forçar a polícia a nos atender, fazer que a Lei Maria da Penha seja aplicada. Porque a gente sabe – e não precisa de novela para isso – que denunciar é difícil. A cada 10 ligações, uma é para denunciar violência. Importante: este número diz respeito aos contatos. E quem nunca fala nada? Quantas são? Porque a gente sabe, sim, que muitas mulheres não têm coragem, força e suporte para denunciar seus agressores – que na maioria das vezes é o marido. E, não, não são casamentos recentes, são relações com mais de 10 anos em 40% dos casos.

O que você pode fazer?

Não seja testemunha de violência em silêncio – chegue perto, converse, apoie, vá junto à delegacia, consulte amigos advogados. Evite o comodismo e faça tudo o que puder – com todo o tato e delicadeza do mundo – para romper a corrente da violência.

Seja não violenta – Violência também se expressa em palavras, preconceitos, julgamentos. Um dia a dia gentil sempre é melhor que o mau humor liberado sobre qualquer um sem nenhuma razão.

Eduque seus filhos – principalmente os meninos precisam aprender a respeitar as mulheres, saber que elas são iguais. Faça os filhos homens cuidarem da casa, arrumarem, lavarem – tudo o que você exige da sua filha. Detalhe: não basta mandar fazer, há que praticar. Portanto, trate de colocar el maridón na roda, dividir igualmente as tarefas. [sim, isso aqui é puro sonho no Brasil, mas o fim da violência também é. Portanto, a gente fala. Se uma só família praticar, já tá ótimo]

Informe-se – tudo pode acontecer com todo mundo. Conheça seus direitos, saiba como se defender. Aqui no LuluzinhaCamp mesmo, a gente fez uma série de posts, durante a blogagem de 2009, que podem ajudar. São Google também tem respostas. Há infinitas organizações feministas de confiança. O conhecimento ajuda a enfrentar com mais serenidade a situação – seja com você ou com alguém próximo.

Outras Luluzinhas que também escreveram sobre o assunto:

Ine: eu não fui estuprada

Danielle Cruz – Pelo fim do silêncio

Ana Afonso fez uma chamada para seus leitores
Simone Miletic: Pelo fim da violência contra a mulher

Saiba mais acessando o módulo de Violência Doméstica da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o SESC.

Veja também os dados da pesquisa DataSenado sobre violência doméstica contra as mulheres.