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Agosto? Encruzilhada do ano

Uma outra visão sobre o mês de agosto, esse momento que parece tão difícil – e na verdade é um marco no ano, regido por Hécate e Perséfone, duas deusas muito interessantes.

Estatua de Hécate com três faces

Rolou uma conversa muito bacana num grupo do Telegram (sim, a grande alternativa ao Whatsapp, muito melhor), sobre agosto. Há um peso extra sobre o mês que separa o meio do ano… “Agosto, mês do desgosto” e frases do gênero marcaram as expressões das pessoas pelas redes sociais.

Tudo começou com uma pessoa dizendo “UFA, agosto acabou” e outra retrucando “poxa, mas maio é igualzinho a agosto e ninguém reclama!” (ninguém quem, cara pálida? Eu DETESTO maio, só não falo em voz alta pra não piorar).

Primeiro, tenho várias pessoas queridas que aniversariam em Agosto: Gabi Bianco, Barbara Mendes e Claudia Sardinha, só pra citar as que são aqui do pedaço – desculpas às outras aniversariantes do mês, eu sou cabeção, vocês sabem.

Segundo, a Lanika lembrou que o mês é marcado por duas deusas geniais: Hécate, no dia 13, e Perséfone, a deusa virgem que vive entre dois mundos. São duas representações muito bacanas de facetas do inconsciente feminino que têm muito a nos ensinar.

Agosto é o fim do frio, a festa das luzes. O mês tem este nome por causa do imperador Augusto e é o mês que divide o ano – acabou a primeira parte do ano e o ciclo renasce. O calor volta, as árvores preparam as flores que vão desabrochar em setembro.

Nas palavras de nossa wicca: “Na virada de julho para agosto, tudo o que estava quieto, passivo, dormente com o frio do inverno começa a vir à tona. Aquele equipamento que estava pra quebrar a tempos? Pá. Aquela coisa que você já desconfiava que te deixava levemente desconfortável? Virá. A energia de agosto não é ruim nem boa, é um ciclo.

Serve para encerrar coisas que estavam se arrastando e plantar novas coisas porque, e isso é importante, a luz e o calor estão voltando. É renascimento puro.”

“Essa coisa de mês do cachorro louco é coisa de omi que assusta com o lado escuro da vida”, Lanika Rigues.

Com vocês, anotações das deusas. Que elas ajudem a transformar agosto – e outros momentos obscuros, que vivemos todos os meses – em tempo de luz, sabedoria e autoconhecimento.
Hecate, triuna, desenho de georgi mishev

Hécate, a deusa das encruzilhadas

Uma das “deusas virgens” (que não abrem mão de sua independência pelo casamento), Hécate é a deusa dos três caminhos, que protege os lares, os recém-nascidos e é também a deusa da feitiçaria.

Foi a única dos Titãs originais que manteve seu lugar no Olimpo – era a única, além dele mesmo a poder dar à humanidade qualquer coisa que quisesse. Conhecida como a “deusa da Lua, é uma deusa com três facetas (que aparecem em suas estátuas): terra, mar e céu. Tem o poder de criar ou impedir tempestades – o que a fez a protetora dos pastores e marinheiros.

Hecate foi muitas vezes mostrada com seus cachorros que, como ela, tinham três cabeças, o que lhes confere a visão em todas as direções. Passado, presente e futuro, aliás, estão no seu mito mais conhecido, do Rapto de Perséfone, pois foi ela quem viu o que havia acontecido e contou à mãe da deusa, Deméter.

Além disso, foi Hécate quem apoiou Perséfone em sua vida no Submundo. Hades, grato pela amizade, garantiu à deusa passagem livre e honras no seu domínio – o que aumentou sua reputação como um espírito mágico, com poderes de conjurar sonhos, profecias e fantasmas.

Sua habilidade de ver o outro mundo, dos que dormem e dos mortos, a fez confortável e tolerante na companhia de seres temidos e incompreendidos. Como a Rainha da Noite, Hécate viajava em companhia de fantasmas e outros marginalizados, era reverenciada como a protetora dos oprimidos e dos que viviam às margens. Em Roma, muitos sacerdotes eram escravos libertos para servi-la.

Muitas vezes foi representada com uma coruja, símbolo da sabedoria. Embora não fosse conhecida como a deusa da sabedoria, é reconhecida como uma deusa com um conhecimento especial – tanto que é considerada a deusa da cultura. Sua atenção aos detalhes, clarividência e interesse no que a maioria dos outros desconsidera lhe deu poderes enormes. Ela sabe o que nós não imaginamos.

Conhecida como a deusa da escuridão, foi muito honrada com comida nas encruzilhadas, nas portas das casas. Em geral haviam máscaras com três faces nos cruzamentos e também nas entradas de casas, pra proteger os lares dos espíritos.

Claro que era ela quem protegia as mulheres que viajavam à noite – e também durante o parto, quando era chamada não só para ajudar nas dores e na evolução do trabalho de parto, como também para proteger a criança.

Também era ela quem ajudava os mais velhos a atravessar para a morte e ficava com eles no Submundo para ajuda-los. Afinal, Hecate é a guardiã dos mistérios da terra, seja para chegar ou para sair.

Segundo o site Godess Gift, de onde traduzi tudo isso, Hécate é um lembrete da importância da mudança, de deixar o passado – e principalmente, tudo o que nos impede de crescer e amadurecer – e aceitar as mudanças. Ela nos pede para deixar o que é conhecido, seguro e conhecer os lugares assustadores da alma.

Nestes momentos, Hécate nos ajuda a ver o que estava nas profundezas, escondido ou esquecido, e ajuda a escolher o caminho a seguir. É a deusa que empresta sua luz para te guiar nos seus sonhos ou meditação. É ela quem nos ensina a ser justas e tolerantes com os que são diferentes ou menos afortunados, sem ser “coração de manteiga”, distribuindo justiça de forma igual.

Prestem atenção: Hécate é a Deusa Triuna, sincretizada ao longo da história ocidental com Diana (Ártemis na tradição grega). Basta pensar aí numa entidade de fé mais conhecida, a Santíssima Trindade, pra entender o significado e extensão desta deusa em nosso inconsciente.

Hécate e Perséfone

Segundo os hinos de Homero, foi Hécate quem escutou Perséfone (embora não tenha visto seu raptor) e contou tudo a Deméter. A deusa permaneceu ao lado de Deméter quando foram a Helios (o Sol) pedir ajuda. Também foi ela quem ficou ao lado de Perséfone no Submundo. Quando Perséfone voltou de lá, Hecate se tornou companheira e ministra de Perséfone – a acompanhando, inclusive, durante suas estadias no mundo de Hades.

Quer saber mais?

http://www.theoi.com/Khthonios/Hekate.html

https://en.wikipedia.org/wiki/Hecate

http://www.theoi.com/Cult/HekateCult.html

http://www.raebryant.com/2009/10/09/hekate-hecate/

http://hekatecovenant.com/

https://sites.google.com/site/hellenionstemenos/Home/festivals/hekatesdeipnon

http://www.patheos.com/blogs/allergicpagan/2014/11/14/the-secret-history-of-the-triple-goddess-part-2-the-search-for-the-triple-goddess-of-antiquity/

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